22 março 2013

4. You make me love you - Capítulo 5



Jogos perigosos


Justin's POV
  
O jogo fora melhor do que eu esperava. Acabei marcando dois gols, Chaz, um e Bryan, outro. Apesar de ser ótimo estar novamente praticando algum esporte depois de tanto tempo em repouso, me senti aliviado quando a partida acabou. Eu não estava tão cansado a ponto de ter que parar, mas era bom saber que o jogo finalmente terminara, junto com as esperanças do outro time de sair como vencedor.

   Rivalidades à parte, estávamos marcando um jogo de basquete futuramente. O fato do outro time concordar tão rapidamente só deixou claro o quanto eles gostavam de perder. Bom, na verdade, eu não tinha muita certeza se era bom nesse determinado esporte, porém uma sensação muito boa tomou conta de mim, após esse assunto começar, o que eu esperava que significasse algo bom.
   Felizmente, ao voltar para a arquibancada, onde estava o resto do meu pessoal, minha mãe já estava com duas garrafas de água e me entregou uma. Virei-a praticamente toda na boca, tentando repor todos os litros de líquido que eu perdera suando. Eu estava me sentindo como se tivesse acabado de percorrer uma maratona... No deserto.

   Me sentei ao lado de Manuela, transferindo Jaxon para o meu outro lado. Minha namorada entrelaçou os dedos nos meus, sem chegar a olhar para mim, mas totalmente consciente da minha presença ali. Manu parecia tão profundamente pensativa, que resolvi dar-lhe um tempo, antes de perturbá-la de verdade.

   Enquanto esperava, observei as coisas acontecerem ao meu redor. Meu pai ainda estava conversando com Theo, o goleiro do time adversário. Já minha mãe, continuava falando com uma senhora que eu tinha certeza de que conhecera há pouco. E, por fim, Chaz estava ali do lado, na companhia de (Seu nome). Ambos pareciam bastante animados, rindo de algo que eu poderia facilmente apostar não ser tão engraçado assim...
     
   – Então, gostaram do jogo? – indaguei, voltando-me para as pessoas próximas a mim.
   – Você foi ótimo. Eu amei! – respondeu Manu, deitando a cabeça em meu ombro devagar.
   – Por que eu não pude jogar? – resmungou Jaxon.
   – Ora, Jaxon, porque se você estivesse jogando não iria ter graça. Imagina... Só você faria gol e o outro time iria ficar em desvantagem por não ter um jogador tão bom! – expliquei, tentando animá-lo – Mas, na próxima vez, jogaremos eu e você. Se você prometer não acabar comigo, claro.
   – Prometo!
   – Ótimo! – sorri, bagunçando seu cabelo – Agora, eu vou tomar um banho e colocar uma roupa menos suada. Será que você pode cuidar da Manu para mim, Jaxon? Não a deixe fugir!
   – Vou ficar de olho! – Jaxon fitou-a com uma expressão séria.

   Manuela riu para mim, abraçando meu irmãozinho de lado, no exato momento em que me levantei. Beijei a testa da minha pequena, antes de afinal pegar minha mochila perto dela. Eu já estava me preparando para ir ao vestiário, quando notei estar desacompanhado. Meu pai possivelmente já deveria estar trocando de roupa e meu melhor amigo estava perdido em algum lugar qualquer.

   Chaz ainda estava com (Seu nome), brincando com Jazzy como se ela fosse irmã deles e não minha. Obviamente, nenhum dos dois parecia ligar para o que acontecia ao redor da cena em particular. Sinceramente, não era uma das coisas mais agradáveis de ver do mundo. Aliás, esse meu amigo deveria lembrar que tem uma namorada em outro país, até porque essa amizade com essa garota não estava parecendo em nada inocente.

   – Ei, hora de parar de incomodar a Jazzy! – alertei, rindo apenas para disfarçar – Para o chuveiro, Somers!
   – Sim, treinador! – brincou Chaz, colocando-se de pé.
   – Justin... – chamou Jazmyn – Onde você está indo?
   – Eu vou tomar um banho para ficar bem cheiroso para você, minha princesa!
  
