Joguinhos
Belieber's POV
Cheguei em casa completamente
acabada, mas com uma nova calça jeans e um scarpin com um salto incrível que
Manuela me convencera a comprar. Além disso, eu tinha comido tanta porcaria em
um dia só que já conseguia imaginar todas as minhas roupas começando a ficar
apertadas em mim. Era superficial da minha parte, mas eu estava prestes a casar
e, se por algum motivo, aquele vestido resolvesse não caber em mim no grande
dia, bem, eu me suicidaria ali mesmo.
Larguei
as bolsas da loja no sofá e resisti a vontade de desabar por ali também. Assim,
após dar um pequeno selinho em Harry, me pus a subir as escadas até o meu
quarto, com o mínimo de ânimo possível. Aliás, toda a minha animação deveria
ter ido parar nos meus pés, que estavam ambos pesados e fazendo com que cada
degrau fosse uma tortura. A ideia de colocar um elevador naquela casa se
tornava cada vez mais uma futura realidade.
Assim
que cheguei ao meu quarto, abri a porta, quase a escancarando e retirei os
sapatos ainda de pé – aqueles tênis eram absurdamente lindos, mas não era um
achado no quesito conforto. Em seguida, me arrastei até o banheiro, ansiosa
para tirar de mim todo aquele cansaço, dor e sabe-se lá mais o que meu corpo
jovem estaria predisposto a sentir. A única coisa que eu queria naquele momento
era tomar um banho bem quente e cair na cama.
Encostei a porta, despreocupada com invasões, e arranquei a jaqueta do
corpo, antes de me sentar na beirada da banheira e, devagar, ir deslizando até
estar deitada dentro da mesma. Eu estava parecendo uma bêbada desorientada
deitada ali, com minha peça de roupa preta em cima do rosto, bloqueando a luz
que queimava os meus olhos e me torturava ainda mais, quando eu já não estava
em um estado muito bom da minha vida. Todo o meu interior parecia estar
explodindo.
– (Seu
nome)... – uma voz ecoou por ali, me dando a certeza de que alguém acabara de
entrar ali.
– Deus? – murmurei, sem me mover um
milímetro sequer – É você? Eu estou pronta para ir...
– (Seu nome)? Cadê você? – eu poderia
jurar que conhecia aquela voz, mas eu estava delirando de sofrimento – Por
acaso, você está bêbada? Achei que já tivesse parado de tentar beber.
Ignorei
aquela provocação, vinda de uma voz feminina e, no momento, enjoada demais para
ser Deus, e apenas levantei o braço direito, indicando onde eu poderia ser
achada. Eu não estava em condições de fazer mais do que isso e, com certeza,
levantar não era uma opção. A verdade era que havia uma enorme possibilidade de
eu acabar dormindo ali mesmo, sem me importar com a frieza do material do qual
era feito aquela "cama improvisada".
– (Seu
nome), o que você está fazendo?
Fazendo
um esforço maior do que o necessário, retirei um pouco da jaqueta do rosto e
espiei por um olho só, para me certificar de que eu não estava ficando louca.
Felizmente não estava. Manuela estava sentada na beira da banheira, olhando-me
com um ar meio incrédulo e divertido como se eu, de fato, estivesse fazendo algo
muito surpreendente. Eu poderia ter ignorado ou mesmo mandado que ela fosse me
procurar no fim do mundo, mas eu ficaria com peso na consciência futuramente.
– No
momento, sofrendo. – respondi, de má vontade.
– Cólica? – insistiu ela, com uma
precisão que chegou a me assustar.
– Como você sabe?
– Primeiro, porque eu te conheço e,
segundo, porque você está com a mesma expressão corporal de drama que você
sempre fica quando está nesses dias. Aliás, estica esse corpo e tira essa
jaqueta da cara! – ordenou, nadando em ilusões ao achar que eu daria atenção a
suas palavras. – Enfim, você quer que eu pegue um remédio ou algo do tipo?
– Não, eu vou deixar para tomar
alguma coisa antes de dormir... – miei, procurando outra posição em que a dor
amenizasse um pouco.
– Se você prefere assim... – ela fez
uma pausa e, segundos depois, conteve uma pequena risada – Falando sobre isso,
lembra quando nós éramos mais novas e tão grudadas que o nosso ciclo era até
parecido?
– Claro que eu lembro, ficávamos de
TPM quase ao mesmo tempo e fazíamos o Lucas querer morrer. – ri diante daquelas
lembranças cômicas – Isso não acontece mais, não é? Ou estou enganada? Você
também...
– Não. Na verdade, eu... – ela parou
de falar por um segundo e eu pude jurar que a morena havia se distraído com
qualquer coisa como sempre fazia – Na verdade, ainda faltam alguns dias para
mim.
