25 maio 2014

5. You Make Me Love You - Capítulo 24

Ponto de vista
Música do capítulo: More Than This - One Direction

Justin's POV
    Já passava das quatro da manhã e eu ainda não tinha conseguido dormir. As últimas horas haviam se resumido a pensar, repensar e me torturar, refletindo sobre o que eu tinha feito no quarto da (Seu nome). Eu deveria me remoer de arrependimento, me sentir completamente idiota pelo jeito impulsivo, mas, na verdade, dentro de mim, tudo estava bem longe desse drama todo.

    Afinal, de uma forma bem estranha, eu tinha gostado.

   Tudo bem, eu podia aguentar o título de pessoa mais estranha do mundo, porque, de algum jeito ainda desconhecido, parecia que eu estava me sentindo atraído pela garota pela qual eu sinto que preciso manter distância. Não, não dá, eu preciso de um minuto para poder rir de mim mesmo. Como eu posso ser tão estupidamente lerdo para concluir as coisas? Essa fase de boiolagem já não deveria ter passado?

    Eu deveria simplesmente agir como homem que sou, voltar naquele quarto, praticamente arrombando a porta, pegar aquela garota de jeito e lhe dar o melhor beijo da sua vida. Depois, obviamente, carregá-la até o porta-malas de algum carro e fugir daqui para nunca mais volta. Espera... O quê? Eu disse homem, não futuro presidiário. Melhor começar de novo...

    Eu deveria agir como o homem adulto que sou, colocar meu rabinho entre as pernas e sair dessa casa, sem nem olhar para trás, deixando de me intrometer na vida dos outros e, principalmente, deixando de ter que conviver com uma garota impossível, com personalidade semelhante à de uma criança mimada de cinco anos de idade, que está prestes a casar com alguém que claramente não deveria.

    Isso seria muito mais sensato da minha parte, porém, talvez, exatamente por isso que eu faria o oposto.

    O problema era que eu não conseguia levar a ideia de ir embora a sério. Era como se aquela casa tivesse alguma aura sobrenatural que me prendesse ali, até que eu finalmente entendesse o motivo para tal. E, ao que me parecia, eu estava chegando perto. Afinal, o que acontecera ontem à noite, somado ao modo como (Seu nome) mentiu impiedosamente para mim, não era uma coincidência. Isso estava mais do que claro naquele lindo par de olhos medrosos e mentirosos.

    Era engraçado, porque eu ainda não me sentia à vontade do lado dela. Tocá-la, olhá-la e  com certeza  beijá-la me provocava sensações tão extremas e sem nome que seria fácil fazer com que todo o meu corpo explodisse. Era quase como andar em uma montanha russa: você sabe quando o pico mais alto está se aproximando, porque tudo fica mais devagar, e está ciente do que vem depois disso; mas a “queda”, a trocentos quilômetros por hora, sempre te faz achar que pode morrer a qualquer segundo. E nem por isso você deixa de ir à montanha-russa. Com a (Seu nome) era igual: quanto mais meu lado racional dizia “não”, mais eu sentia vontade de estar com ela e ultrapassar as barreiras que eu mesmo me impusera.

    Eu sabia que não fazia sentido, mas ela também não era a garota mais sensata do mundo...

    E, aparentemente, também não era a mais sincera.

    Eu tinha total certeza de que eu não estava ficando louco  pelo menos, não tanto. Minha mente não tinha capacidade de criar tudo aquilo de forma tão real, sem algo em que se basear. Além disso, aquela dor absurda não viera do nada e eu não podia simplesmente dizer que era efeito da minha atitude condenável  afinal, Harry Styles que me desculpe, mas culpa foi a última coisa que senti ao beijar sua querida esposa. Soava como se uma multidão tivesse acabado de pisotear o meu crânio e, depois, como se houvesse um fluxo enorme de informação tentando chegar ao meu cérebro, ao mesmo tempo, e elas apenas se embolassem no caminho.