   Mandei um beijo de longe para Jazmyn, que sorriu para mim em resposta. Eu teria voltado para brincar só um pouquinho com ela, porém Chaz já havia me alcançado e eu estava ansioso para me livrar do suor grudento, que parecia estar em cada canto do meu cansado corpo. Assim, decidi deixar a brincadeira para mais tarde.

   – Justin... – outra voz feminina conhecida me chamou, dessa vez, mais perto.
   – Mãe? – cedi-lhe minha atenção, me aproximando.
   – Está tudo bem? – perguntou, preocupada – Você sabe que eu não gostei nada, nada dessa história do senhor se esforçando, correndo para lá e para cá, não é?
   – Eu estou ótimo. Não precisa se preocupar! – assegurei – Eu estou ótimo agora, do mesmo jeito que estava nas trinta vezes que você me perguntou a mesma coisa no carro...
   – Já entendi! Estou sendo paranoica! – suspirou ela, parecendo envergonhada.
   – Está tudo bem...
   – Então, o que você acha de nos encontramos no restaurante daqui a pouco?
   – Ótimo! – assenti, me afastando novamente.   
  
   Voltei a seguir meu caminho, junto a Chaz, ainda mais ansioso ao sentir a fome começar a aparecer, afinal. Chegar ao vestiário foi uma alegria, que só aumentou ao notar que este começava a ficar vazio. Era um alívio saber que eu não iria precisar aguentar piadas e conversas idiotas e nem que ser obrigado a ver marmanjo com um intelecto baixo desfilando pelos corredores, nus. Seria mais agradável devorar meu próprio corpo do que ter que passar por tal situação.  
   
   Coloquei minha toalha na porta de um dos boxes e larguei minha mochila sobre uma parte da bancada. Eu já estava me preparando para entrar no banho – tirando as chuteiras, meias e a blusa – quando notei meu pai vindo em minha direção, aparentemente bem mais decente e arrumado do que há alguns minutos atrás.

   – Ei, bom jogo hoje, hein? – falou, com um leve ar de orgulho.
   – Para mim, sim. Porém, com você, o caso é outro! – ri, curtindo a minha própria piada – Aliás, pareceu que você estava tendo problemas com o goleiro do time adversário, hein? Ele te deu trabalho, foi?
   – Ok, pode parar por aí! – me repreendeu – Porque, caso você não saiba, quando eu tinha a sua idade, fazia dois gols apenas nos quinze primeiros minutos do primeiro tempo...
   – Acredito. Porém eu sofri um acidente há alguns meses, o que faz de mim, uma grande revelação por ser o cara que levou nosso time à vitória!
   – Sem mais argumentos... – concluiu – E, então, quer que eu te espere?
   – Não, tudo bem! Chaz está comigo... – expliquei – Pode ir. Aliás, as meninas combinaram de ir ao restaurante do clube para almoçar...
   – Ótimo! Então, eu vou me encontrar com elas para esperarmos os dois lerdos!
   – Os dois lerdos que foram ágeis o bastante para marcarem gols incríveis no jogo, você quer dizer, não? – provoquei.
   – Quero ver se o senhor vai ficar se vangloriando, na próxima vez, quando jogaremos basquete... – me desafiou.
   – Pode esperar para ser passado para trás novamente.
   – Duvido!

   E então ele se dirigiu à saída, ainda rindo.

   Sozinho novamente, tirei o short e me dirigi ao meu boxe, onde só então me livrei da última peça de roupa. A minha ansiedade para me sentir limpo de novo sumiu no exato instante em que a primeira gota de água encostou em meu corpo, mais gelada do que eu poderia imaginar. Como todas aquelas pessoas puderam ficar em contato com uma temperatura tão baixa como essa sem congelar?

