22 janeiro 2013

3. You Make Me Love You - Capítulo 46



Resolvendo conflitos

Belieber's POV

  
A falta de conforto me arrastou para fora do meu tranquilo sonho. As imagens da perfeita combinação que era gerada entre o Justin e o Brasil sumiram da minha mente, quando abri os olhos. Acordar era definitivamente estranho. Meus olhos não conseguiam se acostumar com a sensação de enxergar. Após passar tanto tempo no escuro, ver tudo embaçado me desesperava.

   A compressa de água quente – agora possivelmente fria – estava jogada sobre o chão, enquanto o braço do meu namorado permanecia sobre em minha cintura. A julgar pela sua falta de dinamismo desde então, aparentemente, ele havia dormindo também. O resto da sala de estar ainda parecia embaralhado em minha cabeça.

   Me movi discretamente, tentando levantar sem incomodá-lo, mas foi inevitável. Assim que me movi um milímetro, o garoto atrás de mim se remexeu, apertando sua mão em minha cintura e meu corpo travou diante de sua reação. Voltei a me deitar na posição anterior, apenas com o propósito de não acordá-lo, mas já não parecia mais necessário. Justin se debruçou sobre mim, beijando meu rosto e conseguindo me roubar um estúpido pequeno sorriso.

   - Eca...

   A voz de Lucas ecoou em outro ponto da casa, mais precisamente perto das escadas. Precisei me endireitar para olhar para ele e analisar sua típica expressão de desgosto, comum sempre que ele via qualquer cena minimamente fofa entre mim e o meu perfeito namorado. Eu fazia esforço para ocultar, mas era impossível não achar essas faíscas de ciúmes incrivelmente encantadoras.

   Sorri, encorajando-o a ser mais flexível, porém ele não prestou tanta atenção assim. Continuando o que estava fazendo, ele voltou a sua atenção a diversos DVDs que carregava e foi passando um por um, lendo os títulos. Eu não tinha ideia de onde ele tinha conseguido aquilo, mas o silêncio era melhor do que perguntar algo à Lucas, já que o idiota provavelmente daria uma resposta tão subjetiva que não adiantaria de nada.

   Me desligando um pouco do humor azedo de Lucas, me virei novamente para Justin. Este estava me fitando atentamente, sem prestar qualquer atenção ao meu melhor amigo, enquanto brincava com o meu cabelo, parecendo desligado do resto do mundo. Possivelmente, fora por conta disso que ele demorou tanto para se dirigir diretamente a mim.

   - Então, está melhor? – perguntou, por fim.
   - Felizmente, sim. Eu nem acredito que sobrevivi... – suspirei, dramática. – Mas para dizer a verdade, ainda corro certos riscos de vida se não ingerir nada nos próximos minutos.
   - Você não é a única!

   Me sentei no sofá, procurando qualquer coisa que pudesse me informar as horas. Peguei relógio de pulso jogado sobre a mesa de centro, ao lado de algumas revistas e, este indicava ser um pouco mais de 16h. Isso explicava muita coisa, inclusive a dor provocada pelo meu estômago oco, que – faminto por horas – implorava por comida.

   Já estava me levantando, segurando a mão de Justin suavemente, pronto para arrastá-lo comigo até a cozinha, quando fui surpreendida por uma hostilidade desnecessária. Admito que não deveria me dar ao luxo de ficar surpresa por conflitos entre os dois garotos da minha vida, mas a maneira pela qual começavam eram um pouco improvável.

   - Ei, esses DVDs são os meus? – indagou Justin, parcialmente perplexo.
   - São... – a indiferença de Lucas pareceu levemente grosseira. – Por quê?
   - Bom, onde você os conseguiu?
   - Onde mais? No seu quarto... – o loiro mal olhava Justin, ocupado demais com os objetos que carregava.
   - E desde quando você entra lá sem o meu consentimento? – foi nesse momento, após uma fala nada pacífica do meu namorado, que eu tive certeza que os dois começariam a fazer com que aquilo tomasse proporções absurdas.
   - Desde quando eu quis! E, aliás, só para sua informação, você tem um mau gosto absurdo. Eu quase fiquei em dúvida se estava mesmo entrando no seu quarto ou no de uma garotinha de 10 anos. Se bem que, pensando melhor, não há muita diferença...
   - É, aposto que não mesmo, afinal, você entende bem disso, não é? Acabou de fazer cinco anos há pouco tempo, não? – nota mental: Justin fica lindo quando é irônico.
   - Moleque, perdeu a noção do perigo foi?

