27 fevereiro 2013

3. You Make Me Love You - Capítulo 59 (Final)




Funeral de memórias

Música do capítulo: Last Kiss - Taylor Swift                                                                                                                     (3 semanas depois...)

Belieber's POV
  
As últimas semanas pareceram se arrastar, com cada dia aparentando ser composto por cem horas. Infelizmente, Justin não mostrava nem um tipo de melhora em seu quadro. A única coisa que mudara drasticamente durante esse tempo fora a rotina no hospital. Agora, eu era obrigada a fazer um breve revezamento entre o quarto de Justin, a sala de espera e uma estúpida suíte em um hotel qualquer perto dali. Eu não gostava disso, mas Pattie estava sempre preocupada comigo o bastante para se certificar de que eu estava descansada e alimentada – o episódio do desmaio havia deixado muita gente assustada.

   Assim, incapaz de seguir todos esses critérios como deveria, eu apenas enrolava na maioria das vezes. Saia do hospital, somente após chegar ao limite e, então, seguia para o hotel perto dali, tomava um banho e vestia outra roupa – essas haviam sido compradas por Lucas, a pedidos de Scooter, em uma loja perto dali, já que eu me recusava a sair dos limites daquele quarteirão. Eu também tentara escapar da comida algumas vezes, mas sempre que eu passava pela porta do hotel para o meu quarto, vinha um funcionário com uma bandeja, trazendo a refeição propícia, como serviço de quarto. Eu não sabia quem havia estipulado isso para mim, mas definitivamente não me agradava ter que enfiar qualquer tipo de alimento em minha boca e me obrigar a engolir.

   Durante o tempo em que eu ficava no hotel, algumas poucas vezes, eu conseguia pegar no sono, mas era rápido. Quase sempre que meus olhos se fechavam, eu tinha o mesmo sonho relacionado com o estado de saúde de Justin piorando no hospital. Obviamente, eu acordava depressa e corria para voltar para perto dele o mais rápido possível. O meu recorde de sono contínuo era de quatro horas. Em outras palavras, eu estava completamente acabada, tanto física como emocionalmente.            
       
   O movimento no hospital também havia mudado bastante nos últimos dias. Scooter, por exemplo, não pudera mais ficar em tempo integral, tendo milhares de outras coisas que requeriam sua atenção e sem conseguir desmarcar todas. Mas ele sempre dava um jeito de se encontrar presente periodicamente. Assim como ele, Lucas também já não estava mais lá. Apesar da sua relutância em me deixar ali, sabendo como eu estava, tive que insistir para que ele voltasse para o colégio. Eu tinha consciência de que ter de me ver daquele jeito não era bom para ele e, mais que isso, ficar ali, perdendo as tantas aulas que estavam acontecendo em seu colégio no país vizinho, não lhe faria bem, no futuro.

   Além disso, diversas outras pessoas também passaram por ali, durante aquelas semanas. A maioria eu conhecia, o que não eu não considerava tão bom assim. Eles sempre se prestavam a vir falar comigo e com Pattie, o que me obrigava a dissimular um otimismo ridículo e um meio sorriso consolado falso, enquanto meu rosto permanecia completamente inchado. Porém, oposto a esses, passaram por ali também, pessoas que eu me recordava de ter visto uma vez ou outra e não tinha qualquer tipo de intimidade. Era mais fácil lidar com esses, já que na maioria das vezes, eu apenas precisava cumprimentá-los brevemente sem qualquer expressão falsa, e, logo, eles dirigiam sua atenção a algo mais interessante que a jovem com aparência de mendiga atropelada.

   A única visita não passageira fora a de Jeremy. Ele havia chegado um pouco mais tarde do que esperávamos, devido a um atraso no voo, mas após chegar era realmente raro vê-lo sair dali para qualquer coisa. Eu quase nunca tivera a oportunidade de ver meu sogro agindo como pai – o que era uma pena, na verdade, pois eu apostava que ele fazia um bom trabalho como tal, com Jazzy e Jaxon –, mas os últimos dias valiam por todas as chances perdidas.