    Mas não importava, porque eu sabia que não havia qualquer desculpa para aquilo; eu tinha lembrado algum episódio perdido do passado e ninguém poderia me tirar essa certeza. Era a (Seu nome), eu sabia. Ela estava um pouco diferente, mas definitivamente era ela, até o perfume era o mesmo: essência de shampoo, flores, e o sabor da minha bala favorita – era assim que parecia para mim.

    A única coisa que não parecia clara era o motivo pelo qual ela precisava mentir. Eu estava lembrando daquilo que ficara no escuro por muito tempo e, mesmo que ela tentasse esconder, eu sabia que ela tinha o mínimo de consideração por mim para apreciar esse pequeno momento e querer me ajudar. Apesar de saber que (Seu nome) era completamente louca e desequilibrada, aquele seu bloqueio para comigo tinha que ter algum fundamento. Não era justo!

   Eu ainda estava de pijama, quando peguei meu celular sobre a cama e me levantei no escuro do que restava da madrugada para ir atrás de respostas para as minhas perguntas. Eu já estava cansado de ficar me consumindo com todas as minhas questões malucas somadas à insônia. Além disso, dessa vez, eu não estava dando um tiro no escuro; eu sabia exatamente o que procurar. Tudo bem, era errado até demais, mas, desde que eu chegara àquela casa, eu nem conseguia me lembrar de qual foi a última coisa certa que eu fiz...

    Abandonei o cômodo, seguindo até o corredor completamente escuro. Embora já não fosse tão tarde, não dava para enxergar absolutamente nada naquele ambiente, a prova disso foi eu ter que tatear as paredes até encontrar o que eu achava ser a porta do quarto da (Seu nome), o que demorou um tempo maior do que o necessário. Mas, contanto que eu não fosse pego no flagra, estava tudo bem.

    Entrei no cômodo, utilizando da minha máxima leveza para não ousar fazer nenhum mísero barulho, nem ao encostar a porta novamente. Diferente do breu lá fora, eu conseguia distinguir algumas coisas naquele ambiente, talvez por ter ficado as últimas horas apenas pensando em algo que havia acontecido no mesmo. Assim, eu mal tinha dado um passo pelo quarto, quando percebi (Seu nome) deitada sobre a cama, dormindo como um anjo. Ou quase. Harry fizera o favor de quase esmagá-la sobre a cama e atrapalhar a minha boa visão.

    Eca!

    Tudo bem, Justin, você veio aqui por um motivo e, por mais repulsiva que seja essa cena, você não está em direito de ficar passeando com toda a tranquilidade pelo quarto dos outros. Seja rápido! Aliás, onde ela colocou aquele troço mesmo?

    Esforçando-me para ignorar meu desgosto, apressei o passo até o pequeno móvel próximo a cama e comecei a tatear sobre ele, tentando abrir uma das gavetas, mas nenhuma parecia estar destrancada. Sem vontade de desistir, peguei meu celular para iluminar a superfície do móvel, onde possivelmente poderia estar alguma chave ou qualquer coisa. E, assim que o fiz, tive um primeiro susto inicial.

    Um caderno branco rendado repousando ali, próximo a algumas canetas, quase me enganou e fez com que uma descarga de adrenalina descesse pelo meu corpo, mas percebi a tempo que não era exatamente aquele que estava com (Seu nome) mais cedo. Porém não era só porque não era exatamente o que eu estava procurando que eu não ia aproveitar e dar uma olhada só para matar a curiosidade.

    Eu mal tinha aberto o tal caderno – que era mais uma agenda na verdade – e, de imediato, me arrependi completamente. Era apenas um amontoado de detalhes sobre o “casamento do século”: lista de padrinhos e madrinhas, grupos de convidados, diversos nomes de decoradores, estilistas, cerimonialistas, preferências nos detalhes, datas de compromissos e o resto das coisas desinteressantes. Havia até uma foto deles colada em uma página qualquer, porém eu não tinha motivos para reclamar, afinal, eu havia me intrometido por livre e espontânea vontade.

    Voltei a colocar a agenda sobre o móvel e aproveitei para acender o pequeno abajur em cima do mesmo. Eu não tinha sequer raciocinado, mas hesitei quando a luz chegou ao rosto de (Seu nome), temendo a possibilidade de acordá-la. Felizmente, ela nem se mexeu, completamente absorta em algum sonho qualquer. Algumas vezes, quando eu olhava para ela, não podia deixar de me perguntar como eu podia cobrar atitudes adultas  como não se casar com o primeiro maluco que aparecer  daquela mulher com cara de menina?