   Alerta vermelho!

   Lucas deu apenas um passo à frente na direção de Justin e, então, os músculos do seu braço pareceram se inflar de raiva. O loiro não era uma pessoa muito calma quanto se tratava de pessoas que ele já desaprovava e se as organizasse em uma lista, provavelmente, meu namorado estaria em primeiro lugar. Eu ainda me sentia culpada por saber que isso tudo ainda derivava do que havia acontecido há dois anos.
 
   Antes que aquela pequena confusão acabasse por deixar alguém machucado de verdade, me coloquei entre eles. A expressão insatisfeita junto aos braços cruzados em desaprovação me fazia parecer um pouco mais severa, porém nem aquilo parecia ser suficiente para amenizar a raiva que emanava dos olhos dos dois...

   - Ei, já chega! – berrei. – Vocês dois, parem já!
   - Foi esse idiota quem começou! - apontou Justin, sem parecer nem um pouco arrependido ou calmo.
   - Bem, não fui eu quem ficou de frescura. “Ah, você entrou no meu quarto? Acho bom não ter pegado minhas Barbies”! – Lucas afinou a voz, fingindo imitar meu namorado.
   - Eu não quero saber! – continuei. – Vocês estão parecendo crianças e, se continuarem com isso, eu irei tratá-los como crianças. Querem ficar de castigo?

   Ambos emudeceram, o que me tranquilizou um pouco. Me pus ao lado de Justin, apertando sua mão, enquanto discretamente encarava Lucas, esperando que ele reconhecesse meu olhar e acalmasse sua parte mais agressiva. Notei que não estava obtendo resultados, quando sua expressão pareceu mais safada do que supostamente culpada. Pelo que eu conhecia o meu loiro, ele nem ligara para minha bronca, mas sim pelas palavras que eu utilizava. Havia 99% de chances de ele estar levando o significado de “castigo” para um sentido completamente diferente.

   - Então, Lucas, o que você vai fazer? – perguntei, com a intenção de me livrar da estúpida situação.
   - Bom, ver filmes. O que mais poderia ser?
   - Ótimo! Nós podemos ver juntos, não? – utilizei o meu registro de voz mais fofo que conseguia.
   - Quando você diz “nós”, está querendo dizer eu e você ou eu, você e esse suposto ser humano que está ao seu lado? – suas sobrancelhas se arquearam e eu hesitei.
   - Lucas! – o repreendi, começando a perder a paciência.
   - Ok, então. Mas só porque é você quem está pedindo...
   - Ótimo! Então, você pode esperar enquanto nós comemos alguma coisa e tomamos banho, não?
   - É, eu vou fazer pipoca, enquanto espero! – Lucas fez uma curta pausa e eu soube em seguida que ele não diria algo positivo. – Isso, é claro, se o seu namoradinho egoísta não se importar que eu ande pela cozinha da casa dele...
  
   Não respondi. Nada do que eu dissesse mudaria a repulsa que ele sentia pelo meu namorado. Infelizmente, esse último não conseguiu se conter tanto quanto eu. Justin se virou, pronto para recomeçar a discutir, quando eu dei-lhe um leve selinho, apenas para distraí-lo daquela tensão e pareceu funcionar. Ele me fitou por um longo momento, os olhos brilhantes implorando por compreensão e eu não soube o que fazer.

   - Deixa isso para lá! – sussurrei. – Por favor. Por mim...

   Me senti baixa, apenas por tentar atingi-lo pelo ponto fraco. Eu tinha certeza que conseguiria obter qualquer coisa do meu namorado se ousasse colocar meu nome no meio e, por conta disso, sempre tentava evitar fazê-lo. Mas aquelas discussões malucas que mais parecia uma disputa para saber qual dos dois tinha mais domínio sobre mim, já estava começando a me incomodar e, ao menos, Justin era um pouco mais flexível e pacífico.

   - Você não estava com fome? – perguntou, mudando de assunto intencionalmente. – Então, melhor irmos logo. Faz horas que você não come e eu não quero que passe mal mais uma vez hoje...

