11 janeiro 2014

5. You Make Me Love You - Capítulo 5

Provocação na linha


Belieber's POV
   Harry ainda não tinha saído do banheiro e eu voltei a pegar meu pequeno caderno que fora largado em cima da cama, exatamente por culpa dele. Folheei algumas páginas até chegar a uma velha canção que eu havia escrito especialmente para Manuela. Nela, eu falava sobre amizade, utilizando palavras delicadas como "incondicionalmente", "coração" e "doces" – sim, doces, mas era uma música para a Manu, então, não poderia destoar muito disso. No canto da página, havia alguns versos com a palavra "louca" riscados.

    Em um minuto, decidi parar de adiar o que eu mais queria fazer. Era hora de ligar para Manuela e colocar em dia todos os compromissos que nós duas havíamos marcado para as duas semanas que se seguiriam. Na minha cabeça, ela já poderia ter chegado há bastante tempo, mas isso incluía ter que maneirar um pouco nas coisas com Harry e não era algo tão simples de se fazer... Eu já estava até sentindo falta dele, apesar do fato de que só havia uma porta nos separando no momento.

    Delicadamente, peguei meu celular em cima da mesa de cabeceira e apressei-me para desbloquear a tela e buscar o número da minha melhor amiga entre tantos outros, tendo que resistir a vontade de ficar admirando aquela perfeita foto ao lado de Lucas – Harry simplesmente se corroía de ciúmes daquela foto e, sempre que era possível, mudava para uma somente dele, em uma posição mais gay do que eu achava ser possível, no auge do seu lado mais narcisista. De qualquer forma, tempo era algo que parecia ser importante para Manuela, considerando que tive que ligar várias vezes até que minha ligação fosse aceita.

    – Quem é, hein? – a voz pareceu arrastada e sua respiração estava ofegante, logo que me atendeu com uma hostilidade desnecessária.
    – Nossa, Manuela, você tem um jeito maravilhoso de cumprimentar as amigas que não vê há tanto tempo, hein? – revirei os olhos, sem paciência para o comportamento despropositado dela – É muito legal falar com você também...
    – (Seu nome)? – ela pareceu finalmente me dar a importância que eu merecia – Me desculpa, amiga, mas eu estava me preparando para dormir e, bem, você sabe como é... Eu passei o dia todo arrumando as malas para a viagem, ajeitando a casa para que nada fique fora do lugar quando eu for viajar para te ver. E ainda estou meio enrolada com uns compromissos, então...

    Eu compreendia que não era só porque eu tinha acabado uma turnê que o mundo inteiro também tiraria férias junto comigo, mas me frustrava um pouco não ter amigas desocupadas quando eu precisava. Aliás, chegava a me incomodar a ideia de estar perturbando alguém àquela hora da noite, mesmo que esse alguém fosse Manuela, minha melhor amiga, com quem eu provavelmente tinha carta branca para ligar e surtar quando bem entendesse.

    – Tudo bem, Manuela, eu só queria confirmar que você... – não fui capaz de terminar a frase como eu gostaria.
    – Manu... – uma voz masculina soou ao fundo da ligação, sem me parecer minimamente estranha.
    – Calma! – ela sussurrou, se afastando o telefone possivelmente, considerando que fora tão complicado de ouvir.
    – Manuela, você está me escutando? – perguntei, segurando uma risada.
    – Hã... Claro, por que não estaria? – ela não me passou muita segurança com seu tom trêmulo.
    – Então, você estava falando sobre estar enrolada com alguns compromissos... Muito legal esse novo apelido que você deu para o Ryan! – provoquei, agarrando-me ao travesseiro, enquanto falava – Manda um beijo para ele, Manu.
    – (Seu nome), quer calar a boca? De que Ryan você está falando? Não tem nenhum Ryan aqui comigo...
    – Vocês estão falando de mim? – Ryan voltou a falar, parecendo impaciente ao lado de minha amiga – Manuela, com que você está falando? Ainda vai demorar muito, por acaso? Paciência não é uma das minhas virtudes...
    – Ai, Ryan, é a (Seu nome)! – Manuela bufou, ainda mais impaciente.
    – E o que você está esperando para desligar logo? Diga que eu mandei um beijo e amanhã vocês conversam o que tem que conversar. Até porque você vai ficar com ela durante sabe-se lá quanto tempo e eu, bem, eu não sei se posso esperar muito mais...
    – Olha, Ryan, eu te amo, mas seria tão bom se você fechasse a boca só um pouquinho. Eu estou ocupada. Seja paciente, só um pouco, eu compenso toda a espera depois. Prometo! – ela demorou um pouco mais de tempo para se aproximar do telefone dessa vez e voltar a se dirigir a mim – Então, (Seu nome), sobre o que mesmo nós estávamos falando?
    – Sobre eu ter atrapalhado o seu momento íntimo com o Ryan...  Desculpe-me, senhorita! Foi realmente indelicado da minha parte.
    – Você é muito chata, sabia?