    Suspirei, voltando a me concentrar no motivo pelo qual eu estava ali. Sabendo que as gavetas estavam trancadas e que não havia qualquer sinal das chaves, eu provavelmente deveria dar meia volta e retornar ao meu quarto. Mas era uma questão de honra achar alguma informação sobre o passado  alguma informação viva, uma informação que viesse dela. Além disso, não poderia ser tão difícil. (Seu nome) era muito metódica, eu já notara, ela gostava de escrever, de ter as coisas anotadas. Havia muito mais que eu poderia achar naquele quarto e eu não iria desistir até fazê-lo.

    Assim, voltando a me utilizar do celular, verifiquei a outra mesa de cabeceira, que estava destrancada, mas cheia apenas de algumas canetas, prendedores de cabelos, balas e alguns remédios. Olhei também debaixo da cama, mas também não havia nada, além de um par de chinelos e uma pilha de CDs que ela devia ter mexido ultimamente. Chequei também a penteadeira, mas não havia nada relevante, nem mesmo os bilhetes presos ao espelho.

    Por fim, antes somente de olhar no banheiro – um sinal claro de que eu estava perdendo as esperanças –, abri o enorme armário encostado à parede. Definitivamente, ele não tinha uma organização muito usual. Quer dizer, obviamente as gavetas estavam repletas de roupas íntimas, meias, alguns pijamas e roupas mais simples, também havia edredons nas prateleiras mais altas, porém o centro, que deveria estar completamente abarrotado de roupas, não tinha uma peça sequer.

    A única coisa que tinha, nas três divisões centrais do armário, eram caixas coloridas – e ursos de pelúcias, na última, muitos ursos. Agarrando às minhas últimas esperanças, comecei a verificar o que havia em cada uma e não fugia muito do óbvio. Na última divisão, além dos ursos, as caixas estavam abarrotadas de cartas de fãs e, embora fossem muitas, eu duvidava que estivessem todas ali. Na do meio, as caixas estavam quase que, em sua maioria, repletas de esmaltes, pincéis, lápis de cor, panos e materiais semelhantes, com as quais ela, jeitosa, poderia facilmente trabalhar. Já nas caixas da primeira divisão, havia papéis, incontáveis papéis. Composições musicais, desenhos, anotações colegiais, textos avulsos e, aparentemente, o que eu estava procurando.

    Tinha que ser aquilo!

    Nas duas caixas do topo, havia vários cadernos, alguns com a foto da (Seu nome) estampada na capa e outros com um modelo delicado e semelhante ao que estava com ela, hoje, mais cedo. Não hesitei em levar a caixa ao chão e pegar o primeiro dos cadernos que preferi, quase enfiando a cara nas páginas para poder enxergar na luz inadequada que vinha do celular.

    Felizmente, percebi que eu estava certo: eram realmente diários – embora as anotações não fossem feitas diariamente, como deveriam. Porém, ao mesmo tempo, fizera a escolha errada e o caderno que eu escolhera remetia ao ano passado, ou seja, era apenas um furacão de Harry, Harry, Harry, show, Harry, Harry, fãs, e mais, muito mais Harry mesmo. Será que ela não enjoava? Afinal, com certeza, não era tão difícil. Eu já tinha enjoado.

    Peguei mais uns dois cadernos que também remetiam somente à sua vida de turnê, a rabiscos de futuras músicas e mais Harry – algumas partes estavam em um idioma que eu não conhecia, mas o nome dele continuava lá. Assim, decidi voltar um pouco mais no tempo e, finalmente, pareci acertar uma. A página do último caderno que eu abrira estava indicando “17 de setembro de 2016”...

    “Eu quero matar o meu namorado ou qualquer coisa que esse garoto idiota seja...