   Justin contornou minha cintura com o braço e me conduziu até a cozinha. Ele queria aparentar naturalidade e calma, devido ao meu pedido, mas eu ainda podia sentir seu braço tenso em mim. Senti uma pontada de raiva. Lucas era tão... Infantil, às vezes. Ele poderia perfeitamente tentar se dar bem com o Justin, mas parecia mais fácil deixá-lo irritado e ter alguém com quem pudesse brigar.

   Quando chegamos ao outro cômodo da casa, meu namorado me soltou e se apoiou em uma das bancadas. Seu olhar duro ainda estava sobre mim e eu suspirei. Ele esperava que eu dissesse algo, mas eu não queria ter que tomar partido disso.

   - Pode falar! – suspirei.
   - Eu o odeio! – o seu tom de voz foi controlado para não ser ouvido da sala, mas ainda assim dava para expressar a raiva. – Eu não gosto de odiar nada, mas esse garoto é insuportável. Ele parece uma criança... É como se você nunca pudesse conseguir ter razão ao discutir com ele, porque sempre haverá uma provocação sobre coisas completamente aleatórias. Como você aguentou e ainda aguenta uma pessoa assim?
   - Justin, isso não é pergunta que se faça...
   - Desculpa, princesa! – por um minuto, ele pareceu realmente arrependido. – Eu sei que ele é bastante legal com você, mas... É só com você. E isso é facilmente explicável, porque ele gosta de você além do jeito que você vê!
   - O que você está insinuando? – embora eu já suspeitasse, eu queria ter motivo suficiente para acertar a cara dele.
   - Eu estou afirmando que se ele tivesse a pequena oportunidade de ficar com você, ele ficaria sem hesitar...
   - Justin, nós já conversamos sobre isso! – rosnei, tentando controlar a minha insatisfação.
   - Só porque já conversamos, não quer dizer que não seja verdade...
   - E se for mesmo? Isso mudaria alguma coisa? – continuei irritada – Já estou cansada de ficar repetindo a mesma coisa sempre que você cisma em ter uma crise absurda de ciúmes em relação ao Lucas. É algo que você deveria ter certeza, sem que eu precisasse te lembrar, o tempo todo. Mas, enfim, se você realmente quer continuar com isso... Você é quem sabe!

   Suspirei, dando-lhe as costas e partindo para a geladeira que parecia repleta de carinho – e comida – para me dar. Infelizmente, como os outros, era apenas uma ilusão. Tudo o que eu encontrava ali parecia independente demais para se combinarem, porém dependentes o bastante para não serem ingeridos sozinhos.

   Fechei a porta da geladeira, no exato instante em que Justin me puxou, fazendo com que eu rodopiasse até que estivéssemos de frente um para o outro. Ele me colocou contra a bancada, pressionando seu corpo sobre o meu. Fiquei sem reação, afinal, o que poderia parecer aquilo? Bipolaridade? Loucura? Ou a necessidade absurda de fazer com que eu enlouquecesse, tentando entendê-lo?  

   Justin deslizou uma de suas mãos por minha coxa e eu fiz menção a chegar para trás quando ele a apertou firmemente, mas fui impedida pela falta de espaço atrás de mim. Um de seus dedos tocou meu rosto com delicadeza, enquanto ele tentava evitar um pequeno riso causado por minha reação. Eu tinha certeza de que ele estava olhando fixamente para mim, mas não conseguia encará-lo sem continuar reprimindo a vontade de gritar com o mesmo. Porém, quando eu já estava quase me acalmando por completo, Justin deu o golpe final. Levando seus lábios até os meus, ele permaneceu naquela posição. Sem me beijar, sem se afastar, apenas parado, deixando aquela boca – infinitamente beijável – me levar para os limites do meu lado mais comportado.

   - Está chateada?

   Eu não acredito que isso não seja um crime!

   Meu namorado insuportável estava se esforçando para que seus lábios roçassem nos meus a cada palavra que ele falava. Eu precisava manter o raciocínio lógico antes de ceder à tentação, mas aquilo era exigir muito de mim. E... Espera! Ele me fez uma pergunta, não? Ótimo! O que foi mesmo que esse babaca perguntou?

