27 janeiro 2012

You Make Me Love You - Capítulo 6

Posso ir?

 
Belieber’s POV
  O almoço correu bastante tranquilo, enquanto ouvíamos Cláudia comentar sobre a euforia da filha desde que recebera o tal pacote no dia anterior. Eu até gastaria um pouco de tempo em me divertir internamente com os surtos que Manuela dava após sua mãe dizer cada coisa que eu apostava ser mais verdadeira do que a outra, mas, apesar disso eu estava ocupada demais, apreciando o prato do dia, que por sinal era o meu favorito.

   Por educação, pensei em me oferecer para ajudar a lavar a louça, mas eu não tive a oportunidade de fazê-lo, já que minha melhor amiga me enxotou o mais rápido possível de sua casa, alegando que eu tinha logo que pedir autorização para minha mãe sobre a viagem e, depois, claro, ligar para ela, avisando. Bom, a doida também disse algo como “leve a praga do Lucas com você, porque eu não estou a fim de ter que aguentá-lo a tarde inteira”. Apenas mais uma de suas frases do seu futuro livro “Manuela Magalhães e sua meiguice absoluta”.

   Felizmente, o prédio de Lucas ficava depois da minha casa, o que significava que eu teria companhia até lá. Assim, durante o percurso, fui distraída por suas piadas sobre o Justin, o concurso e a felicidade quase infantil de Manuela. Eu não consegui parar com a compulsão de risos até sentir a barriga doer. Poderiam se passar anos e anos, mas o loiro sempre conseguiria arrancar vestígios de diversão de mim. Era sorte eu tê-lo como amigo!

   Pela primeira vez em silêncio, me lamentei por aquele estúpido prêmio só dar direito a um acompanhante. Nova York poderia ser legal, mas ficaria infinitamente melhor se Lucas pudesse ir também. Se bem que, entre ir para Búzios e ficar dando em cima de todas as garotas de lá – era esse o plano do meu amigo para as férias – ou ter que ficar na companhia de um astro adolescente clichê, era óbvio que ele nem pensaria nessa proposta.

   Mais cedo do que eu esperava, paramos no portão da minha casa. Lucas me deu um demorado beijo na bochecha e pediu que eu ligasse mais tarde, caso minha mãe não tivesse realmente me matado. Sem graça, assenti e fiquei observando-o sumir, enquanto seguia reto pela calçada, em direção à sua casa, na outra rua.

   Sozinha finalmente, percebi a roubada na qual eu havia me metido. Eu simplesmente estava chegando em casa, sabe-se lá a que horas e, não tivera nem a cara de pau de fazer pelo menos uma ligação para casa, avisando à minha doce e neurótica mãe, o que estava se passando. Em outras palavras, não me restava muito tempo de vida. Sem opções, marchei até a entrada, consciente de que minha sentença me aguardava.

   Logo que abri a porta e dei alguns passos pela sala de estar, a gritaria já havia começado. A lógica da minha mãe era simples, porém não funcional e se baseava no principio de “por que dar uma bronca só em mim, quando ela pode gritar e compartilhar esse momento maravilhoso de nossas vidas com todos os vizinhos?”.

  
(Seu nome)! – berrou ela – Isso são horas de chegar? Que eu saiba a senhorita sai do colégio ao meio-dia e, caso, não tenha reparado, já são duas horas da tarde. Posso saber onde a senhorita estava?
   
Pode! – falei, arrumando o sorrisinho mais sarcástico que conseguia – A Manuela desmaiou no colégio, nós fomos liberadas mais cedo, comemos algo na lanchonete que fica na esquina do colégio e depois eu fui para a casa da Manu, porque ela queria me mostrar uma coisa. Só! E aqui estou eu. Completamente viva! Ninguém me sequestrou, matou ou estuprou e você me ama demais para me deixar de castigo por uma bobeira dessas, não é?!
  
Castigo para quê? Para ter que ficar ouvindo você se lamentando durante as suas férias, sobre o quanto você é uma boa garota e como eu sou uma mãe carrasca? Não, dispenso! – ela riu, embora nós duas soubéssemos que seria exatamente o que eu faria – Então, quer almoçar?
  