    O esforço de Manuela para esconder a simples verdade era tanto que eu não podia somente ignorar e deixar que isso passasse em branco. Poderiam se passar anos e até décadas, mas eu realmente não conseguia pensar em nada melhor do que provocar uma amiga. Ainda mais quando essa sua amiga continuava doce o bastante para te ofender apenas com palavras feias utilizadas por crianças na pré-escola.

    – Tudo bem, Manu, vou me aquietar... – ri, imaginando sozinha se Manuela estaria corando do outro lado da linha, como costumava fazer, ou se ela havia perdido esse hábito, junto com uma boa dose de vergonha na cara.
    – Então, o que nós estávamos falando? – perguntou ela, fazendo com que a sua ansiedade para mudar de assunto fosse facilmente identificada.
    – Eu liguei só para saber quando a senhorita vai retirar essa bundinha preguiçosa da cama e pousar por aqui, hein? Eu estou precisando de você, sua magrela insuportável!
    – Deve estar precisando de mim só para ter alguém para ter servir, não é, sedentária? O que foi, hein, (Seu nome)? Seu noivo cansou de você e fugiu? Não o culpo por isso... – eu não sabia desde quando Manuela havia ficado tão inconveniente àquele ponto, mas eu teria batido nela, caso estivéssemos no mesmo ambiente – Enfim, (Seu nome), caso você não tenha escutado, eu falei que estava fazendo as malas ainda hoje, então... O meu voo sairá amanhã, no final da tarde, e eu devo estar chegando aí de noite. Talvez eu pudesse ter feito uma surpresa, mas a sua paranoia estragou tudo. Obrigada!

    Manuela sempre utilizava aquela desculpa barata de “eu poderia ter feito uma surpresa” quando alguém lhe cobrava algo que ela estava protelando para fazer. Em toda a minha vida, eu só ouvira essa frase sair da sua boca com um pingo de verdade duas vezes e, aquela, com certeza, não estava incluída. Se eu não ligasse, perguntasse ou me preocupasse, Manuela Magalhães ficaria durante um tempo incalculável nos braços de Ryan, antes de sequer lembrar-se da minha existência.

    – Tudo bem, Manuela... – suspirei, fingindo que não a conhecia o suficiente. – Então, amanhã você deve estar chegando aqui... Vou ficar te esperando! Nós temos muita coisa para colocar em dia.
    – Nisso, eu concordo. – houve uma pausa do outro lado da linha e eu fiquei em dúvida se Manuela estava me ignorando para se agarrar com Ryan ou se estava apenas pensando em silêncio – (Seu nome)... Por acaso, iria te incomodar caso eu levasse um amigo para ficar esses dias na sua casa comigo?

     Involuntariamente minhas sobrancelhas se uniram de confusão, já que a morena não fazia o tipo que perguntava coisas assim, afinal, nós nos conhecíamos a tanto tempo que era óbvio que ela tinha liberdade para fazer o que quisesse dentro da minha propriedade. Por isso, permiti a mim mesma ficar desconfiada durante um minuto, mas passou depressa, no momento em que meu cérebro voltou a funcionar com a mesma agilidade de sempre. Era ululante que só havia uma pessoa passando pela mente de Manuela quando ela perguntava algo assim. A mesma pessoa que nunca saia da parte ainda funcional de seu cérebro. Ryan.

    – Não vejo porque não... – ri, sem graça, controlando ao máximo qualquer tipo de provocação – Fique a vontade para trazer aqui quem bem entender!
    – Sério? – seu jeito surpreso não me pareceu tão adequado, mas relevei – Bom, obrigada, então. Eu devo aparecer por aí amanhã. E, só para você saber... Mesmo você sendo insuportavelmente imatura, eu sinto muito a sua falta!

    Manuela me chamando de imatura? O que é isso? Algum universo paralelo?

    – Eu também sinto sua falta, Manu. Eu te adoro, sua grande boba, e é por isso que eu quero que você me faça um favor... É muito importante, tudo bem?
    – Ok, pode falar! – sua respiração pareceu pesada ao meu ouvido.
    – Não se esquece de usar camisinha, amiga! – disparei, provocando-a.
    – (Seu nome), vai se f...

    Não esperei para terminar de ouvir a resposta, mas as meias palavras que chegaram ao meu ouvido, antes que eu desligasse, fizeram com que eu já ficasse com raiva. Manuela nunca falava palavrão – jamais – e, se ela começasse com esse comportamento indevido já nessa etapa da vida, significava que eu tinha falhado em ser uma boa amiga e cuidar da cabecinha de vento daquela garota. E eu me recusava a crer que eu era uma amiga ruim, ainda mais a aguentando por tanto tempo.