   Terminei o banho o mais rápido possível, com pressa para vestir logo umas roupas quentes. Assim, sequei meu corpo e amarrei a toalha na cintura, antes de sair do boxe. Passei pelo espelho enorme no centro do vestiário, próximo às pias e parei diante dele, por um longo minuto.

   Respirei fundo, analisando a minha imagem refletida ali. Sentia um leve desconforto no lado esquerdo do meu tronco. Não era uma dor insuportável, mas mesmo assim não era agradável, embora eu tenha preferido guardar isso só para mim. Eu não via motivos para preocupar Pattie com algo que obviamente não era digno de tanta atenção. Era só mais uma sensação desconfortável que se tornara até simples em comparação a todos os dias infinitos naquele hospital.

   Era depressivo pensar que mesmo após tanto tempo esse estúpido acidente ainda conseguia me abalar de alguma forma. Mesmo após o médico ter dito algo sobre as sequelas de tudo isso, eu não esperava que se prolongasse por tanto tempo. Mas, muitas vezes – como agora –, a área do meu tronco próximo à costela fraturada doía levemente e eu ainda sentia como se houvesse um enorme branco em minha cabeça, como se eu estivesse deixando algo muito importante escapar...

   – Saia da frente desse espelho, Bieber! – orientou Chaz, ao sair de um dos boxes e caminhar até sua mochila – Isso é narcisismo!
   – Não sou narcisista! – resmunguei, fazendo o que me fora pedido – Porém, eu sei admirar o que é belo, ok? Aliás, você já viu um homem mais gostoso do que eu?
   – Não. De toda a fila quilométrica de homens que eu admiro todos os dias, você é o mais gostoso de todos. – ironizou – Admito, Justin, você é tão sexy que se eu não tivesse namorada, te arrastava para um desses boxes e te pegava de jeito...
   – Controle-se, Chaz!
  
   Terminamos de nos vestir em silêncio, durante o resto do tempo. O único barulho naquele lugar era o de algumas conversas baixas das últimas pessoas que restaram ali. À medida que eu ia me distraindo e terminando de me arrumar ao pentear o cabelo, a dor em meu corpo ia cedendo lentamente.

   Quando, afinal, saímos do vestiário, o clima externo parecia ter ficado ainda mais frio. Eu considerava isso uma boa coisa, como se a temperatura baixa fosse facilmente reconhecida como algo muito presente em meu passado. Porém, ainda assim, poderia ser melhor caso estivesse nevando.

   Todos estavam nos esperando na porta do restaurante. E, felizmente, devido ao baixo movimento do dia, fomos atendidos mais rápido do que de costume, ao entrarmos. Eu não sabia o porquê, mas ainda não havia me reacostumado com todos os privilégios que a fama me trazia, mesmo que eu me lembrasse perfeitamente do comportamento alheio em relação a mim. Mas, embora eu já estivesse começando a sentir a falta de privacidade como algo contínuo, eu gostava.

   A melhor coisa em todo o meu trabalho público ainda continuava sendo as minhas fãs. Eu não havia encontrado muitas por aí após o acidente, mas as poucas pareciam suficientemente maravilhosas. Além disso, havia ainda a manifestação delas pela internet em tags, vídeos, mensagens preocupadas nas minhas páginas virtuais – todas onde eu tivera que mudar as senhas por demorar a recordar as antigas.
    
   Eu estava ansioso para voltar a trabalhar o mais rápido possível, mas Scooter me aconselhara a esperar mais um pouco. Ele dizia que eu não tinha que me preocupar, pois minhas fãs esperariam o tempo necessário até que eu estivesse completamente recuperado e que só assim para eu conseguir acompanhar a maratona de shows, depois de um lançamento de um novo álbum. Eu sempre discordava por pura teimosia e ansiedade, mas ainda assim eu sabia que não aguentaria com esses desconfortos periódicos.