Não, obrigada! Eu acabei almoçando na casa da Manu...

   Ao ouvir isso, minha mãe tentou disfarçar uma careta de reprovação, antes de dar de ombro e retornar ao sofá, onde estava assistindo a algum desses programas que falam de novela. Fingi não saber do ciúme que minha mãe tinha de tudo aquilo. Sim, minha responsável era louca o suficiente para não gostar que eu comesse em casas alheias, já que corria o risco de eu achar uma cozinheira melhor do que ela.

   Foi só após um minuto, no qual eu permaneci parada apenas observando aquela cotidiana cena na sala da minha casa, que eu me lembrei do motivo pelo qual eu me atrasada. Assim, receosa, eu segui para o sofá, me sentando perto da minha mãe e largando minha mochila na poltrona ao lado.

  
Mãe – suspirei, distraindo sua atenção da televisão –, bom, eu tenho uma proposta para te fazer...
  
E lá vamos nós de novo... – murmurou ela, parecendo pouco satisfeita – Da última vez que você veio com essa proposta, eu gastei uma fortuna em uma câmera desnecessária, que hoje está abandonada em um canto qualquer do seu quarto.
  
É, mas eu cumpri minha parte do trato! – assinalei, coberta de razão.
  
Tudo bem, então. O que a sua mentezinha de adolescente desvairada está tramando agora? E, o mais importante, quanto isso vai me custar?

   Suspirei. Essa era a parte difícil. Como eu iria dizer que não iria custar absolutamente nada, sem que ela ficasse desconfiada? Ou como eu poderia pedir para ir para outro país, sem um responsável, sem fazer com que ela surtasse e novamente resolvesse espalhar nossa vida para os vizinhos – e possivelmente, também para os habitantes da Austrália?

   Tomei um pouco de fôlego, sorri da forma mais calma e meiga da qual era capaz e depois disparei a falar. De inicio, não dei tempo para que ela se intrometesse, enquanto explicava cada pequeno detalhes de tudo aquilo que Manuela havia me dito. Falei sobre a viagem, o príncipe da vida de Manuela, as despesas completamente pagas, o tempo que isso duraria, entre outras coisas. E, para dizer a verdade, parecia que estava dando tudo certo, até o momento em que eu falei da pequena condição de que seria apenas eu e Manuela, em um país estranho, longe da supervisão rigorosa da minha mãe.

   
Filha, você caiu com muita força hoje de manhã? – a expressão dela começou amável, depois mudou para uma levemente irônica, com direito a sobrancelhas arqueadas.

   Em uma tradução literal isso significaria: “Pode ir sonhando, (Seu nome), porque isso só vai acontecer no dia de São Nunca, um pouco antes do relógio soar ‘jamais e meia’!”.

  
Você realmente acha que vocês duas são responsáveis o bastante para fazer uma viagem dessas? Para ficarem sozinhas durante um mês inteiro em um lugar que nem a língua você sabe falar direito? Acha que eu enlouqueci, (Seu nome)?
  
Mãe, para de drama! – bufei, sem me comover com o pequeno show dela – Primeiro, nós não vamos estar completamente sozinhas. O Justin vai estar lá com a gente, durante todo esse tempo! E, segundo, “língua que você não sabe falar direito” nada, porque eu não ia para o curso ficar vagabundeando, não. Sem querer ser esnobe, meu inglês é maravilhoso!
  
Nossa, estou completamente mais tranquila agora! – ironizou, levantando-se do sofá e exagerando na expressão corporal – Por que eu deveria me preocupar em deixar minha filha ir sozinha para Nova York, se ela fez um cursinho qualquer e sabe falar meia dúzia de palavras? Ou melhor, se ela vai estar na companhia do tal de Biber, que mal largou as fraudas? Preocupação para quê?

