26 dezembro 2012

3. You Make Me Love You - Capítulo 39


Carência


Belieber’s POV

  
Não conseguia calcular o infinito número de danos que aquela briga com Justin estava me causando. Eu estava me sentindo um lixo, por dentro. E, por fora, eu também não parecia muito sã do que estava fazendo. Até agora eu já havia passado o endereço errado para o taxista, feito o Jake esperar e também realizado, provavelmente, um dos piores testes da minha vida. Afinal, eu mal estava conseguindo manter minha atenção no que estava lendo.

    Esperei, enquanto o moreno a minha frente se concentrava no bloco de folhas que antes estava em minha mão. Ele passava as páginas, calmamente, e ia franzindo a testa cada vez mais, à medida que sua caneta vermelha ia passando pelas longas respostas. Eu tinha certeza de que ele estava se perguntando se poderia dar uma nota abaixo de zero.

     Quando ele finalmente pareceu acabar, deslizou o papel pela pequena mesa até parar diante de mim. Embora eu tivesse quase certeza que ainda enfrentava dificuldades para focar minha atenção em leitura, ainda dava para ver o “A” rabiscado no canto superior direito da primeira página. Olhei rapidamente para Jake, um tanto perplexa, mas ele não pareceu se alterar. Na verdade, continuava a me fitar com o que aparentava ser orgulho.

     - Bom trabalho, (Seu Nome)! – parabenizou por fim, enquanto arrumava suas coisas em uma mochila.
     - Ah, é um alívio ouvir isso... – suspirei.
     - Nossa! Eu sou realmente tão chato assim, para você chegar a ficar aliviada por ter se livrado de mim? – perguntou com um tom de brincadeira, embora sua expressão parecesse realmente surpresa.
     - Não... – ri, antes de tomar o último gole da bebida que eu havia escolhido – Mas estudar é cansativo!
     - Discordo! – Jake sorriu de uma forma fofa e eu quase me senti reconfortada por alguém está sendo legal comigo. – Então, eu... Tenho um outro compromisso agora e...
     - Tudo bem! Eu também tenho que ir...
    
     Ele se levantou, se pondo ao meu lado rapidamente e, me ajudou a levantar. Jake era do tipo cavalheiro e eu admirava isso. Ele havia se casado alguns meses atrás – em uma cerimônia maravilhosa – e, a julgar pelo que eu conheço do homem ao meu lado, posso afirmar que a esposa dele é uma mulher de sorte.

      Esperei, enquanto ele conversava algo com o possível gerente do cybercafé e depois se dirigia ao meu lado, antes de me acompanhar até a porta. Seus passos eram curtos com a possível intenção de me acompanhar.

     - Então, quer uma carona para casa? – perguntou, quando já nos encontrávamos fora do estabelecimento.
     - Na verdade, não. Obrigada! – sorri, tentando manter o pingo de simpatia que ainda me restava. – Eu não vou para casa agora. Acho que vou dar uma volta por aí. Mas, de qualquer jeito, obrigada por oferecer!
     - Bom, então... Acho que nos vemos no próximo semestre, certo?
     - Se eu tiver sorte, sim.
     - Se cuida, hein?

      Jake me abraçou de forma meio desajeitada e eu abafei um riso de seu jeito atrapalhado. Em silêncio, observei, enquanto ele se afastava e se dirigia ao seu carro. Não fiquei tempo o suficiente para vê-lo sumindo pela estrada. A última coisa que eu precisava era de alguma cena dramática com a qual eu pudesse fazer uma analogia com a minha vida banal.

      Andei pela calçada na direção oposto daquela que Jake ia. Eu não sabia exatamente estava indo, mas esperava que acabasse chegando a algum lugar. Na verdade, a única coisa que eu não queria era ir para casa. Justin já tinha saído para ir à gravadora há muito tempo, entretanto, Lucas ainda estava lá e ele já havia ficado bem irritado em me ver saindo de casa com uma expressão fria. Eu realmente não queria gerar mais conflitos.