   Perdido em pensamentos, eu não cheguei a acompanhar o assunto da conversa do almoço, mas tentei me concentrar no que falavam durante a sobremesa, embora o sundae de baunilha e caramelo retivesse minha atenção mais do que o necessário. Apesar disso, felizmente, peguei o momento certo da conversa, quando minha mãe se dirigiu diretamente a mim, pela possível primeira vez.

   – Então, depois do almoço, você já vai querer ir embora, Justin?
   – Hã... Na verdade, eu ia levar a Jazzy e o Jaxon para brincar um pouco no salão de jogos, mas se vocês quiserem, nós já podemos ir! – respondi, pouco animado com a segunda hipótese.
   – Tudo bem! – ela sorriu, discordando do que eu dissera – Eu estava mesmo querendo pesquisar uma coisa, então eu vou estar na biblioteca daqui, ok?
 
   Assenti, enquanto terminávamos de comer, praticamente em silêncio.

   Ao final da refeição, depois de acertamos a conta, acabamos nos separando mais uma vez. Meu pai – após se certificar que poderíamos dar conta de seus filhos – seguiu para a lanchonete do clube para ficar conversando e provocando os amigos dele do outro time. Minha mãe fez o que havia dito e seguiu para a biblioteca, junto com a moça com que estivera conversando no ginásio. E eu, Manuela, Chaz e (Seu nome) seguimos para a sala de jogos com os meus irmãos hiperativos.

   O lugar estava bem mais vazio do que eu imaginara. No primeiro andar, praticamente, havia só as funcionárias do próprio clube supervisionando e dois adolescentes disputando um jogo de corrida. Porém, ainda dava para escutar uma leve movimentação que provavelmente vinha do andar de cima, onde ficava os brinquedos mais infantis, que era exatamente para onde nos iríamos – uma piscina de bolinhas poderia facilmente satisfazer Jaxon.

   – A gente poderia aproveitar que aqui está vazio e namorar um pouquinho, hein? – sussurrei, contornando a cintura de Manuela devagar.
   – Justin... – suspirou Manu, com um leve ar de reprovação diante da minha ideia.
   – Ah, não use esse tom comigo, garota! – a repreendi discretamente, rindo – Eu nem lembro qual foi a última vez que eu te beijei. Essa história de ter um relacionamento secreto é muito, muito chata!
   – Pode até ser, mas isso tudo é culpa sua. Ou você acha que eu ficaria bem em saber que a qualquer momento uma belieber pode tentar me mat... – ela se interrompeu de repente, desviando-se do caminho – Ei!

   Não sei qual o meu problema, mas aparentemente eu devo beijar muito mal para a minha namorada recusar uma ótima proposta e, pior, sair andando igual uma louca na direção oposta às escadas em que estávamos indo. É claro que o problema dessa situação pode estar em mim ou na cabeça dela e, sinceramente, prefiro acreditar na segunda opção, que deixa o meu ego um pouquinho melhor.

   – Ei, olhem esse jogo! – falou maravilhada – Eu amo isso!

   Obviamente, nos desviamos do nosso caminho, quando Manuela começou a ter um leve ataque de histeria ao ver um desses jogos de dança, completamente livre – como a maioria dos jogos eletrônicos ali. Eu achava que isso estava ficando ligeiramente ultrapassado, mas aparentemente os fabricantes, não, já que novas versões eram lançadas frequentemente, apenas se adequando aos videogames e aparelhos eletrônicos novos.

   – Sério isso, Manuela? – arfou Chaz, colocando Jazmyn, que estava em seu colo, no chão – Esse treco é tão velho e tão menininha...
   – Bom, Chaz, caso você não tenha percebido... Eu sou uma menina! – resmungou Manu, ligeiramente insatisfeita com as palavras do meu amigo.
   – Não ligue, pequena! – ri – Eu acho que alguém por aqui só está frustrado, porque não sabe dançar, então nunca poderá jogar algo assim...
   – Você está me desafiando, Bieber? – a expressão dele mudou rapidamente para uma nem tão amistosa.
   – Entenda como quiser...
   – Então, o que você acha de uma aposta? – desafiou – Aposto cem pratas que eu ganho fácil de você nesse joguinho idiota!
  