   Agora, realmente, minha mãe estava começando a me irritar. Como ela poderia vir com esse papo de “cursinho qualquer e saber falar meia dúzia de palavras”, se na época que eu ainda o fazia, era obrigada a ir todos os dias, apesar de todas as reclamações dela sobre custar uma fortuna, seguido do entendimento de que inglês é uma língua universal e se eu quisesse ser alguém na vida, um dia, teria que saber usá-lo corretamente.

  
É Bieber, mãe! – corrigi, me sentindo praticamente a Manuela – E, só para você saber, ele tem 18 anos, acho, então sabe existe a possibilidade de que ele já tenha largado as fraudas há um certo tempo! Por falar nisso, é absolutamente óbvio que nós não estaremos só com ele. A equipe toda dele deve acompanhar isso, talvez a Pa... Pat... Ah, eu não sei como a mãe dele se chama, mas talvez ela esteja lá também!
  
   Para ser bem sincera comigo mesma, eu estava blefando, já que não tinha a menor certeza de que isso realmente aconteceria, mas eu precisava fazê-la crer que era uma viagem completamente segura. Além disso, era bem provável que eles realmente estivessem lá, devido ao fato de que Justin não permaneceria seguro com Manuela, sem um time de segurança entre os dois.

  
Olha, (Seu nome), admito que todo esse pessoal deve ser bem responsável, mas... Nós não conhecemos essas pessoas. Tudo o que sabemos de tudo isso é o que nos é transmitido pela televisão e internet, mas isso não é o bastante. Eu me preocupo com você, filha, e eu realmente não acho que te deixar ir seja uma boa ideia...
  
Mãe, você não sabe como isso é injusto! – falei, firme, tentando não gritar de frustração – Eu me comporto muito bem, minhas notas são excelentes e você sabe que eu tenho mais cabeça que muitas garotas da minha idade. Sem querer parecer presunçosa, eu aposto que muitas mães gostariam de ter uma filha igual a mim. Além disso, você sabe bem que você e meu pai nunca poderiam me dar uma viagem dessas, assim tão fácil, não sem passar por um longo período de economias e, de verdade, eu não me incomodo com isso. Mas, agora que eu tenho essa chance única de ir, sem gastar um mísero centavo, a senhora quer tirar isso de mim?

   Então, eu chorei e muito (pois é, não existe situação mais humilhante). Eu lutei um pouco para segurar no começo, mas depois não me importei e deixei que as gotas transbordassem dos meus olhos. Eu sabia que não estava completamente triste com isso. Aliás, fiquei até confusa se eu estava chorando mais para combinar com o drama do momento – sem nem ter a intenção de fazê-lo – ou pela frustração infinita de ver todos os meus sonhos norte americanos, que eu formara na última hora, se dissolverem diante de mim.

   Fiquei ali, chorando por indeterminados minutos, me sentindo praticamente a Manuela dramática e histérica com a qual eu já havia me acostumado (talvez, eu até devesse considerar a ideia de parar de andar tanto com essa maluca). Só finalmente consegui controlar um pouco o choro, quando minha mãe sentou ao meu lado e me abraçou, como quando ela fazia há muito tempo atrás quando todos os meus ataques de lágrimas eram causados por machucados no joelho.

  
(Seu nome), vamos fazer o seguinte: iremos esperar o seu pai chegar do trabalho e então conversamos direito sobre esse assunto... – propôs ela – Mas, se isso ajuda, o meu sim você já tem. Ou, pelo menos, terá se prometer me ligar todos os dias, todos os segundos, quando chegar lá, quando começar a respirar lá. Se você realmente for, eu preciso que você me mantenha informada e até peça para alguém de lá mesmo me ligar, ok? Eu não tenho mais idade para ficar morrendo de preocupação, enquanto você se diverte por aí, sem mim...
  
Você está falando sério? – falei, limpando os últimos vestígios de choro no meu rosto.
  
Claro que estou... – concordou, parecendo ligeiramente contrariada – Mas apenas se seu pai deixar também!
  
