16 maio 2014

5. You Make Me Love You - Capítulo 22

Reconsiderar?

Belieber's POV
    Já era tarde quando acordei mais uma vez com um dos membros do Harry esmagando o meu pobre corpo. Com a mesma dificuldade já rotineira, me levantei, esforçando-me para não acordá-lo, e segui até o banheiro, onde tomei um banho rápido, prendi o cabelo e livrei minha pobre bexiga de uma explosão que iria acontecer em breve, caso eu não tentasse impedir de alguma forma.

    Eu estava um tanto quanto exausta por conta da noite passada, afinal, Harry fizera o favor de deixar trocentos quilos de culpa em mim. Definitivamente eu não era tão boa assim para resistir àquele magrelo e, mesmo que tenhamos ficado só nas preliminares, eu estava me sentindo extremamente fraca por não ser tão compromissada com a minha palavra.

    Voltando ao meu equilíbrio interno, verifiquei se não havia muita coisa fora do lugar no cômodo, coloquei uma roupa cheirosa e fresquinha, abandonei o quarto e segui até o primeiro andar pelas escadas.

    Eu estava esperando encontrar alguma bagunça, na sala, criada na noite anterior enquanto eu me matava de tanto dançar repleta de frustração, mas, na verdade, tudo estava na mais perfeita ordem. A casa parecia brilhar ainda mais, enquanto uma melodia agradável preenchia o ambiente. Justin estava sentado no sofá, ao lado de Manuela, dedilhando suavemente as cordas de seu violão.

     Boa tarde?  sugeri, meio indecisa em relação ao horário em que nos encontrávamos.
     Oi!  sorriu Manuela, virando-se para mim.
     Oi.  Justin não parece sequer se mover ao me responder completamente frio.

    Eu teria estranhado aquela reação se fosse pensar nos últimos dias no qual ele fizera coisas desnecessárias para me impressionar, mas provavelmente ele ainda estava chateado pela discussão da tarde anterior. Relevei o fato de que aquilo era totalmente desconcertante  pois ele também não havia sido muito gentil também  e continuei meu diálogo com Manuela, fingindo não perceber o comportamento gelado de seu amigo.

     Então, que tipo de empregada por um dia você contratou, hein, Manu?  ri, me referindo a arrumação impecável de todo o primeiro andar.
     Gostou?  ela pareceu satisfeita com a minha percepção de seus serviços  Eu decidi ser um pouco útil por aqui e te ajudar... Então, enquanto você dormia, eu arrumei um pouco as coisas com a ajuda do Justin e fiz o almoço! Sem piadinhas sobre as minhas habilidades culinárias, ok?
     Tudo bem, tudo bem. Considerando a atual situação, vou guardar todos os comentários venenosos para mim e ir comer alguma coisa.
     Espere, eu vou com você.  a morena se levantou em um pulo do sofá, se colocando ao meu lado  Justin, não pare de tocar, ok? Eu ainda posso te escutar da cozinha. Além disso, eu volto rapidinho.

    Manuela me acompanhou até a cozinha como se aquela casa a pertencesse e eu quem fosse a visita. No caminho, parei para pegar o telefone, que se encontrava esquecido sobre uma mesinha de canto muito bem arrumada, e aproveitei a interrupção para lançar mais um breve olhar sobre Justin e tentar entender até onde ia a raivinha infantil dele. Como o mesmo sequer percebeu que eu o encarava de forma nada discreta, imaginei que a resposta para a minha pergunta ainda não tinha uma definição.