    Deveria ser um crime fazer esse tipo de coisa comigo. Bom, deixe-me recapitular, para não ficar confuso. Eu e Justin brigamos há algumas semanas, assim como eu fiz questão de deixar bem claro aqui, junto a todo o meu ódio por ele, durante esse enorme espaço de tempo. Mas alguém consegue acreditar nisso? Quero dizer, acreditar que eu realmente odeio esse garoto?

    Bom, deveria, porque eu realmente o odeio. Sério!

    Afinal, que tipo de ser humano horrível faz com que eu termine um relacionamento, depois me ignora durante séculos, me fazendo ficar tão mal quanto uma condenada à cadeira elétrica, só para depois vir em um dos meus shows e cantar a música mais linda para mim, antes de fazer com que eu me sentisse totalmente idiota? Pois é, senhoras e senhores, apresento-lhes Justin Bieber, um bobão que eu chamo de namorado nas horas vagas.

    Para ser sincera, eu fiquei bastante receosa quando o vi entrando no palco, porque, em teoria, eu já estava começando a aceitar que nós realmente havíamos parado por ali  eu estava morrendo um pouco a cada dia, mas coisas da vida, relevemos  e, então,  ele, mais uma vez, faz uma bolinha com todas as minhas certezas e a arremessa no lixo mais próximo. Às vezes, eu me sinto tão boba perto dele.

    Nós conversamos no meu camarim, depois do que aconteceu e foi horrível. As palavras dele são tão lindas e eu sou tão sem jeito, que me dá vontade de rir por não ser tão eloquente, só que, ainda assim, Justin faz parecer que essa é a característica que ele mais gosta em mim. Definitivamente não posso lidar com isso. Sério, dá para ouvir meu coração batendo? Não, né? Bem, Justin o transformou em farofa, depois de definir a preocupação que eu lhe causo como algo “perfeito”.

    Agora, ele está dormindo bem ao meu lado e ele sorri enquanto o faz. Uma perna dele está sobre a minha e, embora isso esteja me provocando uma câimbra terrível, eu não acho que eu vá me mexer tão cedo. Às vezes, quando eu estou sozinha, pensando nas minhas idiotices super bem desenvolvidas, chego à conclusão de que o seu toque é a minha única certeza de que ele é real, porque essa aparência de anjo não ajuda muito...

    Isso deveria ser considerado um crime: amá-lo dessa forma. Não é certo, é?

    Chega a ser engraçado, porque estar com ele e perceber que eu nunca senti nada tão forte assim por ninguém é meio assustador, mas não é algo que eu consiga parar ou mesmo controlar. Eu sei, apesar das nossas brigas, do meu jeito teimoso e de minha mania de bater o pé quando eu acho que estou certa, eu tenho total ciência de que Justin tem o meu coração por completo e, mesmo que o próprio não saiba disso, se ele quisesse simplesmente quebrá-lo em um único momento, eu não seria capaz de fazer nada para impedir isso. Iria doer e, apesar de já ter me decepcionado outras vezes, eu tenho certeza de que Justin não fará isso, por isso eu não me preocupo tanto assim.

    Mas eu duvido que não tenha alguma lei ou qualquer coisa que configure isso como crime hediondo; ou, então, algum diagnóstico que confirme ser uma doença crônica – ou talvez algo próximo de um infarto –, porque, sinceramente, eu não me sinto nem um pouco no controle da situação...

    Mesmo esperando que a resposta seja negativa eu não consigo deixar de me perguntar: será que algum dia isso vai passar?”


    Suspirei, antes de olhar por sobre o meu ombro. (Seu nome) ainda continuava adormecida completamente inconsciente da minha presença em seu quarto  até porque se ela somente desconfiasse disso, bom, eu não teria mais uma vida com a qual me preocupar. Ali também continuava Harry, com o corpo tão perto do dela que se tornava até uma visão meio imoral.

    É, (Seu nome), aparentemente, tudo isso já passou.

   Resolvi adiantar um pouco as coisas, pulando várias páginas e cheguei a um ponto em que à medida que os dias relatados ali iam passando, as folhas iam ficando um pouco enrugada em alguns pontos. Algumas páginas eram só alguns desenhos bem rabiscados com traços grossos e bem marcados, como se ela tivesse cravado bem fundo a caneta sobre o papel. E, então, eu cheguei ao dia 1º de dezembro do mesmo ano...