Mãe! – berrei, sentindo uma explosão de felicidade tão grande, que cheguei a duvidar se estava em meu estado normal – Eu te amo! Eu te amo para sempre! Sério, eu não estou acreditando! Você é a melhor mãe do mundo! E eu passarei a ser a melhor filha do mundo também! Sabe aquela bagunça que você sempre reclama no meu quarto? Irá sumir! Vou parar de gastar dinheiro com doces todo dia e até beijar os seus pés se você quiser...

   Minha mãe riu da minha reação um tanto incomum pelo menos para mim, possivelmente achando bobo tanta euforia só por uma coisa que eu nem sabia se ainda iria realmente acontecer. Mas acho que depois de uns quinze minutos de animação sem pausas para respirar, ela começou a cansar da minha voz e aumentou o volume da televisão. Parei de falar logo em seguida, afinal, não queria fazer nada que a pudesse deixar irritada comigo. Não agora.

   Calada – assim como minha mãe gostaria –, eu tentei me concentrar no que passara na televisão. O programa anterior já havia acabado, dando espaço para um filme bobinho de comédia romântica. Em um dia como outro qualquer, eu poderia até me divertir com aquilo, afinal, era um gênero tão leve, que não tinha como não gostar. Porém, no momento em que me encontrava, só conseguia contar os minutos até a hora em que meu pai deveria chegar.

   As horas foram se arrastando persistentes. Eu tinha ficado sozinha na sala, enquanto minha mãe preparava o jantar na cozinha. Fiquei passeando pelos canais, mas não havia nada que pudesse chamar minha atenção. Uma série de terror, desenhos antigos da época que a minha avó era virgem, documentários sobre animais e um reality show de mulheres fúteis. A única coisa que me chamou atenção em meio àquele bando de inutilidade foi um desses canais de clipes. Estava passando uma série com alguns do tal Justin Bieber. Deixei lá mesmo e fiquei assistindo, surpresa por eu saber cantar perfeitamente a letra de metade deles.

   Já eram 19 horas, quando meu pai finalmente chegou. Mudei o canal rapidamente, buscando algum tipo de telejornal, que pudesse estar passando no momento. Sinceramente, eu não queria que meu pai pensasse que eu quisesse ir para essa viagem pelo interesse nesse garoto. Até porque se ele chegasse a suspeitar dessa ideia, minhas chances de ir chegariam a zero. Não importaria quantas vezes eu explicasse que Justin era uma celebridade e eu, uma simples mortal. A paranoia do meu amado pai ia além dos limites da lógica.

   Observei em silêncio, enquanto meu pai se livrava da gravata e se preparava para se jogar na poltrona, tirando minha mochila da mesma. Felizmente, antes que eu tivesse que tomar uma iniciativa sozinha, minha mãe saiu da cozinha, secando as mãos em uma pequena toalha. Ela caminhou até nós e se sentou ao meu lado, no sofá.

  
Boa noite, amor! – cumprimentou ela, com um sorriso completamente suspeito nos lábios.

   Era bom ver que, pelo menos, alguém estava ao meu lado dessa vez. Mas eu não fui a única a perceber o clima de cumplicidade entre nós. A sobrancelha do ajeitado homem a nossa frente se ergueu, sugestivamente. Assim, com um suspiro e certa dose de cautela, ele arriscou finalmente:

  
Vocês vão me contar o que aconteceu ou não?

   Ri de nervoso, me sentindo completamente tensa. Me endireitei no sofá, tomando uma almofada com as mãos, apenas para ganhar tempo. Eu olhava para todos os cantos, menos para o rosto de algum dos adultos ao meu lado. Era mais fácil eu explodir de vergonha e receio do que conseguir fazer algo sair da minha boca.

  
A (Seu nome) tem algo para falar com você... – anunciou minha mãe, quebrando o curto silêncio.
  
Eu tenho e é melhor você preparar a sua cota de compreensão... – suspirei.