     Então, o que aconteceu, hein? - perguntou Manuela, assim que passamos pela porta da cozinha.
     Do que você está falando? - questionei, ainda distraída, já planejando a pequena birra que faria em relação a ele.
     Sobre o que aconteceu ontem, entre você e o Justin, na academia...  continuou, enquanto ia até um dos armários da cozinha para pegar alguns talheres e pratos.  Ele me contou hoje de manhã.
      Eu nem fico mais surpresa...  suspirei  Fofoqueiro do jeito que ele é, era de se esperar mesmo. Mas aposto que, do jeito que aquela criança se comporta, ele não deve ter falado uma só palavra sobre o quanto ele também não foi nem um pouco agradável comigo, não é?
     Na verdade, (Seu nome)  prosseguiu ela, pronta para defender o coitadinho  ele não entrou muito em detalhes comigo, disse apenas que vocês estavam dançando juntos e, então, você voltou a ficar inacessível e, como sempre acontece quando vocês estão juntos, ambos se estressaram e nada acabou bem como deveria.
     Pela primeira vez, eu concordo com ele. Não consigo ficar perto daquele ser humano mantendo totalmente a calma. É impossível!
     Entendo, mas... Então, vocês ficaram dançando sozinhos lá em cima, é?
     Aham.  concordei, sem pensar muito, encarando o visor do telefone  Foi bom, na verdade.
     Hum, você diria que foi até bom demais?  provocou a morena, dando ênfase às palavras erradas.
     Manuela, não viaja. Em primeiro lugar, o verbo foi conjugado no passado perfeito, porque Justin consegue estragar tudo por completo. E, em segundo lugar, eu disse que foi bom, não que foi especial. Eu danço com pessoas diferentes quase todos os dias e ele foi apenas mais uma dessas. Não significa nada!
     (Seu nome), você adora tornar tudo mais complexo do que realmente é.  ela fez um biquinho, indo até as panelas que ainda estavam sobre o fogão  Isso me frustra às vezes, sabia?
     Eu digo o mesmo, Manuela...  ri, apertando finalmente o botão para discar do telefone  Então, você pode facilitar as coisas para mim, pelo menos uma vez, e montar um prato para a sua melhor amiga que precisa muito usar o telefone?
     E eu tenho opção? 

    Sorri em resposta e me afastei da mesma, andando até a sala de jantar, onde sabia que teria mais privacidade. Embora não fosse algo absurdo ou íntimo, nada me deixava mais sem graça do que alguém escutando minhas conversas desse jeito. Principalmente sendo com aquela pessoa...

    Foram necessário milhares de toques para finalmente eu conseguir notar que fora atendida e, assim que isso aconteceu, me desmontei devagar. Eu estava completamente ansiosa para ouvir aquele som doce de novo. Mesmo sabendo que o poderia fazer dali a alguns dias, eu não estava aguentando mais esperar. A rotina bagunçada às vezes quebrava um pouco o contato, mas não com ele...

     Alô?  a voz do outro lado da linha soava distraída.
     Oi!  sorri, imediatamente radiante  Então, você ainda se lembra de mim ou eu devo me apresentar formalmente?
     (Seu nome)?  aquele tom deixava claro que ele estava sorrindo, o que me fez sorrir também  A futura noiva mais linda do mundo, correto?
     Depende do ponto de vista...
     Claro que é. Infelizmente não será o casamento mais bonito do mundo, porque o noivo não chega nem perto do seu nível de beleza. Se você tivesse casado comigo talvez não corresse esse risco...
     Sua humildade toca a minha alma, Cory!  ironizei  Mas, talvez, se você tivesse me pedido, eu estaria no altar com outra pessoa daqui a alguns dias. Está vendo? A culpa é toda sua!

    Uma das coisas que eu mais gostava em Cory era que ele não mudara comigo, nunca. Ele era o mesmo bobo, galanteador e pseudo metido de sempre e isso me encantava. Aquele garoto havia me conquistado de muitas maneiras diferentes e era exatamente por tal motivo que eu propusera que ele fosse um dos padrinhos do meu casamento. Eu não poderia passar um dos dias mais importantes da minha vida sem o brilho daqueles olhos estonteantemente negros.

     Isso é sério?  indagou  Porque, se o caso for esse, ainda dá tempo de fugirmos antes de você sequer chegar perto de se casar, de verdade.
     Isso é uma opção?  retruquei.
     Eu não sei, você está considerando?

     Ironicamente, eu parei para pensar.

     Não, eu obviamente não tinha dúvidas sobre o Harry, mas, quando Cory disse isso, não pude deixar de procurar em todo o meu banco de dados mental por alguém que fosse capaz de fazer com que eu deixasse aquele pedaço de palmito de lado. Sinceramente, eu não busquei com tanta força assim por puro anseio do que estaria por vir e acabei por desvirtuar minhas respostas para personagens literários.

    Eu tinha uma queda inegável por Romeu do clássico "Romeu e Julieta" e sempre fora apaixonada por um tal de Percy Jackson. Embora eu amasse Harry, não havia competição ali, afinal, Romeu tinha seu nome no título de uma das maiores histórias de amor da eternidade e Percy era um semideus. Semideus!