– Sorte a sua... – suspirei, antes de
colocar a cabeça para funcionar só um pouquinho e entender que aquele papo
estava furado demais – Mas... Você não veio aqui só para conversar sobre esses
problemas femininos, veio? O que está acontecendo, hein, Manuela?
Houve
um silêncio longo demais e eu soube, no exato segundo, que eu tinha feito a
pergunta correta. Manuela era rainha em chegar de mansinho, antes de jogar a
bomba no seu colo e, qualquer que fosse o assunto que ela estava protelando, eu
sabia que não ia gostar tanto assim. Dessa forma, aguardei o suspense
involuntário dela para preparar a mim mesma para o que estava por vir.
– Me
diz você, (Seu nome)!
Tudo
bem, por essa eu não esperava.
Imediatamente retirei a jaqueta de cima do rosto e fitei Manuela por um
instante, buscando em seu olhar alguma pista para o que ela queria dizer, mas
eu não consegui arregalar os olhos o bastante para descobrir o que se passava
naquela mente. A frustração apenas me deu vontade de bater com a cara dela nos
azulejos do meu banheiro por ter a coragem de revirar um jogo de forma tão
injusta quando eu nem sabia que estava jogando.
– Do
que você está falando, hein? – indaguei, franzindo o cenho, completamente
confusa.
– (Seu nome), quando eu cheguei aqui,
nós tivemos aquela pequena discussão, mas quando eu perguntei se queria que eu
inventasse uma desculpa e fizesse o Justin ir embora, você negou e disse que
seria rude e tentaria lidar com isso, mas não é isso que eu estou vendo
ultimamente. – explicou, com um tom de superioridade que fazia parecer que ela
estava completamente certa em suas palavras – Sim, era rude da sua parte
praticamente expulsar o menino da sua casa e fico feliz que você não o tenha
feito, mas tratá-lo como um traste também não é uma atitude muito notável.
– Eu não tenho ideia do que você está
falando, Manuela... – disfarcei, revirando os olhos.
– Ah, não? Não mesmo? – ela ergueu
uma sobrancelha, surpresa pelo fato de eu ter tamanha cara de pau para
dissimular algo tão óbvio – E quanto ao que você fez com ele hoje no cinema?
(Seu nome), você quase arrancou a cabeça do Justin só porque ele falou que você
prefere chocolate a pipoca, o que é uma verdade incontestável.
– E o que você esperava que eu
fizesse, Magalhães? Desse parabéns? Eu não gosto de gente que se intromete no
que não é chamado, coisa que ele vem fazendo com muita frequência desde que
chegou nessa casa. – explodi, desconcertada por aquela afronta – E, outra, como
ele pode saber dessas coisas em primeiro lugar, hein?
– Eu... – Manuela pigarreou antes de
continuar – Eu não tenho ideia!
Eu não
tinha certeza desde quando Manuela havia ficado tão clara quanto eu, mas aquilo
era uma forma muito indiscreta de esfregar a verdade na minha cara e fazer com
que eu me sentisse a pessoa mais burra do universo. Ao mesmo tempo em que uma
ira ardente ia crescendo dentro de mim, eu me perguntava como eu não havia
pensando naquela possibilidade antes. Era a mais óbvia, a mais aceitável, a
mais traidora, porém, acima de tudo, era a única do mundo que fazia sentido.
Seria bobo da minha parte pensar diferente.
Foi
desse jeito meio despropositado que Manuela assumiu todas as minhas suspeitas
anteriores. Aquela morena traidora tinha acabado de despejar a verdade, que
estava, sim, tramando com o inimigo, que estava ajudando um moleque
inconsequente ao invés de auxiliar sua melhor amiga quando a mesma se
aproximava do dia mais importante de toda a sua existência. Essa atitude era tão mesquinha e
idiota.
Eu
estava com fumaça saindo dos ouvidos e prestes a começar a cuspir fogo na cara
daquela boba sem graça, quando me levantei bem devagar da minha confortável
posição na banheira e aproximei o meu rosto do dela, quase encostando nossos
narizes. Eu queria queimá-la com o meu olhar, mas me limitei a apenas fuzilá-la
em minha mente, enquanto sussurrava a ameaça mais amistosa que eu poderia
pensar, porém no tom mais ameaçador que eu conseguia.
– Manuela Magalhães de Oliveira, se você acha que vai me fazer de boba, está
muito, muito enganada. Eu abriria meu olho se fosse você!
Respirei fundo, antes de lhe dar as costas e sai definitivamente da minha
cama de brincadeira, pegando minha jaqueta em seguida. Ignorando por completo
Manuela, retirei a blusa e pendurei minhas peças no gancho, ficando apenas de
short e sutiã, antes de começar a pentear o cabelo, enquanto me admirava no
espelho. Minha cara estava amarrada, mas internamente eu estava satisfeita por
ainda não ter começado a tacar as coisas por aí, a dramatizar e destruir
metade do meu próprio cômodo, embora eu fosse capaz de fazê-lo.