   Ignorei seu olhar desconfiado e comecei a relatar exatamente tudo o que eu havia dito para minha mãe, mais cedo, porém ainda com mais calma. Como era de se esperar, houve a mesma reação de reprovação e surpresa diante do pequeno e banal detalhe de que eu iria viajar completamente sozinha com uma desequilibrada. Após escutar essa parte, meu pai fixou seus olhares em sua esposa e eu tive a leve impressão de que estava começando a ser ignorada.

  
Eu não sei, (Seu nome)! – se manifestou ele, por fim – Você e a Manuela, sozinhas, e com um garoto de, sei lá, vinte anos? Isso não me parece muito apropriado.

   Pois é. O maluco do meu pai não se preocupa nem um pouco com o fato de que eu provavelmente ficarei sozinha durante o mês inteiro e que eu não tenho um nível de aproveitamento muito bom quando se trata de cuidar de coisas – inclusive de mim mesma. Esse tipo de pensamentos normal nunca parecia pela cabeça dele. Ele apenas conseguiria imaginar que eu e um cantor canadense famoso em todo mundo (e que, com certeza, não tem vinte anos) iríamos ter um relacionamento amoroso e picante. Claro! Chances altas de que aconteça, hein, pai?

  
Pai, isso não significa nada! – suspirei, impaciente – Eu só quero ir porque eu nunca, em toda minha vida, saí do Brasil. Não que eu não goste daqui, mas é Nova York. Além disso, eu nem me importo com esse garoto. Ele estando lá ou não, não vai fazer a menor diferença para mim...
  
Sei... – falou, com uma pontinha de ironia – Mas, mesmo assim, as coisas não são assim. Você não pode viajar do dia para noite. Vocês, adolescentes, adoram atropelar as coisas, fazer tudo correndo e sem pensar!
  
Mas, pai... – miei, utilizando a expressão mais inocente que eu já fizera na vida.

   Ele respirou fundo e ficou me encarando durante um longo minuto, no qual me esforcei para que eu continuasse com um semblante tão meigo e inocente quanto antes, com a simples noção de que isso sempre o fazia se derreter. Esperei por mais um certo tempo, enquanto meu pai desviava o olhar do meu e o dirigia ao rosto sério de minha mãe. Aparentemente, eles estavam conversando em silêncio.

  
Bom... Eu acho que se a sua mãe já permitiu, talvez eu também devesse considerar... – falou, por fim – Acho que você já está grandinha o bastante para você poder fazer isso, não? E se você prometer que irá se comportar, não teremos grandes problemas!
  
Então, isso significa que eu posso ir? – gaguejei, nervosa.
  
Pode!

   Tive um pequeno surto quando ouvi aquela confirmação. Saltei do canto do cofá aonde permanecia sentada e abracei meu pai de forma tão forte e apertada, que até meus braços ficaram doendo. Mas, não importava. Eu estava feliz ao ponto de poder dar um mortal triplo, sem cerimônia. Eu vou para Nova York. Eu vou pisar em um solo de um país completamente diferente. Eu vou fazer aquelas estúpidas e entediantes aulas de inglês valerem a pena. Eu vou... Vou ter que aguentar minha melhor amiga ao lado do ídolo dela, sem poder ao menos matá-la.

   Coloquei o pessimismo de lado no momento que minha mãe propôs que fossemos todos jantar, enquanto discutíamos melhor o que iria ser feito. Segui, apressada, até a cozinha e me prestei a ajudá-la a pôr a mesa. Eu estava tão eufórica por dentro que não seria aquilo que iria me matar ou fazer minhas mãos caírem.

   Quando já estávamos todos à mesa, me servi apenas de salada, sem sentir muita fome para comer qualquer outra coisa, embora o resto da refeição não parecesse muito pesado. Mesmo assim, não deu tempo de recuar, aliás, comer apenas verduras e legumes me fazia ter a ilusão de que eu estava mantendo a dieta, que enrolara por tanto tempo até começar. Mas possivelmente era apenas ilusão, já que eu nunca levava isso muito adiante.