     Então...  eu tinha certeza de que tinha deixado a conversa de lado por um minuto desnecessário  Você está bem? 
     Sim, eu suponho.  no momento em que sua voz se tornou um pouquinho distante, me senti culpada. Era claro que meu silêncio o havia chateado.
     Está se cuidando direitinho?
     Na medida do possível, sim.
     Eu não gosto dessas palavras, sabia, senhor Cory?  frisei, enfatizando cada palavra.
     Eu não disse nada demais, oras. Você é quem entende tudo meio torto, (Seu nome)!  ele riu de forma contida.
     Ah, é, Cory?  falei, com a voz dopada de ultraje e pronta para cutucar uma ferida boba  Tudo bem, vamos falar de quem "entende as coisas meio tortas" por aqui. Posso saber como andam suas namoradas, moço?
     Bom, é um assunto complicado!
     E a Kate?
     Bem... Ela... Er... – ele enrolou um pouco, antes de parecer se recompor – (Seu nome), você sabe que nós não estávamos mesmo namorando.
     Eu sei, mas será que ela sabia? – continuei.
     Se não sabia, deveria ter se informado melhor. Todo mundo sabe que eu não namoro...
     Aliás, eu não sei o porquê disso, sabia? Você sempre me disse que era um homem para casar e com essa cara de bom moço, quase acreditei que você gostasse de namorar, de estar em um relacionamento sério...
     E eu gosto mesmo, oras!
     Então, por que não parece?

    A ligação ficou muda do outro lado da linha e eu esperei. Esperei, completamente arrependida de tudo que havia dito. Será que eu havia passado dos limites? Será que eu estava me tornando tão boba e inconsequente a ponto de soltar brincadeiras que magoassem as pessoas? Mas... Ele estava brincando também, no início, então, por que minhas palavras podiam parecer são ásperas, se não era sério? Será que era presunção minha me meter na vida amorosa dos outros quando estava prestes a casar?

    Argh!

   Eu adorava o Cory, mas odiava o fato de que, com ele, eu nunca sabia de nada ao certo.
Ele era tão fechado, tão eu, que me irritava. Seria tudo tão mais fácil se ele sempre me dissesse o que pensava, dissesse o que incomodava e onde estava doendo, quando acontecia, mas não. Parecia muito mais confortável ficar quieto e assistir enquanto eu me remoía de culpa e preocupação.  Sério, se eu, no máximo do meu lado introspectivo, provoco isso nas pessoas, espero que me coloquem em uma palmatória durante horas para eu aprender a ser mais sensata.

     Então, essa sua ligação tem algum motivo específico?  desconversou, por fim.
     Mais ou menos. Eu estava com saudades de você.  não retornei ao assunto, sentindo que já fora um pouco invasiva demais  Mesmo sabendo que eu te verei daqui a alguns dias, eu decidi já ir me antecipando um pouco em alguns aspectos. Eu já quase nem lembrava direito o timbre da sua voz...
     Está vendo? Essa é a vantagem de ter uma irmã que possui vários dos seus CDs...  acrescentou ele, me deixando levemente corada do outro lado da linha.  Eu posso ouvir sua voz a hora que eu quiser!
     Tudo bem, eu estou em desvantagem aqui!  resmunguei  Mas eu ainda vou te ver daqui a alguns dias, não é? Você tem um compromisso comigo!
     Fica tranquila! Estarei aí em poucos dias.  avisou ele, feliz por me dar aquela notícia, mas murchando logo depois  Ou nem tão poucos assim. Eu devo chegar aí só na manhã do dia do casamento. É um problema para você?
     Hã... Não, claro que não. Eu já disse que vocês podem fazer o que quiserem, contanto que estejam lá na hora. Mas  chegar tão em cima da hora não vai te fazer ter problemas para se arrumar ou coisas assim?
     (Seu nome), a noiva é você!

    Ri, sem graça, sentindo novamente aquela cosquinha engraçada na barriga. Talvez não fosse tão fácil de explicar, mas sempre que eu me imaginava vestida de noiva era como se eu tivesse tomado muito rápido alguma bebida com gás e, então, as bolhinhas subissem depressa, tangenciando a parede do meu estômago. Eu quase me sufocava para aplacar a vontade de dar risada.

     Tudo bem, eu já entendi!  suspirei, após respirar fundo  Então, acho que te vejo daqui a alguns dias, certo?
     Claro! Mal posso esperar...  concordou, parecendo tão ansioso quanto eu  Algo me diz que você vestida de noiva será uma das visões mais encantadoras que eu terei em toda a minha vida!
     Vai ter que esperar para ver!
     É o que eu farei. Bom, (Seu nome), eu estou morrendo de saudades de você, mas acho que tenho que desligar agora. Sinto muito!
     É, eu também. – afirmei, insatisfeita.