   Era incrivelmente perceptível o quão doloroso era para ele ter que deixar o quarto de Justin, todas as vezes que era necessário. Embora Jeremy não tivesse a intenção de monopolizar aquilo, eu acabava me sentindo mal sempre que nos revezávamos no cômodo. Parecia que eu estava lhe privando de mais alguns momentos com o filho. Mas apesar de toda essa situação horrível, ele não se afastara dali de jeito nenhum. Assim, meu querido sogro também estava presente naquela tarde incomum...

   O dia havia transcorrido como todos os outros, durante o período da manhã. Até o usual momento em que uma enfermeira pediu que eu me retirasse do quarto para que ela pudesse trocar o soro. Eu já estava começando a me acostumar com essa rotina, porém nunca ficava mais fácil ter que sair dali, pelo contrário, cada vez parecia pior. Sem muitas alternativas, como sempre, me retirei do quarto, após dar um beijo em Justin e retornei ao corredor, que nos últimos dias, já quase aparentavam ser parte do meu lar.

   Não me prontifiquei a esperar a saída da enfermeira ali, já que era a hora de dar uma chance a Pattie, considerando o fato de que ela me concedera a manhã inteira com seu filho. Assim, segui novamente para a sala de espera, para onde era sempre um sofrimento retornar. Aquelas cadeiras já estavam de tornando desagradáveis e torturantes, à medida que os dias passavam e mais tempo eu tinha que permanecer sentada sobre elas. Ou, talvez, eu estivesse culpando objetos inanimados por toda a pressão de mudanças que nunca aconteciam.

   Ao finalmente chegar ao lugar que tinha em mente, notei a ausência dos dois adultos que eu esperava estarem ali. Deduzi pela indicação das horas no relógio enorme na parede da sala, que Jeremy deveria ter levado Pattie para almoçar. Era a única coisa que eu conseguia pensar, já que ele também sempre garantia um tempo para dirigir um pouco de sua preocupação a nós. Assim, o que me restava era aguardar, sem poder retornar ao quarto, pois a ideia de ter que ultrapassar a dor de deixá-lo mais uma vez tão rapidamente não parecia tão agradável.

   Perguntei-me quanto tempo mais aquilo duraria. Será que essas semanas, dias e horas infinitas não acabariam nunca? Será que esse sofrimento, essa angústia duraria para sempre? Por quanto tempo mais eu teria que suportar ver meu bebê daquele jeito horrível? Por quanto tempo mais eu teria que aguentar aquilo, sustentando esperanças sem fundamentos, enquanto tentava não desistir de tudo?

   Antes mesmo que eu pudesse terminar meus questionamentos, notei a porta principal do hospital se abrir e, então, um casal entrou em um passo constante. Eles pareciam conversar casualmente, mas a expressão em ambos os rostos não conduzia com o caráter de algum tipo de assunto simplório. Aparentemente, Pattie havia sido a primeira a notar que eu agora permanecia sentada em silêncio na sala de espera, o que significava que o quarto estava completamente disponível para os dois. A morena apertou o passo para chegar a mim mais rapidamente, enquanto Jeremy seguia um pouco atrás.

   - (Seu nome)... – começou ela, diante de mim.
   - Pode ir em frente! – interrompi, tentando forçar um sorriso, mas sem muito sucesso – Ele é todo seu.

   Pattie assentiu devagar, antes de pedir licença educadamente. Ela tocou o braço de Jeremy, levando-o pelo corredor em que mais transitáramos nos últimos dias. Os dois ainda continuavam a passos largos, quase correndo, tomados pela ansiedade, enquanto eu observava, calada. Era estranho vê-los assim tão ligados por um mesmo sentimento em determinada situação e pensar que eles não estavam juntos há tanto, tanto tempo, embora atualmente isso não passe de mais uma casualidade.

   Mesmo após a sombra deles sumirem em outro corredor, me esforcei para continuar mantendo minha mente distraída com algo tão simples. Imaginei um final alternativo para os dois, onde eles fossem um casal de jovens adultos apaixonados e pudessem terminar com um final feliz e clichê. Mas era ridículo perder tempo pensando em algo como aquilo, até porque se eu não tivesse a estúpida idealização de felizes para sempre ou vida perfeita, talvez, eu não estivesse tendo que suportar uma dor tão forte agora, enquanto via todo o meu castelo de areia ser destruído por um maremoto.