   - Não... – respondi, mesmo sem me lembrar do que se tratava. Em todo caso, era melhor soar negativa para ele sentir a minha “indiferença”.
   - Se você não está chateada, me beija, então. – pediu, me provocando da pior forma possível. Eu não acredito que ele realmente queria fazer com que eu jogasse minha dignidade no lixo.
   - Não quero. – menti, embora minha integridade estivesse decadente.
   - Por quê não? – o pequeno sorriso de descrença dele tão perto de mim era praticamente enlouquecedor.
   - Porque eu estou irritada!
   - Você não disse que não estava?
   - Nunca disse isso... – afirmei, fazendo esforço para ter certeza.
   - Se você está dizendo. – era óbvio que ele não estava acreditando muito na minha capacidade mental. – Mas você disse que tinha algo que eu já deveria saber a muito tempo, não?
   - Provavelmente sim!
   - Então, diz o que era aqui na minha boca, que eu lembro...

   A essa altura dos acontecimentos, eu já estava de olhos fechados, buscando alguma paz interior dentro de mim. Mas minha tentativa falou miseravelmente quando sua língua tocou rapidamente meus lábios. Precisei reprimir a vontade de chorar e me espernear, embora eu já estivesse pronta para ser pega de jeito pelo meu irresistível namorado, também sabia que isso seria exatamente o que ele não faria. Não até me ver implorar e rastejar por isso.

   Hesitei ao sentir a ausência da aproximação. Eu não sabia o que pensar, quando notei que sua respiração já não tocava mais minha pele. Afinal, Justin não desistiria de seus maléficos objetivos assim. Ele era bastante determinado quando o assunto era a disolução do meu último pingo de dignidade.

   Minha certeza se confirmou ao sentir Justin beijar minha bochecha repetidas vezes, me fazendo quase pensar que eu conseguiria me controlar com a simplicidade daquela ação. Isso – é claro – até o momento em que ele soprou devagar em meu ouvido. Aquilo era pedir muito para mim. Em minha cabeça, eu já o tinha agarrado há muito, muito tempo. Mas, na realidade, o meu orgulho era forte demais para deixar que eu me humilhasse assim.

   - Eu sei que você quer... – sussurrou da forma mais sexy possível bem perto do meu ouvido.

   Ok. Essa é a hora em que eu esqueço como eu realmente sou e arranco a roupa dele?

   - Eu também sei que quero... – admiti.
   - Então o que você está esperando?
   - Estou esperando você tomar um pouco de vergonha na cara. Serve? – minha voz saiu menos hostil do que eu desejava.
  
   A risada dele tilintou suavemente e um tremor indesejado correu por meu corpo. Ainda fazendo esforço para não demonstrar qualquer reação submissa, senti sua mão – que antes permanecia em minha coxa – deslizar por meu corpo, subindo por minhas costas. Calculei mentalmente quanto tempo eu levaria e se conseguiria chegar até o telefone. Eu tinha que denunciar aquilo, afinal, aquele comportamento poderia ser facilmente considerado assédio sexual.   

   - Justin, Justin, Justin... – miei, quase choramingando de desespero.
   - O que foi?
  
   “O que foi?”? Eu estou sofrendo maus tratos, sendo injustamente abusada e, do jeito que as coisas estão, há a possibilidade de eu ter um filho em breve. E a pior parte... Eu estou até gostando!

   - Eu estou com fome! – afirmei, tentando desviar sua atenção.
   - Bem, eu estou bem aqui e sou todo seu! – afirmou, me fazendo ter a certeza de que ele sorria de forma safada.

   Me rendi.

   Perdi o último fiapo de orgulho que me restava e agarrei meu namorado, quase cravando minhas unhas em seu ombro. Eu não conseguia mais ver motivos para continuar resistindo. Pra que insistir nisso afinal? Eu estava com Justin sabendo que ele era assim, imprudente e idiota, então que mais opções eu teria se não ceder às suas vontades e aos seus joguinhos?

   Minha língua invadiu sua boca, voraz e rapidamente. Eu teria me sentido a garota mais safada do mundo se ele não tivesse reagido tão igualmente. Suas mãos estavam aparentemente bastante confortáveis percorrendo todo meu corpo, enquanto Justin tentava me devorar. Meu coração estava batendo tão depressa que eu fiquei com medo de que isso gerasse problemas no futuro. E, para acompanhar, minha pele parecia queimar, querendo mais e mais contato. Isso não poderia ser só eu!

   Os dentes perfeitos do meu namorado morderam meu lábio inferior e eu gemi baixinho. Aproveitei a interrupção para seguir até o pescoço, onde depositei leves e curtos beijos, enquanto apreciava o maravilhoso perfume natural de sua pele. Sinceramente, eu aceitaria naturalmente ser uma vampira só por conta daquele pescoço perfeito.