     Percorri ruas, virei esquinas, passei por lojas e outras vitrines. Já passavam das 14h da tarde, quando senti o estômago começar a se manifestar, insatisfeito com a minha fome. Não fazia muito tempo desde que eu deixara Jake, mas já fazia horas que eu não comia absolutamente nada. Eu precisava encontrar um restaurante.

     Eu continuava andando para qualquer lugar, quando um grupo de três adolescentes – formado por duas garotas e um garoto – veio em minha direção, aparentemente, bastante afobados. Suspirei, eu não sabia como lidar com aquilo no momento. Não tinha certeza se conseguiria ser agradável o suficiente e, com certeza, não poderia agir de forma grosseira com mais ninguém – principalmente com eles.

     Felizmente, assim que a garota loira chegou, me abraçando, sem aviso prévio, a insegurança passou. Eu não havia percebido antes, mas ao que parecia aquilo era tudo o que eu estava precisando. Ninguém – tirando meu pai e minha mãe – se importaria comigo o tanto quanto eles se importavam. Respirei fundo, retribuindo o abraço da forma mais apertada e verdadeira possível.

     Quando a loira se afastou, sendo “gentilmente” puxada pela garota ruiva, o menino praticamente pulou em cima de mim. Ele deveria ter a minha idade e parecia um tanto quanto sem graça nessa situação, o que me fez ter vontade de pegá-lo no colo e levar para mim. O moreno pareceu hesitar, antes de me soltar e, então seu rosto deslizou próximo ao meu, enquanto ele sussurrava:

      - Você é perfeita!
      - Não tanto quanto você... – falei, igualmente sem graça.

     Notei a ruiva ao meu lado, parecendo quase frustrada por seus amigos terem passado sua frente várias vezes. Sorri, solidária, antes de virar-me para abraçá-la. Deixei que ela prolongasse o momento por quanto tempo achasse necessário, apenas para compensar sua espera. Seus olhos brilhavam, quando ela pareceu afinal satisfeita e tomou distância.

     Sinceramente, achei que depois disso, eles apenas iriam embora, sem olhar para trás, como alguns costumavam fazer, mas não foi bem assim. Ouvi, pelo menos, mais cinquenta elogios – que deixaram minha autoestima muito feliz –, enquanto autografava um bloquinho decorado. Assim, acabei descobrindo que a ruiva se chamava Ashley; a loira, Melissa; e o garoto, Zac.

     - Gostaria de poder ficar aqui com você para sempre... – falou a ruiva, completamente fofa.

     Sorri, sem saber o que responder. A minha vontade era de dizer um “fica”, com a cara mais fofa que conseguia, mas também não queria parecer carente demais. Assim, nos despedimos carinhosamente e então eles se afastaram, me deixando só com a minha melancolia e pensamentos que me deprimiam.

       Quando eles já estavam a uma distância considerável, me recusei a deixar a sensação boa ir embora junto a eles. Com uma mísera pontinha de esperança – e aparentemente, nenhuma de orgulho – avancei alguns passos na direção para qual eles seguiam, achando que talvez se deixariam comover por minha meiguice forçada.

      - Ei, vocês! – chamei.

      A ruiva foi a primeira a virar, estranhando. Ela parecia confusa e, ao mesmo tempo, feliz. Suspirei, enquanto me aproximava mais, ainda receosa se estava ou não fazendo alguma besteira. Mas, se sim, eu não ligava mais.

     - Alguma coisa errada? – perguntou Zac, quando os alcancei.
     - Não, eu só... – hesitei, tentando achar as palavras certas. – Por acaso, vocês estão fazendo alguma coisa importante agora?
     - Na verdade, não. – respondeu, parecendo um pouco ansioso. – Nós estávamos indo para o cinema, mas nós sequer sabemos que filme queremos ver.
     - Hã... Vocês já almoçaram?
     - Não. – falou Melissa, sem graça. – Nós iríamos a alguma lanchonete, após o filme.
     - Então, algum de vocês gostaria de me acompanhar a um restaurante?