– Achei
que você estava com cólica demais para sequer se mover... – comentou ela,
perdendo a noção do perigo.
– A raiva faz a dor passar. – rosnei,
entre os dentes.
– (Seu nome), dá para parar com isso? – insistiu, levantando-se e caminhando até mim – Eu achei que você já tivesse
passado da idade de perder tempo com joguinhos.
– Engraçado, porque eu pensei o mesmo
de você! – provoquei.
– Eu estou falando sério! Eu não sei
qual é o seu problema. Quando você me falou que deixaria tudo como estava, que
iria até convidar o Justin para o seu casamento, eu achei que você estava
levantando bandeira branca. Achei que você estava disposta a tentar ser ao
menos amigável com ele. Por que essa agressividade agora? – o modo como ela me
questionava estava começando a me tirar do sério, porque, de alguma forma, eu
sempre tinha que estar errada na história – (Seu nome), nós duas sabemos que
Justin é um doce. Ele é gentil, cavalheiro, uma ótima pessoa com um coração
maravilhoso. Por que isso, então?
– Porque é você quem está dizendo
isso, não eu. – afirmei – Não ouse colocar palavras na minha boca, ok?
Ela
estava começando a perder as estribeiras comigo, mas eu não me importava,
porque estava cansada de ser repreendida. Embora eu não fosse mimada e
soubesse reconhecer meus erros, aquela situação não era algo a ser debatida,
afinal, não havia uma lei no mundo que dissesse que eu precisava ser mais do
que só educada com um garoto que fora como uma pedra na minha vida. E, se eu não
estava sequer utilizando da educação com ele, era porque Justin nunca me dava
brecha para isso, sempre metendo aquele narizinho branquelo onde não era
chamado, sempre forçando sua intromissão em minha vida, quando o cadeado dos
portões para a mesma já estava fechado há muito, muito tempo.
– Ótimo, (Seu nome). Você quer continuar com isso? Tudo bem, nós vamos fazer do
seu jeito, então. – Manuela explodiu de raiva, por fim, enquanto se afastava de
mim e seguia em direção à porta – Mas, se eu fosse você, tomaria um pouco mais
de cuidado, porque você pode até não se lembrar, mas eu me recordo
perfeitamente. Nós duas sabemos onde esse joguinho de caras feias e hostilidade
termina...
– Eu não sei do que você está
falando.
– Não sabe? – ela fez uma expressão
de incredulidade, já prestes a atravessar a porta – Isso é o que veremos...
E, então, ela saiu, afinal, me deixando sozinha, mas não completamente. Como se não bastasse vir me estressar, Manuela ainda tinha feito o enorme favor de encher minha cabeça com besteiras, como se eu já não tivesse milhares de outras coisas com o que me preocupar, problemas demais para lidar. Aliás, um desses problemas envolvia um dicionário, que eu teria que dar para Manu o mais urgente possível para que ela se lembrasse do significado da palavra "amiga".
Eu aposto que não teria nada parecido com "indivíduo disposto a te enlouquecer e trair sua confiança por não ser capaz de esquecer um passado que deveria ser enterrado a sete palmos" na descrição.
Tentei
retornar às minhas atividades comuns antes de dormir, mas não foi tão fácil
depois daquela conversa. Eu tomei banho, hidratei a pele, me vesti, ajeitei o
banheiro, dei uma geral no quarto e fui me deitar ainda com as palavras dela – que mais pareciam uma ameaça do destino – ecoando em minha cabeça. Se minha
situação já estava ruim tendo que lidar com aquela cólica que corroía meu corpo
todo de uma forma terrível, tudo só havia piorado, porque tentar dormir com
cólica e dor de cabeça não é a coisa mais fácil do mundo.
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Capítulo 16, gurias. :)
Então, esse é o capítulo de hoje e esse vai ficar sem ser dedicado para ninguém, por motivos de: São 23h07 e eu andei muito, muito hoje (fui caçar meu material e tudo. Gente, hoje é terça-feira. Semana que vem, dia 10/02 começam minhas aulas. Vocês conseguem ouvir meu choro? Na verdade, provavelmente não, porque quando vocês lerem isso já vou estar na segunda, acho, semana de aula e espero já estar conformada, enfim...). Resumindo, eu estou morrendo de cansaço, mas passando os capítulos rapidinhos para o blog.
Por hoje, é só. Até sábado!
Amo vocês :)
Graças ao not da minha mãe consegui comentar aqui huahu
ResponderExcluireu fico pensando quando acabar essa ib o que vai ser da minha vida hau
Juh, eu to com pressa mas eu precisava comentar aqui pra c saber q eu continuo aqui., e aguardo ate hj um encontro do Chaz e do Lucas huah ia ser hilario, reflita hah
preciso ir, te amo gatinha :3