   Enquanto saboreava minha comida sem gosto, escutei as orientações e avisos que eram dados pelos meus pais preocupados. Felizmente, combinamos que, no dia seguinte, o último dia de aula, eu – como já havia passado de ano – não precisaria ir ao colégio. Eu passaria o dia em casa, arrumando tudo o que fosse necessário, na companhia da minha mãe, já que meu pai estaria trabalhando. E, ainda utilizando da minha voz arrastada e expressão meiga, eu os convenci a deixar que eu convidasse o Lucas e a Manu para virem para cá.

   Assim que a conversa pareceu terminar – já que o meu prato de nada já estava acabado há muito tempo –, pedi licença e me retirei da mesa. Sem querer dar motivos para qualquer reclamação antes da viagem, lavei meu prato, tentando não molhar a bancada inteira como sempre fazia.   

   Por fim, antes de finalmente subir para o meu quarto, dei um beijo de boa noite na minha mãe no pai e parei rapidamente na geladeira. Observei minhas opções com uma olhada só e acabei pegando dois bombons de cereja de uma caixa que era da minha mãe. Achei que tinha pensado algo sobre dietas há alguns minutos, mas não me prendi a isso. Era chocolate com uma cereja dentro e cerejas devem ser saudáveis também!

   Após enfiar as delicias em minha boca e desfrutar de um momento maravilhoso, me retirei da cozinha e me arrastei sem um pingo de ânimo até as escadas, parando antes para pegar a minha mochila, ainda jogada na sala. Enquanto subia degrau por degrau, ansiosa para chegar ao meu quarto, peguei o meu celular já (de tanto cair no chão) e comecei a digitar um sms.

   “E então, gatinha? Parece que estaremos mesmo partindo para Nova York amanhã. Pois é! Você estava certa... Deu tudo certo! Mas, e pronta, você está?”

   Entrei no meu quarto, batendo a porta com uma força desnecessária e jogando minha mochila em um canto qualquer. Acabada, tirei os sapatos com meu próprio pé e me joguei na cama, me sentindo cansada (de não fazer nada), mas ao mesmo tempo aliviada por ter me livrado de toda aquela tensão que eu mesma me impusera. Suspirei, rolando no colchão, antes de começar a digitar outra coisa no celular.

   “Amanhã, esqueçam o colégio, ok? Quem precisa daquela porcaria, afinal?
Ok, apenas brincando! Nós precisamos, mas não quando já estamos a um dia de nossas férias e com os nossos boletins repleto de notas azuis!
   Resumindo, quero os dois na minha casa bem cedo, com ideias para coisas que possamos fazer, antes de eu ser obrigada a entrar no avião. A propósito, minha mãe disse que vocês podem até convidar seus pais para almoçarem aqui, conosco.
   Planos feitos e não aceito ‘não’ como resposta...
   Boa noite, eu amo vocês!”


   Após enviar, abandonei meu celular sobre a cama e me dirigi à minha pequena escrivaninha, onde meu notebook se encontrava, intocado por hoje. Liguei-o no primeiro instante de tédio e esperei anos-luz até que a conexão lerda da internet carregasse. Por impulso, entrei no twitter, facebook e youtube, nessa ordem.

   Precisei de apenas um segundo, passeando pela minha timeline, para notar que Manuela estava online (viciada do jeito que é), até porque ela era a única que enchia aquilo de retweets de outros fc’s para o Justin. Deixei que meus olhos percorressem todas aquelas frases que envolviam o astro adolescente e notei que eu sabia bem menos do que deveria saber.

   Por um minuto, pensei em entrar em um desses fansites, mas achei que seria demais até para mim. Então, me limitei a procurar um site, onde eu pudesse baixar todas as músicas dele e não demorei muito a achar. Sem mais preocupações, deixei os downloads serem executados lentamente e sai da frente daquela tela, que já começava a irritar meus olhos – claro vestígio de que eu estava começando a ficar com sono.

   Caminhei até a bagunça que eu chamo de armário, peguei um pijama qualquer e me dirigi até o banheiro. Me esforcei para não demorar muito mais que o necessário no banho, mas a água agradável e quente fez com que eu prolongasse o momento e também me deixou com ainda mais sono, o que foi bom.