   Ele não precisou falar duas vezes. Antes que qualquer um pudesse impedir ou antes mesmo que eu me lembrasse de que tinha que levar duas pessoinhas para a piscina de bolinhas, eu e Chaz já tínhamos começado o desafio. A música escolhida fora uma do Flo Rida e a coreografia mostrada na enorme tela daquela área parecia muito mais simples do que eu pensava. Não seria tão difícil assim ganhar essa!

   Eu sabia que era bom dançarino, então em algum momento dos meus passos sincronizados me sentia mal por ter entrado nessa. Mas o mal estar passou assim que lembrei que se eu sabia disso, Chaz tinha que saber também, ou seja, a culpa do resultado final seria completa responsabilidade dele. Com a minha concentração focada completamente em reproduzir os passos mostrados, chegamos ao final sem mais complicações. Pelo menos, para mim.

   – Parece que alguém me deve uma grana, não? – provoquei, respirando fundo e começando a sentir os efeitos daquela rodada.
   – Isso não é justo! – resmungou – Você só pode ter trapaceado. Pode falar, Justin... O que você fez?
   – Por favor, Somers... Não é minha culpa se eu danço bem e você parece ter dois pés esquerdos!
   – Dois pés esquerdos? Ah, eu vou fazer você engolir esses pés... – continuou, nem um pouco feliz – Vamos mais uma vez. Quero revanche!
   – Revanche, nada! – se intrometeu Manu, discordando antes que eu pudesse fazê-lo – Você teve a sua chance, Chaz, e a desperdiçou. E, se bem me lembro, fui eu quem viu o jogo primeiro, então, abra espaço, porque a bailarina aqui vai te ensinar uma coisa...

   Manuela tomou o lugar de Chaz rapidamente, expulsando suas expectativas ilusórias de me vencer em outra rodada. Porém, ela também não parecia muito inofensiva em relação a esse jogo tão simplório. Manu me fitava com um leve ar de desafio, como se ganhar aquilo fosse algo tão fácil, que eu não seria problema para ela. Na verdade, poderia até ser, já que a maior parte do público desse tipo de jogo é mesmo feminina...

   – Pronta para perder, gatinha? – provoquei.
   – Perder? É o que veremos... – respondeu, confiante. – A aposta ainda está valendo?
   – Se estiver com vontade de perder dinheiro, claro que sim!

   Começamos a jogar novamente. Dessa vez, devido à minha desafiante, era um estilo musical mais feminino. Eu gostava daquela música da Katy Perry e, além disso, me lembrava remotamente da vez em que ele me ligara, após o acidente, como sempre com aquele jeito dela de conseguir deixar qualquer um mais animado.

   Embora os passos agora fossem bem diferentes do estilo anterior, eu ainda estava me dando bem. Por um minuto, considerei a ideia de escorregar na coreografia e deixar com que minha pequena ganhasse, mas desisti rapidamente. Primeiro, porque não parecia justo. E, segundo, porque eu não conseguia ser discreto o bastante, o que significava que ela entenderia facilmente o que eu quisera fazer e isso me renderia um desentendimento profundo, já que embora não demonstrasse, Manu – como toda mulher – era bastante orgulhosa. Assim, sem intervenções, o resultado não foi menos do que esperado...

   – Eu avisei... – sussurrei baixinho.
   – Cala a boca! – rosnou ela, nem um pouco contente.
   – Então, agora que eu já ganhei de todos os metidos a dançarinos, nós podemos continuar a nossa jornada ou vocês não se cansaram de perder? – continuei, ignorando a insatisfação da minha namorada.
   – Quase todos... – Chaz se manifestou novamente – Eu aposto o dobro do que apostei antes que a (Seu nome) te ganha, de olhos fechados... Bom, não literalmente, mas você entendeu!
  