   - Você é uma atirada, (Seu Nome)! – Justin riu, entrelaçando seus dedos em meu cabelo. – Eu só pedi um beijo...
   - Ok! – suspirei, me afastando. – Já parei!
   - Não!

   Antes que eu estivesse a um pouco mais de alguns passos de distância, Justin voltou a me puxar pela cintura firmemente. E, então, dessa vez, ele não parecia mais tão controlador quanto antes. Seu olhar parecia completamente fascinado pelo meu, me deixando mais confortável. Agora era a minha vez de brincar!

   - Tarde demais, gatinho! – falei, afastando suas mãos de mim. – Você pediu indiretamente que eu parasse e foi o que eu fiz.
   - Que pessoa má que você é! – Justin fez um biquinho de insatisfação quase convincente.
   - Má? Eu? – repeti, perplexa. – Má é essa sua crise de bipolaridade. Uma hora você briga comigo e, na outra, fica implorando pela minha boca...
   - Não é bipolaridade, ok? Eu te avisei que iria te beijar sempre que estivéssemos perto de uma briga. Ou seja, não fiz nada além de manter uma promessa!
   - Nada disso, moço! – discordei, coberta de razão. – Você disse que iria me beijar, não que me torturaria até que eu engolisse todo o meu orgulho e enlouquecesse, ok?
   - Bem, a culpa não é minha. Você fica simplesmente linda quando está chateada e, mais ainda, quando tenta fingir que é indiferente a mim. Você não sabe como é engraçado assistir ao seu desespero...
   - Você é ridículo! – conclui, disfarçando o quanto sua afirmação estava errada.

   Voltei a dirigir minha atenção para qualquer coisa que fosse pudesse satisfazer minha fome, enquanto ignorava Justin, com a esperança de que isso impediria mais um tipo de distração. Assim, peguei um pequeno prato e coloquei sobre o mesmo um cacho de uvas sem caroços e uma maçã. A ação demorou menos que um minuto, mas eu ainda poderia sentir que estava sendo observada. Mantendo o estranho silêncio, me preparei para sair da cozinha.
 
   - Ei, aonde você vai? – a voz masculina soou insatisfeita atrás de mim.
   - Para o meu quarto. – expliquei. – Eu não vou ficar aqui por mais tempo, dando-lhe a oportunidade de abusar de mim novamente. Além disso, eu queria ir ver o filme com o Lucas também. Você já esqueceu isso?
   - Quem se importa?
   - Justin!
   - Ok, já entendi! Pode ir. Eu também vou subir em breve para tomar banho, porque você sabe... Eu mal posso esperar para ir ver filmes com seu amiguinho! – sua ironia era tão óbvia, que me deixou até sem graça.
  
   Permaneci quieta, sem vontade de começar outra discussão por bobeira. Aliás, eu nem poderia perder mais tempo com toda a cena que Justin faria em breve. Me limitei a me aproximar dele e beijar sua bochecha, dando uma leve mordida na mesma área em seguida, o que o fez rir. O seu sorriso era o suficiente para me fazer entender que pelo menos no momento a situação havia se estabilizado.

   Assim, me retirei da cozinha, seguindo para o meu quarto, enquanto ia devorando uma uva atrás da outra. Durante todo o percurso até o segundo andar, me lamentei por não ter ficado com o chocolate. Aliás, a minha vontade de ser saudável não era nada se comparada com aquele doce maravilhoso. Suspirei, arrependida.

  Ao finalmente chegar ao cômodo para qual estava indo, deixei o pequeno prato sobre a mesa de cabeceira e segui para o banheiro, já com metade das roupas fora do corpo. Eu estava desesperada por um banho.

   Fiquei embaixo d’água durante incontáveis minutos. Quase acabei com um sabonete, brincando com a espuma que esse produzia. Eu poderia ficar ali por muito mais tempo, mas me senti obrigada a sair, ao lembrar de que Lucas não era do tipo que gostava de esperar e, bom, eu queria ver filmes com ele. Costumava ser divertido.

   Me arrumei com um pijama decente com pressa para terminar de comer e descer. Logo que sai do quarto, encontrei Justin nas escadas e fiquei aliviada. Embora parecesse besteira, eu tinha receio de que ele tivesse se arrumado antes de mim e que, assim, ele e Lucas achassem algum pretexto para brigar, enquanto eu não estivesse presente.