   Assim que retornei ao quarto, já trajando meu pijama, minha atenção foi retida tanto pelo meu computador, quanto pelo meu celular. Um me avisava que os downloads já haviam se concluído – o que deixou claro que eu demorei bem mais do que o necessário, já que minha internet tartaruga nunca deixaria que algo fosse baixado assim tão depressa – e o outro, que eu tinha duas mensagens novas. Peguei o último, ansiosa, quando notei que a primeira mensagem era de Lucas.

   “Ui, a gatinha quer matar aula! Que menina má você é, (Seu nome)!
   Todo bem, amor da minha vida, amanhã estarei te dando o prazer de desfrutar de minha companhia. Quanto aos meus pais, não vão poder fazer o mesmo. Meu pai vai trabalhar e, minha mãe ficou de ir visitar a minha tia, que mora, sei lá, do outro lado da cidade, então... Eu sinto muito!
   Porém, eu estarei aí, então o mais importante você terá!
   Te amo, pequena! Sonha comigo!”


   Ri após notar o nível de humildade do meu amigo (que aparentemente não existia) e fiquei lendo aqui mais algumas vezes só por diversão mesmo. Era algo que eu fazia sempre, ficar meio idiota após começar a conversar com alguém por mensagens. Porém, depois de um minuto, decide verificar a segunda, que era a da Manu.

   “Oh, my Bieber! Que ótimo! Eu não te falei que sua mãe iria deixar? Principalmente, indo comigo. Conhece pessoa mais responsável que eu? (Não responda!)
   Enfim, confirmadíssimo. Meu pai vai trabalhar, porque o horário dele mudou essa semana, mas minha mãe agradeceu o convite. Ela falou algo sobre ser bom, porque assim ela e a sua mãe poderão conversar sobre a viagem. Em outras palavras, prepare-se, porque ela vai falar até seus ouvidos ficarem cansados. Você não sabe o quanto eu já escutei desde que esse envelope abençoado chegou!
   Mas, tudo bem, porque nada pode tirar a felicidade de mim agora!
   Então, eu te vejo amanhã! Boa noite e reze para que eu sobreviva até o dia seguinte...”

   Revirei os olhos para a observação dela, antes de me lembrar de que incrível mesmo era que ela ainda estivesse viva depois de todo esse tempo. Com um inevitável sorriso de satisfação no canto dos lábios, busquei o cabo USB do meu celular e, ao achá-lo, me arrastei até a escrivaninha novamente, pronta para passar as músicas baixadas para  a velharia que eu usar para telefonar par as pessoaso. Em seguida, desliguei o computador e as luzes do quarto.

   Me deitei, cansada, ligando apenas o abajur ao meu lado. Eu pretendia ficar um pouco mais de tempo acordada, embora estivesse com sono. Coloquei as músicas que eu tinha acabado de baixar para tocar em um volume bem baixo e depois deixei o celular embaixo do travesseiro. Enquanto começava a primeira música do primeiro álbum, deixei que meus pensamentos me levassem até Nova York e tudo o que deveria estar me esperando lá. Eu estava começando a pensar na situação perfeita que seria a nossa chegada, quando as imagens em minha cabeça começaram a se embaralhar. Acabei dormindo antes do que planejara ao som de uma música que eu não reconhecia. 


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Awn, capítulo 6, lindas!
 Ok, então como esse ficou "grandinho", vai ser só esse por hoje,tá?! E, por favor, não me torturem, pedindo meigamente por mais.
Ah, só avisar duas coisinhas...
1° - Não, vocês não tem e nunca tiveram nenhum envolvimento amoroso com o Lucas, mas se quiserem ter (ui, safadinhas... skaoskaskaksaop), e só me falar, ok?!
2° - Gente, se vocês estão acompanhando a ib, por favor, comentem! Pode ser até lá no twitter mesmo, mas eu preciso saber se vocês estão acompanhando, gostando e tudo mais  :)

Bom, é isso! Eu espero que gostem :)

(Imagem que ilutra o post é
dela :)

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