   Suspirei, me esforçando para guardar todo aquele sentimento doloroso dentro de mim e trancá-lo em uma caixa com algum tipo de cadeado emocional. Era incrivelmente masoquista o que eu estava fazendo, mas parecia inevitável. Já era para eu estar mais do que acostumada de ter que passar todo o meu tempo livre sozinha me torturando com um pensamento mais melancólico do que o do dia anterior. Aparentemente, o sofrimento deveria ser algo muito seguro para mim.

   Me levantei, desnorteada. Estava cansada de ficar naquele hospital. Não cansada no sentido literal da palavra, mas eu sentia como se precisasse sair dali, antes que me afogasse mais em mim mesma. O hotel foi o primeiro lugar que me ocorreu, mas também não era muito reconfortante lá. Para falar a verdade, não fazia muita diferença. Os dois lugares eram preenchidos com pessoas que não me dariam a atenção que eu necessitava e só me tratariam como mais uma cliente ou perambulante. Eles faziam os meus problemas parecerem tão exclusivamente meus, que meu coração se apertava devagar.

   Antes que eu pudesse me dirigir à saída, a sombra dupla no corredor apareceu novamente. Meu discreto desespero, de alguma forma, me deixava mais sagaz em algumas situações, de modo que pude reconhecer rapidamente Jeremy e Pattie voltando pelo mesmo caminho. Havia tão pouco tempo que eles haviam saído de perto de mim, que era óbvio e ululante que algo estava errado.

   Congelei minha expressão facial em algo mais sereno, com todo o esforço possível, antes de retornar ao meu lugar na cadeira. Paciente, esperei até que meus sogros percorressem todo o caminho até onde eu estava, fingindo uma indiferença que não era minha. Eu sabia que se eles notassem meu pânico, tentariam amenizar qualquer notícia assustadora que os fizera voltar. Não podia culpá-los. Afinal, eles não faziam isso por mal, era apenas um mecanismo – em nada funcional – para proteger pessoas mais jovens, como eu, de algo que pudesse magoar.
   - O que houve? – perguntei, quando eles já estavam próximos o suficiente.
   - Não sabemos... – respondeu Pattie – Uma enfermeira que saia do quarto pediu para que não entrássemos, porque alguns exames estavam sendo feitos.
   - A essa hora?

   A morena não tinha uma resposta para minha pergunta, então apenas se sentou, junto a Jeremy, em completo silêncio. Respirei fundo, buscando algum sentido em tudo aquilo, mas não havia, pelo menos, eu não conseguia enxergar nenhum e, aparentemente, não era a única. Aas duas pessoas ao meu lado permaneciam com expressões tão confusas quanto a minha. Era claro que não era uma armadilha mental dessa vez, eu realmente tinha motivos para ficar preocupada com a situação incomum.

   Tentei manter a calma, imaginando que fosse apenas uma mudança na rotina, que passaria a se seguir desse modo agora. Mas o autocontrole não foi o bastante, quando passou a primeira hora desde que eu tinha deixado Justin. Assim, a tortura se reiniciara novamente. Algum tipo de jogos mortais da vida real estava acontecendo ali, enquanto uma equipe de médicos brincava conosco inconscientemente por longas e longas semanas. Mas, diferente da versão mais macabra em filme, aquilo não tinha um fim. Ou se tivesse, talvez ele estivesse mais próximo do que eu gostaria.

   Mais duas horas se passaram. Jeremy já estava andando em círculos pelo espaço fazia quinze minutos e seu movimento contínuo de ansiedade só me fazia ficar mais nervosa, quando meu coração bateu tão forte que me proporcionou uma real dor física. Pelo que eu aprendera nas últimas semanas, aquilo poderia significar que o pior ainda chegaria. Parecia ilusório, mas eu realmente estava desenvolvendo algum tipo de sensibilidade diante do que ocorria a minha volta. Corri os olhos pelo local, buscando vestígios de que eu estivesse certa em relação ao meu pressentimento.

   Ao longe, algo me chamou atenção. Dois médicos altos e jovens caminhavam pelo mesmo corredor habitual, parecendo debaterem sobre algo que ia além do conhecimento de todos. Na verdade, aquela seria uma cena como outra qualquer em meio aquele ambiente, podendo até passar despercebida, se não fosse por um único detalhe. Um dos homens era bonito, moreno e incrivelmente familiar. O mesmo rapaz que havia nos dado a dura notícia de que Justin estava em coma, há algumas semanas.