   Acho que eu não era o único que não esperava por esse desafio, já que (Seu nome) – que estava brincando despreocupadamente com meus irmãos, fazendo caretas e cócegas neles, completamente inconsciente da nossa disputa – fuzilou Chaz com os olhos, como se ele tivesse acabado de dizer um enorme absurdo. Não fiquei muito à vontade com essa ideia, mas pior ainda seria dar para trás agora que eu estava me saindo perfeitamente naquele joguinho idiota.

   – Bom, se eu fosse você não estaria tão confiante, afinal, parece que o senhor não está tendo muita sorte com apostas hoje, Somers! – tentei fazer parecer que essa proposta não era nem um pouco desconfortável.
   – Na verdade, eu não acho que seja uma boa ideia... – discordou (Seu nome), muito sábia ao dizer tal coisa.
   – Por quê? – perguntou Manu – Está com medo?

   Houve um longo minuto de silêncio, que foi preenchido apenas pelos olhares trocados por (Seu nome) e Manuela. As duas se encaravam com uma expressão firme que eu poderia jurar ser um misto de desprezo com outro sentimento igualmente negativo. Era estranho visualizar esse nível de tensão, já que a considerar pelo que me fora contado, elas eram grandes amigas. Mas eu não podia ter certeza disso...

   – Ok, então! – falou (Seu nome) por fim, enquanto um leve sorriso malicioso se desenhava em seu rosto – Vamos jogar?
 
   Não respondi, apenas deixei que ela assumisse seu lugar, após deixar meus irmãos na companhia de Chaz. Iniciamos outra rodada o mais rápido possível, já que eu estava com uma pressa absurda para que acabasse logo. Não que eu estivesse com medo de perder. Pelo contrário, essa garota me provocava uma insegurança que ia muito além de um jogo bobo de dança.

   Eu nem conseguia prestar atenção direito na música que estávamos dançando, enquanto me esforçava para manter o foco apenas na tela e, assim, não fazer qualquer tipo de contato visual com a minha concorrente. Embora eu tentasse permanecer relaxado, quando se tratava dessa garota, eu simplesmente não conseguia. Era quase como se tivesse uma força maior vinda do universo que me alertava para não me aproximar dela.

   Estava dançando tão automaticamente que me surpreendi, quando a música chegou ao fim, junto com a coreografia. Não tinha nem ideia se havia ido bem dessa vez, mas a julgar pelas anteriores, havia grandes chances de eu ter ganhado novamente. Porém, para a minha surpresa, o empate esmagou todas as minhas expectativas. Pelo menos, esse momento estranho já tinha acabado, não importando quem venceu ou não.

   – Bom, acho que é isso! – suspirou (Seu nome) – Agora que terminamos, você está feliz, Chaz?
   – Nem um pouco... – ele nos surpreendeu com sua loucura iminente – Eu não estou apostando o meu suado dinheiro para vocês terminarem nesse empate. Podem ir se preparando para jogarem outra vez!
   – Você está brincando, não é? – arrisquei, esperançoso.
   – Na verdade, eu concordo com o Chaz, dessa vez! – falou Manu, com um sorriso daqueles que não dá para dizer não.
   – Sendo assim, vamos de novo... – respirei fundo – Tudo bem para você, (Seu nome)?
   – Por mim, tudo bem! – ela deu de ombros casualmente – Afinal, vai ser o Chaz que vai fazer a massagem nos meus pés à noite...

   Ouvi Chaz reclamar qualquer coisa atrás de nós e, então, recomeçamos a jogar. Eu já estava até ficando um pouco cansado, afinal, já era a minha quarta vez naquele joguinho animado demais, após uma longa partida de futebol. Assim, eu realmente queria que tudo isso acabasse logo, mas junto a isso, eu também não tinha certeza se queria ganhar dessa garota em especial.