     Houve um rápido silêncio entre nós. Os três amigos se entreolharam, parecendo incrédulos. Nesse exato momento, me senti nervosa. Eu não queria receber um “não”. Aliás, a última coisa que eu queria era ficar sozinha. Sim, eu estava mais carente do que queria admitir para mim mesma.

      - Você está brincando, não é? – indagou Ashley.
      - É uma pegadinha, não é? Tem câmeras por aqui... – concluiu Zac.
      - Você não pode estar falando sério. Quero dizer, por que nós? – Melissa mordeu o lábio inferior, quase pulado de animação.
      - Não, eu não estou brincando. Não há câmeras aqui. E, sim, eu estou falando sério. Eu só não gosto de almoçar sozinha e, bom, que companhia seria melhor que a de vocês? – sorri, enquanto falava, satisfeita por ter conseguido um possível “sim”. – Então, vocês sabem onde tem algum restaurante por aqui? Porque, sinceramente, eu não faço ideia!

      Não precisei falar duas vezes e, logo, eles já estavam me guiando pela rua, levando-me a algum lugar que eu desconhecia. Todos pareciam bastante animados, simplesmente por estarem ao meu lado e, para falar a verdade, isso era a única coisa que estava me deixando animada também.

       Após percorrermos mais duas ruas, chegamos a um restaurante de letreiro neutro e simples, que me agradou simplesmente pelo caráter discreto. Ainda assim, logo que entrei, atendentes se prontificaram a vir ao meu encontro, embora parecessem um pouco atrapalhadas e surpresas demais. Tive uma pequena certeza de que não era comum receber pessoas “como eu” – não que eu devesse ser considerada especial, por algum motivo.

     Sentamos em uma mesa qualquer e olhamos os cardápios, enquanto o nosso garçom parecia do tipo prestativo demais. Felizmente, seu incentivo e agilidade ao nos atender, fez com que os meus acompanhantes escolhessem o prato mais depressa. Eu já tinha em mente o que queria comer, mas os três pareciam ter dificuldade de ser concentrar na lista de refeições oferecidas.

       Nossos pratos chegaram rápido, o que me poupou bastante constrangimento. Eles pareciam muito mais falantes do que eu e, na maioria das vezes, não sabia como corresponder isso e acabava por ficar sem graça sempre que tinha que responder algo. Assim, conversar, enquanto comia parecia milhares de vezes melhor, já que eu não precisava ceder informações sempre e podia fazer uma pausa, fingindo estar mastigando. Em geral, estava tudo indo muito bem. A conversa conseguia me distrair de tudo. Ou quase.

        - E o Justin, (Seu Nome)? – perguntou Melissa, despretensiosa.
        - Hã... Ele está bem! – gaguejei algumas vezes e senti vontade de me esconder. – Vocês são beliebers também?
        - Só ela! – a loira apontou para Ashley.
        - Isso porque a Mel é cega demais para ver o quanto o Justin é perfeito! – completou, empolgada.
        - Para mim, o Justin é apenas mais um imbecil! – Zac se intrometeu, pouco satisfeito.
        - Por quê? –franzi o cenho, involuntariamente. – Você é algum tipo de hater ou coisa assim?
        - Não, mas... Se o Justin não existisse, você não teria namorado e, então, eu poderia manter a ilusão de que eu tenho alguma chance. – explicou, rindo.

       “Bom, se ele não existisse, acho que nem estaria aqui...”, pensei, sentindo-me culpada por um minuto.
 
       - Se você quer saber – me forcei a manter um sorriso, apesar dos meus pensamentos desnecessários, - eu provavelmente sou mais sua do que dele!

      Zac sorriu, satisfeito e, eu tentei fazer o mesmo, mas já não estava tão disposta assim. Pedi para o garçom trazer a conta, assim que acabamos e paguei tudo com um cartão de crédito qualquer. Infelizmente, eu ainda podia ver a expressão de desapontamento no rosto de cada um, enquanto nos preparávamos para ir embora do estabelecimento.