   Pelo canto do olho – tentando ser mais discreta do que da última vez –, observei enquanto o homem desconhecido dava de ombros para algo que lhe havia sido dito, antes de mudar seu caminho, seguindo até a recepção. Ao contrário deste, o moreno continuou andando em nossa direção, ao mesmo tempo em que examinava uma prancheta que estava carregando. Sua expressão estava ligeiramente mais suave e tranquila do que a última vez que eu a tinha visto.

   Suspirei, reagindo a aproximação pausada. Já podia sentir distintamente o sangue em minhas veias ardendo, enquanto levava para todo o meu corpo, uma onda de ansiedade. Aquele estado de alerta no qual eu já estava, podia muito bem me ajudar a me preparar para qualquer coisa que estivesse prestes a ser dita, mas não tive todo o tempo que eu realmente necessitava.

   - Boa tarde! – cumprimentou o médico, já diante de nós.
   - Doutor Alves! – Pattie se levantou em um sobressalto. – O que aconteceu? Como está o meu filho?
   - Pode ficar tranquila, senhorita Mallette! – tranquilizou ele, com um pequeno sorriso se formando no canto dos lábios – Nós tivemos um enorme avanço com seu filho, hoje.

   “Nós tivemos um enorme avanço”. Tentei traduzir essa frase sem qualquer gota de eufemismo. Avanço significava algum tipo de progresso. Justin estava em coma. Logo, o seu quadro havia piorado. Algo pior do que um coma estava se passando naquele quarto. Morte. Em outras palavras, Justin estava morto!

   - O que aconteceu? – repetiu Jeremy, cego pela esperança de boas notícias.
   - Hoje, mais cedo, quando a enfermeira entrou no quarto para trocar o soro, houve uma pequena reação, bastante inesperada, na verdade, já que se tratava de um processo rotineiro. Assim, nós mantemos Justin em observação por alguns minutos e... Bem, seu filho está completamente consciente agora. Ele saiu do coma!

   Pensei ter visto o olhar de Pattie se iluminar imediatamente, mas não estava bem o suficiente para enxergar com clareza, então ignorei a imagem que meu cérebro indicava que eu estava vendo. A única coisa que passava pela minha cabeça era absolutamente nada. Meu coração simplesmente batia tão intensamente rápido – de uma maneira que nunca tinha acontecido antes – que por mais que eu me esforçasse para acalmá-lo, parecia impossível. Eu nem conseguia ter algum tipo de reação, ou mesmo, acreditar no que estava ouvindo. Era bom demais para não ser um sonho...

   - ... acontecer! – peguei a fala da minha sogra pela metade, quando afinal consegui me concentrar em algo que estivesse acontecendo no meio externo. – Então, nós podemos vê-lo agora?
   - Hã... Claro que sim, mas... – havia uma leve hesitação na voz do médico.

   Esperei, insegura. Afinal, não tinha qualquer motivo que pudesse fazer com que uma notícia como aquela precisasse de um “mas...”. A essa altura do campeonato, não podia mais haver controvérsias quanto o estado de saúde de Justin. Não podia mais haver “porém” ou “talvez”. Eu não queria uma boa notícia com algumas condições. Eu queria a verdade. Eu precisava de certezas. Certeza de saber que aquele sofrimento, por fim, acabaria.
   - Eu acompanho vocês até lá! – sugeriu o moreno, me fazendo ter certeza de que ele queria ganhar tempo.

   Dessa vez, eu não hesitei ou pedi espaço. Pelo contrário, me levantei no mesmo segundo em que Pattie e Jeremy, antes de abraçar, suavemente, de lado a primeira, enquanto caminhávamos, seguindo o mesmo trajeto até o quarto de Justin. Não era comum, mas eu estava mais ansiosa do que nunca para chegar lá. Queria me separar do grupo e tomar a dianteira, correndo o mais rápido que meus pés permitiam, até o encontro de meu bebê. Provavelmente – devido ao meu estado mental suspeito – seria o que eu faria, se ainda não tivesse a consciência de que a conversa com o médico não tinha terminado.