    – Acho melhor a gente levar a Jazzy e o Jaxon para brincar, enquanto eles terminam, hein, Chaz? – a voz de Manu soou baixa atrás do meu foco na tela.
    – Ah, daqui a pouco... – respondeu Chaz – Eu quero ver quem vai ganhar. O meu dinheiro está em jogo!
    – Chaz...
    – Ok. – suspirou, descontente – Vamos!
    – Vocês ouviram? – ela agora se dirigia a mim e a (Seu nome) – Quando vocês acabarem, nós estaremos no segundo andar, ok? Não demorem, por favor!

   Se eu não estivesse quase sem fôlego, teria pedido para que esperassem. Porém, antes que eu pudesse manifestar minha insatisfação, eles já estavam seguindo para longe dali e consequentemente me deixando completamente sozinho com a (Seu nome). Por um motivo desconhecido, isso não soava como a melhor coisa do mundo para mim. Ao invés disso, senti vontade de fingir que torci o pé, só para poder sair dali.

   Justin, o que é isso? É só uma garota, não um monstro. Aliás, você é um homem maduro e deve se comportar como tal, o que significa nada de acidentes falsos ou teatros ridículos para fugir da situação...

   Embora eu estivesse mantendo o controle por fora, não era tão fácil fazer isso internamente. Eu ainda não me sentia completamente confortável estando na companhia de uma garota que me parecia uma total estranha. Pior do que isso era saber que todo mundo tinha a total certeza de que eu a conhecia, porém eu ser o único que não me lembrava disso. Além disso, se eu realmente a conhecesse, ela seria o tipo de pessoa com que eu tinha ou não um bom relacionamento?

   Bom, a julgar pelo que eu percebi em seguida, posso afirmar que a nossa relação com certeza não era das melhores...

   A música parou, de repente, me pegando de surpresa. Porém, a pior parte veio depois, quando aquele jogo estupidamente idiota e possivelmente manipulado informava que eu havia perdido naquela vez. E perdido para a última pessoa na face da Terra que eu esperava um resultado parecido. Talvez eu devesse ter considerado essa possibilidade, já que a rotina dela devesse parecer com a minha normalmente, mas ainda assim parecia horrível ter sido vencido tão facilmente.

   – Você trapaceou? – as palavras pularam da minha boca, antes que eu pudesse ao menos tentar impedir.
 
   (Seu nome) virou se para mim, ligeiramente surpresa. Imediatamente, foquei minha atenção no chão, por pura vergonha de ter dito aquilo em voz alta ou talvez automaticamente, como eu sempre fazia. Eu tinha uma leve suspeita de que ela tinha olhos bonitos, mas nem isso me deixava curioso o suficiente para deixar que o nosso contato visual ultrapassasse uns dois segundos.

   – Você falou comigo? – ela suspirou devagar, me fazendo ter certeza de que ainda olhava insistentemente para mim.
   – Não... – respondi depressa. – Bom, sim, mas não era importante... Esquece!
   – Fazer isso parece mais fácil para você... – seu tom de voz foi baixo o suficiente para que eu tivesse certeza de que ela não esperava que eu ouvisse.
   – O que você quer dizer?
   – Hã... Nada! – arfou – É melhor nós irmos encontrar seus irmãozinhos, não? Aliás, temos que dizer a Chaz que o dinheiro dele está a salvo.
  
   Assenti, sem me convencer por sua troca repentina de assunto, mas ao mesmo tempo com a consciência de que não poderia pressioná-la sobre o significado de suas palavras. Eu não tinha como exigir nada de uma garota que eu sequer falava direito. Embora o que ela dissera – ou o que eu ouvira, talvez – não fosse uma das coisas mais gentis do mundo, não fugia dos direitos dela de dizer o que quisesse.

   Mesmo que eu estivesse mantendo um passo constantemente normal, (Seu nome) ainda conseguiu ficar logo atrás de mim. Tentei desacelerar um pouco, mas eu tinha certeza de que ela pararia de andar se eu o fizesse. Assim, me sentindo um covarde por meu comportamento sem fundamentos, apenas continuei caminhando no silêncio absoluto, que só era interrompido pela animação do andar superior.