      - Então... Eu não sei como pedir isso depois de tudo que você já fez, mas será que nós poderíamos – Ashley parecia mais sem jeito do que de costume – tirar uma foto?
      - Você está brincando? – perguntei, me esforçando para não rir de seu rosto vermelho de vergonha. – Quem vai ser o primeiro?

     Eles disputaram um pouco, mas no fim, chegaram a um consenso. Tirei mais de uma foto com cada um: sorrindo, fazendo careta, beijando o rosto, entre outras. Assim, quando os cliques acabaram, eles me abraçaram em conjunto, antes de se despedirem definitivamente. Embora, eu devesse ficar triste, senti uma leve pontada de alívio, apenas porque eu poderia agir como idiota, sem precisar expor esse meu lado ridículo para ninguém.

    A simples verdade era que eu estava me sentindo bastante estúpida em relação à Justin. Mas isso não significava que eu queria ver o meu orgulho descendo pelo ralo. Embora nossa discussão não fosse de conhecimento geral, a foto ridícula da noite passada, era. Por conta disso, quase me escondi no meio da rua, enquanto digitava o número do meu possível ex no celular, com a paranoia absurda de que alguém estava me observando – o que poderia ser verdade.

    Continuei andando pela beirada da calçada, esperando que passasse algum táxi, mas não estava tendo sorte. A ligação continuava sem ser atendida e eu me perguntei se ele ainda estaria na gravadora. Já eram quase quatro horas e, supostamente, hoje era o último dia, não podia demorar tanto assim. A menos, claro, que ele estivesse com... Ela.

    Um táxi parou próximo a mim, enquanto eu tentava ligar pela segunda vez. Estava cedendo o endereço ao taxista, quando uma voz diferente ecoou no meu ouvido em que eu havia posicionado o celular.

     - Oi, (Seu Nome)! – era uma voz bem mais feminina e calma do que a que eu estava esperando.
     - Hã... Oi! Selena? – perguntei, tentando não parecer exaltada.
     - Sim, sou eu. – falou, com a maior naturalidade do mundo, como se estivesse usando seu próprio celular. – O Justin está dirigindo, então eu atendi. Nós já estamos quase chegando e ele disse que quando chegasse em casa, te ligaria, ok?
     - Tudo bem. Obrigada!

     Não esperei resposta. Eu não podia mais continuar segurando aquele celular, resistindo à intensa vontade de amassá-lo e depois jogá-lo pela janela. Então, agora, ele estava levando a namoradinha para casa dele. Bem, acho que estamos em uma prova de resistência: “Por quanto tempo eu posso aguentar isso, sem bater em ninguém?”. Que os jogos comecem!   

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Capítulo 39, amoras :)

  Seguinte, gatinhas, eu falei que iria postar outro capítulo hoje, mas... Eu escrevi, só que ficou tão mais ou menos, que eu prefiro endireitar e postar algo mais decente amanhã, ok?
  Paciência e boa noite!
  Espero que tenham gostado!

(A imagem do post é da harry's pygmy puff)

4 comentários:

  1. Primeiro: EMMA SUA LINDA \o/ PERFEITA.

    Ok parei kk' o cap. Ta perfeito quase joguei o meu pc pela janela quando a Selena atendeu o celular :s kk' ta muito legal sério continuaaa *-*

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  2. Juh, desculpa não ter comentado no anterior, mas fiquei tão entretida no fmf que esqueci. E hoje, voce sabe que não tô com clima pra nada, mas lógico que vim comentar.
    O capitulo ta ótimo amiga, e morri com "que os jogos comecem". Vice não tem mais o que inventar né? Kkkkk posta logo o outro. Beijos, luh!

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  3. ai meu deus, que capitulo perfeito *-* e cara, que fãs fofos :3 Zac, me beija u_u hahah E CARA, QUE JUSTIN PUTOOOO! U_U ele tá brigado com a (SeuNome) e ainda deixa a Celina atender o celular, ah mais vai cagar no mato! .-.
    Enfim, o capitulo tá perfeito! continua logo ! bjs :) @it_Stephanie_

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