   - Bom, nós estivemos realizando alguns exames nas últimas horas, desde que ele recuperou a consciência. É um processo de verificação para certificar-se de que o paciente está bem de saúde, mesmo após esse período... – recomeçou Alves, parecendo ainda receoso.
   - E... Ele está completamente bem, não é? – arriscou Pattie. – Nada mais lhe aconteceu?
   - Bem... Não. – concordou ele, sem jeito – Mas... O apoio de vocês será muito importante nos próximos dias!
   - O que você quer dizer com isso? – perguntou Jeremy, sem se deixar levar pela clara e patética protelação alheia.

   Houve um silêncio, que durou mais do que era realmente necessário. Por um tempo que parece infinitamente longo, a única coisa que se ouviu foi o barulho constante de nossos passos no chão do hospital. Desejei poder encarar aquele tal doutor Alves até ele se sentir intimidada por mim, mas meu senso de educação falou mais alto e eu continuei a fitar o solo, com a consciência de que o profissional ao nosso lado estava receoso o bastante ao ter que dizer algo que pudesse não ser tão agradável assim.

   - Hã... Justin desenvolveu um quadro de amnésia retrógada. – disparou ele, suspirando. – Ele não se lembra de nada anterior ao acidente. Absolutamente. A única coisa que ele sabe é que se chama Justin.
   - Mas... Fora isso, ele está bem? – indagou Pattie, demorando-se nas palavras, enquanto parecia bastante desnorteada.
   - É... Sim. – concordou o moreno – Esses casos podem ser bastante passageiros, dependendo do qual grande foi o trauma na região. Ainda assim, é comum pessoas buscarem ajuda de psicólogos, mas eu não acho recomendado, pelo menos, por enquanto. O mais importante agora é o contato com a família e os amigos, embora vocês não devam exigir demais dele nos primeiros dias. Cada pessoa tem seu tempo. Mas se realmente nada adiantar em algumas semanas, talvez vocês devam procurar ajuda profissional!

   Pattie e Jeremy assentiam, ao mesmo tempo, enquanto escutavam o médico. Eu estava mais perdida em suas palavras. Sinceramente, ouvir isso me assustou – não tanto quanto os últimos dias haviam me apavorado, mas de um jeito mais particular. Eu nunca tinha lidado com alguma pessoa que passasse por isso e eu não tinha ideia de como eu deveria agir diante de tal alegação. Era claro que mesmo essa situação era melhor do que ter que observar Justin inconsciente em uma cama de hospital, mas ainda assim, me senti despreparada para lidar com ele, agora. Afinal, o que eu sabia sobre isso? Ou melhor, o que eu sabia sobre tudo o que estava acontecendo?

   Chegamos à porta do quarto de Justin mais cedo do que eu esperava. Por um momento, senti toda a insegurança que me atingira na primeira vez que havia entrado ali. O mesmo desejo de correr e me esconder da realidade. O mesmo frio na barriga – e dessa vez, não era porque ela estava vazia – e o arrepio na pele. Engoli em seco, tentando obrigar meu corpo a se controlar.

   - Bom, acho que devo deixá-los sozinho agora! – observou o médico, abrindo a porta do quarto suavemente.

   Alves não chegou a entrar, apenas esperou que nos o fizéssemos e, em seguida, chamou a enfermeira que estava a fazer companhia a Justin. A moça se surpreendeu com o chamado tão mais cedo do que ela esperava e sorriu suavemente para o meu namorado, antes de caminhar apressada até a porta. Houve um pedido de licença baixa e, então, a porta se fechou ruidosa, atrás de nós.

   Fiquei parada ali, perto da saída mais próxima, observando meus sogros que se aproximavam de seu filho, com expressões admiravelmente radiantes. Quis ter essa coragem toda de avançar até a cama, mas não era tão simples quanto deveria ser. Eu me sentia completamente chocada, congelada ali no chão. Eu não sei se isso fora causado pelo modo como a cena que eu estava vendo me atingiu ou porque ficar mais perto da porta era um jeito fácil de fugir, caso necessário. E, eu estava achando que seria.