   – Justin... – a voz feminina atrás de mim fez meu corpo gelar por um segundo inteiro.
   – O quê? – perguntei, sem coragem de me virar para encará-la.

   Houve uma pausa breve, em que eu permaneci sem resposta alguma. Durante esse tempo – suficiente para que chegássemos ao segundo andar –, cheguei a imaginar que a tudo não passara de uma ilusão minha e que (Seu nome) nem sequer havia chamado o meu nome. Mas eu estava errado.                
    
   – Deixa! – respondeu, por fim – Não era nada...

   Pelo jeito como ela falara, eu tive a certeza de que era sim alguma coisa. Mas, embora o meu conhecimento sobre mulheres fosse o bastante, eu não insisti no assunto. Talvez pelo fato de já estarmos chegando até onde havíamos combinado ou por puro receio de ouvir qualquer outra coisa que pudesse ser importante de alguma forma.

   Sinceramente, muitas vezes, eu me sentia mal por agir com tanta frieza com a (Seu nome), mas logo em seguida vinha a impressão de que era melhor assim, o que me fazia ignorar esse sentimento. Era como se minhas atitudes impulsivas fossem uma simples proteção para os meus próprios problemas futuros, como se meu subconsciente soubesse que ela não era o tipo de pessoa com quem eu deveria me envolver. Ou seja, se eu forçasse a gentileza talvez o resultado pudesse ser ainda pior.

    A verdade é que a minha vida parecia perfeitamente satisfatória do jeito que estava, então, eu não precisaria de mais alguém que pudesse bagunçar os meus conceitos. Em outras palavras, independente das circunstâncias, eu parecia melhor sem ela... 

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Awn, capítulo 5 super atrasado, porém postado! Perdoem-me!
   Eu sei que eu estou demorando bem mais que o usual para postar, mas esses dias tem sido corrido para mim. Março é um mês tão superlotado, porque parece que todos que eu conheço fazem aniversário, além de ter preparação para feriados e para o começo das aulas. Então, parece que tudo ultimamente tem tomado meu tempo. Me desculpem mesmo!
   Então, para todas as leitoraz confusas e perdidas na história, eu postei uma explicação sobre tudo o que está acontecendo, lá na page do blog no facebook. Para ler, clique aqui.

   O capítulo de hoje vai ser dedicado para a minha leitora empolgada, a @takeyoujust3n. Espero que a demora tenha valido a pena, bebê! :) Obrigada pela animação, minha linda!
  
   Por hoje, é só! E eu espero que tenham gostado do capítulo!

7 comentários:

  1. ´´eu parecia melhor sem ela´´ o caralho filho, vc tem que lembrar da (seu nome) logo, pq se não vou te quebrar de pau!!!!!!!!!!!11

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    1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk quebra mesmo quebra e eu te ajudo nessa merda

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  2. auuuuuwn! continua logo da prox *--*

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  3. OMG...*O* estou perplexa, como assim está melhor sem a ela seu idiota? rsrs' Caramba realmente a situação não está fácil pra SN, espero que Justin tome consciencia da situação e crie coragem de ter uma conversa com ela, e jogue esse medo fora!! kkkk'
    Ótimo presente de aniversárioo p/ mim...esse capítulo <3
    Ameii como sempre..Continua logo Jú!!! Plz!
    xoxoxo... By: Juliana mº

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    1. Awn, é seu aniversário, Ju? E você só me fala agora? hahahah
      Então, parabéns, minha linda! Tudo de bom para você, princesa... :)

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  4. hhhmm essa sua explicaão no face me ajudou um pk as coisas ja estao começando a clarear na minha mente heheh enfim....esse jogo foi otiimoo nos dois jiogos claro maas tava na cara que eu ia ganhar neh kkkk continua logo Juh e ve senão demora de nv bjuuus lindaaa @biebasmypride

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  5. cara sério ele tem que lembrar de mim logo u.u

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