   A consciência de que ele desligaria em poucos segundos apertou meu coração devagar e eu precisei segurar a respiração para sobrepor a preocupação. Cory não podia nem desconfiar de todo o meu alarde interno em relação a sua saúde  não que eu o ligasse só para saber se ele estava saudável, longe disso, mas querer estar bem informada não era um crime , porque eu sabia que isso o machucava. Mas me machucava também não poder colocá-lo numa mala e levá-lo sempre comigo, para poder cuidar dele quando necessário.

     Mal posso esperar para compensamos esse tempo perdido. – arquejei Eu te amo, ok? E estarei te esperando. Até logo!
     Te amo também, cantorazinha pop! Te vejo logo...

    “Cantorazinha pop”. Bobão!

    Desliguei o telefone, sentindo a animação minguar. Falar com o Cory me fazia tão bem que, logo após ter que parar, as coisas voltavam a ficar sem graça. Não que ele fosse o único a fazer isso comigo  infelizmente, não era algo exclusivo, considerando a existência de Chaz e Lucas , mas, com ele, era sempre uma renovação, porque, por mais que eu quisesse, não conseguia simplesmente ignorar o fato de que Cory aparecera justamente quando eu mais precisava.

     (Seu nome), a comida vai esfriar...

    A voz de Manuela me fez pular de susto, tirando-me da certeza de que estava sozinha. Virei-me rapidamente para ela e a mesma segurava delicadamente uma bandeja com o meu prato, talheres, e um copo de suco. Olhando-me com aquela expressão de censura, ela quase parecia a minha mãe irritada com a minha demora. Com essa sensação nostálgica, tirei tudo de sua mão em questão de segundos e coloquei sobre a mesa.

     Espera! Você não vai comer?  perguntou, ao notar que eu não havia me sentado à mesa também.
     Vou. Eu só estava... Estava querendo conversar!  apontei, paciente.
     Ainda mais?  ela riu, brincando.  E sobre o quê, posso saber?
     Manu...  contei até dez, antes de formular a perguntar como um todo, sabendo exatamente do espanto camuflado que ela traria à minha amiga  O que você acha sobre eu casar, hein? Quero dizer, eu estou fazendo a coisa certa, não é?

    Não houve olhar de censura, como eu esperava. Ela não riu, falando que tinha me avisado antes que era uma decisão muito importante e eu ainda era nova. Ela não fez nada que pudesse me parecer ofensivo. Mas sua expressão de tensão ao ouvir minhas palavras e o que se prosseguiu logo depois foi muito pior...

     Olha, (Seu nome), eu acho, sinceramente, que essa é a escolha que você fez. Só isso!  respondeu, com toda a calma do mundo.  Acho que não existe certo ou errado, quando se trata disso. Essa é uma decisão importante que você tomou e, futuramente, as coisas irão ser um reflexo disso. Mas, se é algo que você escolheu fazer com a consciência limpa, segura do que estava fazendo, não há com o que se preocupar, não é mesmo?

    Então, depois desse discurso digno de uma cena de filme de uma sessão vespertina, ela somente deu um beijo delicado em minha bochecha e saiu, retornando até a sala e me deixando sozinha.

    Sozinha, em termos, pelo menos. Afinal, a última coisa que eu estava era desacompanhada naquele cômodo enorme. Éramos eu, um prato de comida de gosto duvidoso e meus pensamentos todos embaralhados.

    Eu não entendia porque esses raios de decisões tinham que influenciar tanto em nossas vidas ou porque todo mundo fazia tanta pressão em cima delas; eram apenas capítulos separados, não um grande acontecimento. Quero dizer... O casamento era um grande acontecimento, mas como Manuela havia dito, eu não tinha com que eu me preocupar, se estivesse segura do que estava fazendo. E eu estava, sem sombra de dúvidas.

    Bem, talvez...    

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É isso aí, gente, o capítulo de hoje vai ficar nessa monotonia, por agora. Mas esperem um pouco aí!

Um comentário:

  1. Juli... Acho que você não perdoaria meu sumisso nem em um milhão de anos... Mas o que custa? Descuuuuulpa! Sentei na cama agora com o blog aberto e uma barra de chocolate pra ver se me atualizo. Senti falta daqui e vou comentar em todos os capítulos que ler. Eu te amo menina! Que saudade! ♡

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