   Independente do meu jeito covarde, não pude deixar de perder a naturalidade, diante daquela situação. Justin estava ali, parecendo completamente ele, sentando na cama, brincando com os próprios dedos. Seus olhos pareciam tão brilhantes e encantadores como antes, porém com algum de magia por estarem abertos novamente, depois de tanto tempo na escuridão. Minha visão do ambiente apenas melhorou, quando Pattie e Jeremy se sentaram na cama também, cada em um lado. Eles não pareciam ter qualquer medo de assustá-lo. Talvez, estivessem tão eufóricos por estarem diante de seu filho consciente de novo, que não se importavam com uma hipótese tão impossível, que parecia me manter afastada.

   Continuei no meu canto, enquanto assistia a Pattie deslizar sua mão suavemente pelo rosto de Justin, sem qualquer receio. Um sorriso lindo estava estampado no rosto da morena e com um excelente motivo. Seu filho não teve qualquer reação adversa aquilo, apenas a observou atento e aparentemente pensativo. Ele levantou seu braço engessado e segurou a mão dela, com notável cuidado.

   - Você não sabe como é bom te ver acordado, filho... – suspirou ela, soluçando devagar, quando as lágrimas pararam de respeitar um limite.
   - Mãe? – sua voz estava bastante rouco, talvez devido à falta de uso, mas ele não parecia nem um pouco incomodado.
   - Você se lembra? – gaguejou ela, sem parecer ter nem um pouco de curiosidade quanto a isso. Era mais um incentivo.
   - Não exatamente... – admitiu Justin, parecendo envergonhado – Mas... Seus olhos... Eles não me parecem estranhos. Você é bonita!

   Pattie sorriu, enquanto Justin se esforçava para que seus dedos alcançassem o rosto da mulher a sua frente, para que pudesse lhe secar as lágrimas. Eu não tinha percebido até o momento que também estava deixando gotas inapropriadas escaparem dos meus olhos. Pensei em secá-las, mas desisti. Era o primeiro choro, em semanas, que não doía, nem machucava. Pelo contrário, eu estava feliz em ver aquilo. Ver aquela conexão acontecendo diante de mim.

   Após um minuto, meu príncipe pareceu voltar sua atenção para o enorme homem sentando ao seu lado, analisando-o durante certo tempo. Jeremy também não estava com uma aparência muito diferente da de Pattie. Seus olhos estavam levemente avermelhados, reprimindo algumas lágrimas, enquanto um sorriso satisfeito se conservava em seu rosto. Ambos pareciam ansiosos para quebrar o silêncio, mas o primeiro a falar foi Justin...

   - Então... Você é o meu pai?
   - Sim. Com o maior orgulho do mundo, eu sou. – explicou, com a voz completamente inundada de emoção – E... Como tal, peço que nunca mais me dê um susto desses de novo!
   - Eu não sei bem como aconteceu, mas é um pouco dolorido. – suspirou Justin, rindo e olhando para seus próprios machucados. – Então, eu não vou!

   Notei o esforço de Pattie em esconder um olhar de reprovação, enquanto ela sorria. Era óbvio que ouvir que o filho estava sentindo dor não faria nenhuma mãe pular de alegria, mas talvez perceber que Justin parecia exatamente tão bobo quanto antes era algo reconfortante. Pelo menos, eu achava isso. Aliás, nada estava me fazendo melhor do que vê-lo rindo e animado, pelo menos por uns poucos segundos, já que era exatamente o oposto do que eu esperava.

   - Vocês... Não estão juntos, não é? – meu namorado me afastou de meus pensamentos de uma forma tão incomum, que provocou uma quietude em todo o local em seguida.

   Jeremy e Pattie se entreolharam, rapidamente. Seus rostos transmitiam toda a estranheza que aquela pergunta provocava. Eles sustentaram o olhar um no outro por um minuto e depois voltaram a fitar Justin. O último não parecia mais tão seguro como antes e aparentemente também notou que algo em sua atitude estava sendo considerado inapropriado.

   - Ah, desculpa! – sussurrou ele – Foi grosseria perguntar isso. Não é da minha conta. Em todo caso, eu não queria ofender!
   - Justin, é claro que é da sua conta! – discordou Pattie, já com o mesmo ar satisfeito de antes. – Você é nosso filho, tem o direito de saber essas coisas. Sua pergunta só nos pegou de surpresa, mas está tudo bem.
   - Eu não quis aparentar ser tão curioso... – se explicou como se não estivesse com esse total direito – Mas... Vocês parecem tão diferentes um do outro!