  - Ainda dá tempo de desistir do filme... – sussurrou ele, quando passei sua frente na escada.

  Aquilo era definitivamente uma boa proposta e a tentação era enorme, mas ainda assim eu não podia aceitar. Se eu sumisse assim, seria um claro sinal de que eu preferia estar com meu namorado que com meu amigo e isso não era verdade. Eu realmente não tinha ideia de quando essa disputa absurda entre eles havia começado, mas tudo se resolveria se eles conseguissem entender que amo os dois na mesma intensidade, porém de jeitos diferentes.

   Acabei sem responder a sua provocação e só notei isso, quando já havíamos retornado a sala. Mas contei com a possibilidade de que Justin não tivesse ficado chateado com meu silêncio. Ultimamente, estava sendo difícil fazer com que todas as minhas ações e reações fossem entendidas do modo correto.

   - Achei que você não fosse descer mais! – falou Lucas, retornando da cozinha com um pote de pipoca.
   - Ei, eu falei que iríamos assistir juntos, não? – sorri, feliz por ele parecer mias controlado do que antes.
   - Ótimo, porque por sua causa eu escolhi um daqueles filmes bem melosos e tristes. Tenho esperanças de que você comece a chorar feito uma boba!
   - Vai esperar sentando, garoto!

   Lucas me lançou um olhar que me fez entender na hora que ele duvidava muito do que eu estava dizendo. Fingi que nem notei, apenas por medo de discordar e acabar realmente chorando, no final.

   Observei, enquanto meu melhor amigo dava play no DVD e depois vinha se sentar perto de mim. Me acomodei, deitando a cabeça sobre seu ombro. O loiro passou o braço em volta de mim e sorriu. Era bom notar que ele sabia que ele ficava satisfeito apenas por estar comigo. Eu sentia falta disso também.

   O filme já estava começando, quando eu percebi Justin suspirar baixinho, sentado do meu outro lado. Ele espiava pelo canto do olho a minha proximidade com o Lucas e sua expressão não aprovava em nada aquilo. Disfarcei um pequeno riso, antes de segurar sua mão, acariciando seus dedos. Embora parecesse relutante, logo ele olhou diretamente para mim, com um meio sorriso nos lábios.

    - Ei, eu te amo! – sussurrei, de forma quase inaudível para que apenas ele entendesse.
    - Eu sei disso... – eu mal podia ouvir sua voz, mas o movimento dos seus lábios já bastava. – Eu também te amo!

   Sorri, sem graça, antes de tentar voltar a prestar atenção no filme. Eu não estava tendo muito sucesso já que a única coisa que eu conseguia entender era o nome dos protagonistas. Afinal, quem precisa de um filme de romance meloso e fofo, quando as coisas parecem finalmente tranquilas? Quero dizer, quem precisa de “felizes para sempre”, quando se está na companhia dos garotos da sua vida?

   Pois é. Eu, não...

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Capítulo 46, meninas! :)
  Hahahahahaha, eu sei, vocês já estavam pensando que  eu sumi, porém não. Eu passei os últimos dias tentando ajeitar e resolver uma coisas para o próprio blog, mas enfim... Capítulo postado.
  Espero que gostem, comente, me amem! Hahahaha
  Boa noite!

4 comentários:

  1. Primeiraa! Kkk, amei, como sempre Jú! Tô bastante animada para a "supresa" do blog.
    Vê se n some d novo ein? kkk Bjs! <33

    ResponderExcluir
  2. uasuahsuahsuahsuahs continua, quero que vc coloque justin e ela fazendo sexo no proximo capitulo u-u

    ResponderExcluir
  3. MEU DEUS, FICOU PERFEITO! CONTINUA LOGO, PLMDDS
    MEU COMENTARIO TA UMA BOSTA, MAS É QUE EU NAO POSSO FICAR AQUI MT TEMPO ¬¬
    KISSES OF LIGHT IN YOUR HEART LOL

    ResponderExcluir
  4. JULIANNA DOS SANTOS CASTRO(errei?)
    você sinceramente brinca com os meus sentimentos! Eu estava lá, toda felizinha(se é que me entende.) lendo a 'parte da cozinha' e sempre EU, EU acabo com tudo. Estou entrando em depressão por esses cortes, só que não.
    Bom, capítulo perfeito e poste o próximo em breve, mocinha.
    Kisses minha churros. <3

    ResponderExcluir