    "Eu não estou aguentando mais!

    Os dias têm parecido se arrastar cada vez mais e eu simplesmente não consigo mais fingir que eu estou completamente bem e confortável com o que está acontecendo. Afinal, é tão óbvio que eu não estou e é, infelizmente, óbvio para todo mundo  até para meus fãs que nem sequer tem um contato muito grande comigo cotidianamente. Como isso é possível?

    Definitivamente, não estar bem me irrita, mas não é como se eu conseguisse parar e restaurar um humor agradável. Eu simplesmente não consigo. E, mesmo sabendo que isso é algo interno, que, em teoria, depende só de mim, eu não posso fingir que não tenho raiva do mundo, das forças do universo, de algum carma terrível ou corrente de azar que virou minha vida de pernas para o ar de um dia para o outro. É nessas horas que eu realmente acho que sou uma pessoa detestável, porque é a única razão lógica para eu ter que passar por torturas assim.

    Felizmente, uma etapa já foi.

    Explicando melhor, Justin sofreu um acidente. Eu não tive muito tempo de escrever sobre isso antes, porque eu não queria pensar nisso. Foi horrível. Ele estava voltando para sua casa na Califórnia, durante o crepúsculo, quando seu carro foi atingido por outro e acabou rolando um barranco. Em pensar que nada disso teria acontecido se ele não tivesse que voltar exclusivamente para ficar comigo...

    Então, ele ficou internado no hospital durante algumas semanas e eu posso seguramente dizer que foi a pior semana da minha vida até agora. Era terrível. Eu não conseguia comer, dormir, pensar ou mesmo respirar sem sentir uma dor absurda pela incerteza de que ele sairia bem daquela situação, ou ao menos vivo. Eu tinha pânico de que algo desse errado e, por algum motivo, eu não pudesse mais ter o privilégio de olhar para aquele par de olhos perfeitos, nunca mais (aliás, pensar nessa possibilidade ainda dói).

     Mas nós(?) superamos isso, em partes. Eu já estava começando a ficar completamente desacreditada, quando aconteceu. O médico informou que ele havia desenvolvido uma amnésia ou algo assim, mas não importava, porque ele estava bem, acordado e com aquele jeito só dele, o qual eu senti tanta falta.

    Eu admito, foi um choque para mim quando ele perguntou meu nome, completamente inconsciente da minha identidade. Mas não fez tanta diferença, porque eu sabia que era uma consequência de algo que ele não tivera culpa, eu não podia reclamar. Além disso, a visão de seu sorriso ao conversar com seus pais conseguia suprir meu desconforto  depois de tanto tempo sem, seu sorriso parecia fazer uma massagem no meu coração preocupado.

    Só que, mesmo que pareça egoísmo, agora, depois de um tempo relativamente considerável, eu não consigo fingir que está tudo bem. Justin se lembra, a cada dia mais, de um pedaço significativo da sua vida, antes da internação... Com exceção de mim. Eu sei que isso está muito longe de ser culpa dele, mas eu não consigo ignorar isso. Dói e muito, porque todos os meus pensamentos tem girado em torno dele, quando o mesmo nem ao menos me olha nos olhos.

     Eu não sei em quem me apoiar para conseguir passar por isso, porque não é tão fácil quanto parece. Pattie tem sido doce comigo, como sempre, mas eu não posso cobrar dela mais do que é justo, embora ela pareça sempre completamente disposta a ajudar. Além disso, Manuela anda um pouco afastada de mim, eu não sei por que, mas talvez seja bom. Ficar sozinha me dá mais liberdade para desabar de um jeito que ninguém entenderia.

    Aliás, eu não conversei sobre isso com o Lucas ainda, nem com os meus pais. Eu sei que essa situação faria com que eles pedissem para que eu fosse correndo para o Brasil, além de dar-lhes uma impressão ruim da minha relação com o Justin, o que definitivamente não é o que eu quero. E, por mais que eu não esteja me sentindo forte o suficiente para me manter aqui sem nenhuma base que realmente me sustente, não dá. Não é uma coisa pela qual eu possa exigir das pessoas compreensão, mas eu também não aguentaria ninguém dizendo que "vai ficar tudo bem", quando não vai.