   Pattie e Jeremy deram de ombros para essa afirmação, talvez concordando, mas não importava mais. Antes que eu pudesse perceber que Justin já havia se afastado dos dois, encontrei seus olhos me encarando, curiosos. Reprimi um grito de susto, junto com a vontade de abrir a porta e sair correndo. Me esforcei para parecer natural, mas ele continuou a me fitar com o mesmo interesse confuso, quando, na verdade, não era algo que ele devesse fazer. O plano que eu tinha formado em minha cabeça era ficar ali no meu canto, parecendo tão invisível como o ar. Porém, ao que tudo indicava, eu falhara miseravelmente.

   - E quanto a ela? – a voz de Justin era só um sussurro, mas o silêncio na sala era o bastante para que eu pudesse saber que ele estava se referindo a mim.
  
   Finalmente, minha sogra pareceu perceber que eu não me prontificara a dar nenhum passo, desde que tínhamos entrado na sala. Pior do que isso, ela pareceu descobrir o real motivo pelo qual eu havia criado raízes naquela parte do chão. Suspeitei de que isso se tratava dos meus olhos, que nunca hesitavam em me denunciar injustamente. Mas, apesar dessa possibilidade, não pude ser ágil o suficiente para desviar o olhar, até porque algo na expressão de Pattie me incentivava a ter força o suficiente para me aproximar.

   Obriguei minhas pernas congeladas a caminharem em direção à cama. Levou um pouco mais de tempo do que levaria caso meu corpo estivesse sincronizado corretamente com a minha mente. Assim que eu estava perto o suficiente, Jeremy se levantou de seu lugar, apenas para me dar espaço, mas permaneceu ali em pé, ao lado do filho, sem coragem de se afastar mais do que poucos centímetros.

   Com as batidas do meu coração ecoando altas em meu ouvido, fixei meus olhos em Justin, antes de me sentar com cuidado, ao seu lado. Eu tinha que admitir para mim mesma que de perto era ainda mais satisfatório observá-lo. Pela primeira vez em dias de horas incontáveis, minha visão ignorava completamente todos aqueles tubos e curativos presos ao corpo do meu bebê e me concentrava só nele, afinal. Meus olhos começaram a liberar lágrimas compulsivamente enquanto meu corpo todo se arrepiava e meu coração inchava de felicidade. Eu mal conseguia acreditar que estava enxergando aqueles olhinhos brilhantes e fascinantes novamente.

   - Justin... – foi a única coisa que consegui sussurrar.

   Deslizei meus dedos pelo lençol, tentando tocar sua mão, que agora estava jogada mais uma vez sobre a cama. Mas antes que eu o fizesse, ele já a havia tirado do meu alcance discretamente. Em poucos segundos, seus olhos haviam perdido a serenidade para dar espaço a uma possível preocupação e ansiedade. Hesitei diante do pequeno sinal que só eu percebia, me esforçando para lembrar se havia feito algo errado.

   Na realidade, eu só estava tentando fazer com que a verdade não parecesse tão pesada quanto eu sabia que seria. Mas, eu tinha certeza disso desde o segundo que eu escutava “aquela” palavra. Desde que eu tivera o pressentimento na sala de espera. Desde o segundo que a boa notícia do dia trazia um porém. Eu tinha consciência de que iria doer, de que iria me magoar e de que me deixaria sem qualquer reação. Eu apenas não imaginava que seria na mesma intensidade da ferida anterior. Mas o buraco no meu coração só realmente começou a se abrir, quando as seguintes palavras saíram por entre lábios de Justin:

   - Qual é o seu nome?