    Eu estava recriando em minha mente todos os momentos mais bizarros e também os mais terríveis que eu passara ao lado de Manu, mas sinceramente não era nada com o qual eu já não estivesse acostumada a lidar. Então, eu já estava preparada para a sua chegada no dia seguinte, seria mais ou menos como a chegada do verão na vida de uma pessoa triste. Às vezes o sol incomoda um pouco demais, mas é melhor do que os dias de tempestade.

    Espera! Eu bebi? Que filosofia barata é essa?

    – (Seu nome)...

    Harry já havia voltado do banheiro e assumido seu lugar na cama, sem que eu nem percebesse. Seu olhar sobre mim parecia frustrado, mas ele iria superar. Sempre superava. A única pessoa que não conseguia superar a mim era eu mesma. Algumas vezes como aquela, minha teimosia e meu desejo desenfreado por vinganças bobas faziam com que eu ficasse me remoendo durante um longo tempo. E, aparentemente, naquela noite eu ainda iria me lamentar muito por ser tão orgulhosa.

    – Com quem você estava falando, mocinha? – Harry miou no meu ouvido, enquanto ajeitava o travesseiro embaixo da sua cabeça.
    – Manuela... – sorri, virando-me para ele também, ainda com o caderno em mãos. –  Ela deve chegar amanhã de noite. Nós temos que preparar alguma coisa...
    – Tudo bem. – seu suspiro tomou conta do quarto.
    – Harry, você está chateado? – murmurei, esperando por uma mentira qualquer, porém doce, enquanto me aproximava devagar, tocando seu rosto com o meu.
    – Na verdade, não. Acho que eu ainda estou contando com aquela história sobre a nossa lua de mel, então por enquanto, está tudo bem. Por enquanto.
    – Bem... Você está a fim de compor comigo? – era uma proposta amigável.

    A real verdade era que eu sabia não precisar disso, porque Harry não estava tão chateado quanto eu estava comigo, mas a pergunta saiu mesmo assim. Beijando a minha bochecha suavemente, ele pegou o lápis que ficava na espiral do caderno e começou a traçá-lo com leveza pela página que estava aberta em minhas mãos. Não me preocupei e, com atenção, deixei que ele finalizasse o que poderia ser o começo de alguma coisa.

    Quando Harry afinal afastou o grafite da folha, revelando o que ele havia escrito, um sorriso sem graça tomou conta do meu rosto e eu corei, involuntariamente. Em sua caligrafia incomum, se lia um “Eu te amo” quase desenhado, que ocupava a folha toda e só servia para aumentar ainda mais o meu nível de culpa.

    – Isso é lindo, mas... – tentei parar de sorrir por um minuto, mas não tive muito sucesso – Mas você não acha que uma música precisa ter mais do que três palavras?
    – Quando essas três palavras saem dos seus lábios, bom, já parece música suficiente para mim!
    – Bom... – me aproximei dele, devagar, sentindo aquele mesmo frio na barriga que me atingira no nosso primeiro beijo – O que você acha de cantar comigo?

    Lentamente, fechei os olhos e permiti que seus lábios me envolvessem de uma vez. Um beijo, um olhar que abalava meu coração e a noite durou bem mais do que eu pensava...


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    Então, gatas, como vocês estão? Eu espero que bem, porque... Eu não sei, eu sempre quero que vocês estejam bem mesmo. Hahahaha. Enfim, esse capítulo é simples, de transição e tudo mais, mas eu espero que vocês gostem mesmo assim e retirem do coração esse ódio que vocês sentem pela Manu. Eu sei, eu sei, vocês devem estar pensando "Essa garota é louca, completamente louca, passou temporadas inteiras querendo que odiássemos a personagem e, agora, que o fizemos, ela fica querendo voltar atrás?" ksaposkaoskas Bom, não é isso. Não EXATAMENTE isso, mas... Eu só não queria que vocês ficassem com muito mimimi com ela, porque eu já tinha planejado tudo o que ela faria, mas é a vida. As pessoas erram e a se perdoa tudo. Então, voltem a amar a Manu e, principalmente, voltem a amar tanto quanto eu Manu e Ryan, nhonhonho (:
    Por hoje, é só, minhas lindas. Os capítulos seguintes já estão salvos no blog e o sexto será postado na quarta e o sétimo no próximo sábado, provavelmente ao mesmo horário, mas eu apareço no twitter talvez para avisar a vocês. Então, é isso, eu espero que gostem. Um beijo enorme para vocês e durmam bem!

Um comentário:

  1. Sabrina- @swagdobieber_12 de janeiro de 2014 às 01:57

    Amei esse capítulo pelo simples motivo de desconfiar que no próximo capítulo o Justin irá aparecer. Psé, imagino demais... eu acho. Espero que seja isso mesmo, estou anciosa para o próximo capítulo.

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