     É horrível. Eu não consigo sentir mais meu coração bater, eu juro. Quero dizer, eu sei que isso está acontecendo, porque (infelizmente?) eu ainda estou sobrevivendo, mas eu não tenho sentido nenhuma reação do meu corpo mais, só um dor insuportável que começa no peito, chega à cabeça e deixa todos os meus músculos dormentes. Eu nem sei mais como eu consigo levantar todas as manhãs, porque é como se meu organismo tivesse tentando explodir para não precisar encarar isso. E eu não o culpo!

    Eu não gosto de soar tão depressiva e dramática, mas é realmente o que eu estou sentindo e isso me incomoda. Eu chego a me sentir errada, desconfortável e desagradável por passar pelo que eu estou passando desse jeito, mas, ao mesmo tempo, eu não consigo me desvencilhar dos meus sentimentos embaçados. É como se eu estivesse vivendo dentro de uma prisão de mim mesma.

    Mas eu não tenho o direito de reclamar. Como eu disse, se não fosse por mim, nada disso estaria acontecendo. Apesar de Manuela ter insistido algumas vezes para eu tirar essa ideia da cabeça, eu não posso simplesmente ignorar a verdade. Se não fosse por mim, Justin não precisaria voltar à Califórnia naquela noite, ele teria ficado na segurança de seu quarto de hotel em Los Angeles, não teria ocorrido nenhum acidente e, provavelmente, talvez agora ele estivesse já quase terminando o seu mais novo trabalho. Pensar nisso acaba de me destruir...

    Justin tem buscado não falar comigo nesses últimos tempos, mas se eu, ao menos, conseguisse a oportunidade de ter alguns poucos minutos com ele, com certeza, pediria desculpa, mesmo que ele não soubesse o motivo, eu me desculparia. Às vezes, eu sinto tanto por somente ter entrado em sua vida.

     Mas ele já arranjou um jeito de me tirar dela, aparentemente. Por mais que isso esteja me machucando, eu não tenho o direito de exigir dele as nossas lembranças  apesar de eu mesma estar vivendo delas ultimamente.

    Talvez o que mais me magoa é que, enquanto ele não se lembra de nada, eu me lembro de tudo. Lembro as nossas provocações, o jeito dele de me olhar fazendo com que eu me sentisse a pessoa mais especial do mundo, o modo como ele cuidava de mim quando eu estava mal mesmo que por um motivo banal, o tom maravilhoso da sua voz quando ele cantava para mim, antes de dormir. Lembro as nossas brigas que começavam pelos motivos mais bobos do mundo, o meu ciúme ensaiado da sua ex-namorada, a birra dele com o meu melhor amigo e a nossa teimosia que nos levava aos extremos. Lembro o modo como ele segurava a minha mão, a sensação de ter seus braços ao redor do meu corpo, o jeito como ele me beijava no meio de uma risada, mandando meu fôlego para o espaço, a maneira como a companhia dele era o suficiente para mandar todas as coisas ruins embora. Lembro-me de cada detalhe meio torto e eu gosto de todos eles, mais do que deveria.

    A pior parte é saber que, enquanto ele tenta me evitar a qualquer custo; a cada segundo que se passa, o meu coração sente mais a sua falta..."


    Havia pontos estratégicos da página que se enrugavam, pois tinham involuntariamente entrado em contato com lágrimas  eu supunha. Logo que acabei de ler, notei haver mais locais molhados do que antes e, então, finalmente me dei conta, com muito pesar, de que eu mesmo não havia conseguido me manter indiferente às suas palavras tão magoadas.

    Assim, rapidamente sequei o rosto e tratei de fechar aquele caderno, guardando-o em seu devido lugar. Aquilo que eu viera descobrir, eu não tinha achado, de fato, mas, depois do que eu lera, também não importava mais. Então, apenas coloquei todas as caixas de volta ao seu devido lugar, sem ter mais coragem de revirar nada, completamente absorto em culpa por alguma vez na vida ter feito alguém se sentir do jeito que (Seu nome) relatara.