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Capítulo 59? Final da YMMLY? Espera! Eu acho que não! rs rs rs
   Antes que vocês organizem um multirão para me matar, lembrem-se que eu amo muito vocês e vocês devem me amar muito também e quem ama, perdoa! skaopskaksaoksaokasokssok
   Seguinte, admito, que há muito tempo (lá pelo começo da segunda temporada) eu pensei em fazer a YMMLY acabar na terceira temporada, mas essa idéia passou. A verdade é que eu passei muito tempo trabalhando essa história na minha cabeça para fazê-la terminar assim, sem a conclusão merecida. Então, todo esse mimimi de the end que eu vim fazendo há uns dez capítulos(?)... Bom, era trollagem. rs rs rs  (Continuem lembrando que eu amo vocês hahahaha).
   Admitam, o que é a vida sem um pouquinho de diversão? hahahaha Levem na boa, não me matem, segurem o coração aí, porque daqui há 1 semana e meia teremos a QUARTA TEMPORADA de YMMLY. E eu vou tentar ser mais boazinha com vocês a partir de agora hahahah. Ou não. Vou me esforçar!

   O capítulo de hoje não é dedicado para uma pessoa só, eu quero que todas vocês aceitem esse capítulo como eu enorme pedido de desculpas por eu não ter um pingo de vergonha na cara hahahhahaha Amo vocês, minhas nenéns. E juro que não faço por mal!
   Então, vejo vocês daqui há alguns dias para uma temporada nova?
   Espero que gostem da idéia!
   Boa noite... 

7 comentários:

  1. Primeira a comentar uhuuuuuuuuuuul. Bom, sou leitora nova e estou amaaaaaaaando a #IB, só pelo título desse capítulo achei que alguma coisa ruim iria acontecer, maaaas, não aconteceu (ainda bem). Tô muuuuito feliz que YMMLY vai ter a 4ª temporada.


    *@swagdobieber_

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  2. aa emu coração! vai ter 4 temporada? AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA UHU! SERIO,to mega feliz aqui.

    amei o capítulo como sempre, continuaaaa

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  3. kraaaaaaa quero a proxima temporada logo, omg como ele vai se lembrar dela? continua

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  4. Carol (@JustinBaldwin)28 de fevereiro de 2013 às 16:58

    Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh tá, eu preciso me concentrar no "quem ama perdoa" Juli, o final meio q me matou por dentro mas sei q a 4ª temporada vai ser I-N-C-R-I-V-E-L e bem, vou penas tentar aguentar até ler "Capitulo 1" por aqui.
    Por favor, mantenha um calendario proximo p n esquecer d postar ok??? Kkkkk as Julilovers tão esperando aqui, bjkas p vc! <33333

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  5. OMG....... que sustoooo, pensei que realmente iria acabar u.u
    Mais ainda bem que ñ... =P
    Que final tristee.. ;'( té xoreii ...
    Aguardandoo a 4° temporada, sei que vai ser melhor aindaa.. ^^
    by: Juliana

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  6. Aaaaaaaaaahh isso não pode ser verdade Juh odeiio finaiis mas pelo menos vai ter continuação neh mesmo achando que voc deveria ter acabado no cap. 60 nem faltava mto neh so um mas tudo bem.
    Eu siinceramente esperei outro tipo de consequencia em relação ao acidente mas não passava pela minha cabeça que ele iria perder a memoria foi um choque mto grande admito e doeu ve-lo perguntar ''Qual o seu nome?'' não vai ser nada facil lidar cm isso mais tudo bem eu vou ser paciente ate a sua devida recuperação.
    enfim desculpe mais uma vez por ter passado tanto tempo pra comentar eh que esses dias eu estive mto doente e precisei ir pro hospital ficando totalmente sem contato cm redes socias mas enfim estou aqui e vou esperar aciosamente pela 4 temporada assim como tods estao
    infelismente voc vai ter que me aturar por mais uma temporada neh mas fazer oq faz parte da vida heheheheheh bjuus lindaa ate o ''novo começo' u.u
    @BiebasMyPride'

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  7. socrr meu coração julianna ! kra , eu chorei lendo esses cap com o justin no hospital serio ! bom , hoje é dia 8 e eu vim especialmente aqui pra perguntar sobre a quarta temporada que você disse que começaria hoje ! jshabhjbsd (sou chata eu sei ) e vim aqui pra pedir mil desculpas por ter sido meio ´´fantasma´´ por aqui mas n deu p entrar e vim p dizer que EU AMEI A CAMISA , SERIO , É PFTA , E A SUA CARTINHA FOI A COISA MAIS FOFA DO MUNDO <3 OBRIGADO MESMO !

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