    Antes de sair, dei uma última olhada no quarto para me certificar de que tinha deixado tudo em seu devido lugar, afinal, a última coisa que eu queria era deixar rastros das minhas atitudes criminosas. A única coisa da qual eu havia me esquecido era a luz do abajur, que eu deixara acessa e que continuava a iluminar, sem muita intensidade, o rosto sereno de (Seu nome).

    Aproximei-me lentamente para desligar a mesma e, antes de fazê-lo, não resisti ao enorme nó que havia se formado em minha garganta. Com suavidade, deslizei meus dedos pelo rosto delicado de (Seu nome) e suspirei, ainda pensativo. Eu havia lido e sentido a visão dela sobre aquela época da minha vida, mas, assim como eu não conseguia ligar as palavras ao acontecimento, eu também não conseguia imaginar uma situação em que ela pudesse ser culpada de algo tão inusitado. Como ela podia se sentir assim, afinal?

    Me abaixei devagar ao seu lado, ainda tocando o seu rosto e encarei sua expressão suave. Não era como se eu sentisse pena do que (Seu nome) tinha passado, não era exatamente isso. Eu ainda não estava confortável com o comportamento dela comigo, mas talvez, depois de ler tudo aquilo, eu não pudesse culpá-la por qualquer coisa. Aquela mulher totalmente inconstante, teimosa e irredutível se tornara uma menina assustada e magoada naquelas páginas. Isso era surreal para mim!

     Me desculpa  sussurrei, antes de beijar sua bochecha rosada.  Eu realmente sinto muito por não lembrar...

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Capítulo 24, anjos (:
Eu não tenho muitos comentários para fazer, porque já tenho que sair aqui. Porém, deixo um aviso muito meigo para vocês: podem comentar nos capítulos, tá, babys? Juro que não me importo, hahahaha. Sério, gente, desculpa se eu pareço carente, mas quando eu vejo o número de visualizações e o número de comentários, eu me sinto tipo quando você está falando com uma amiga(o)/gatinho/qualquer um no facebook ou wpp e a pessoa te ignora completamente. Não é de partir o coração? Pois é...

Mas, enfim, anjos, eu espero que vocês gostem do capítulo, porque ele saiu do fundo do meu coração para a tela do computador/celular de vocês. Por hoje, é só. Tenham uma boa noite!   

5 comentários:

  1. Faz eles ficarem juntos logoooo porfavorrr!
    Giovanna

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  2. MORTA Feat Enterrada Continuaa

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  3. Juuuuu vc quer me matar ne? To em rios de lagrimas, principalmente por lembrar do acidente e de "tudo que eu passei". Mas mesmo chorando e soluçando eu amei deeemaais... Ficou MARAVILHOSO... To amando tudo que ta acontecendo, os beijos do Justin principalmente hashashuhashuash. Continua logo por favor, obrigada, sua fanfic eh uma das melhores que ja li, beijuuuus <3

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  4. oi Ju! Eu acompanho seu blog desde o início e durante todo esse tempo eu só comentei aqui no máximo umas 2 vezes, mas eu só quero dizer que eu adoro seu blog e que você é uma ótima escritora. Eu sinto muito por não comentar mais vezes, mas é porque eu trabalho e leio pelo celular nos intervalos que tenho durante o dia e por esse motivo não consigo comentar (meu celular é uma bosta!). Mas eu só quero te dizer que independentemente de ter comentários ou não, você nunca deixe de postar os novos capítulos porque eu sempre estarei em off esperando por eles. Eu amo seu blog! Todo dia eu entro só pra ver se você postou novos capítulos haha. Aaaah e, PELO AMOR DE DEUS FAZ ELES FICAREM JUNTOS LOGO :'(. Continua logo ta Ju!
    Te amo!
    (isso é meio clichê, mas é tudo que eu consigo falar. Desculpa!)
    Sara,
    @ourprouddrew

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  5. Perfeito, perfeito, perfeito,perfeito, perfeito, perfeito,perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito,perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito, perfeito! N tenho mais o que dizer Juh!

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