01 julho 2013

4. You Make Me Love You - Capítulo 14



Tarde da noite

Música do capítulo: Inalcanzable - RBD

Belieber's POV 

   Sem estar muita certa do que estava fazendo, continuei subindo as escadas até o segundo andar, tentando me convencer de que eu era uma mulher decidida e não tinha nada a temer. Desacreditei dessa hipótese, logo após sentir uma necessidade absurda de rir só por ter me colocado em uma posição como essa. Talvez, “eu”, “séria”, “decidida” e “mulher” não combinassem muito em uma mesma frase. Eu parecia mais para garotinha assustada do que qualquer outro rótulo.

   Meu coração só realmente começou a bater mais devagar quando cheguei à porta do quarto que eu desejava e parei para refletir por um segundo. Embora o que eu planejasse fazer não fosse a coisa mais errada do mundo ou mesmo muito ousada, não seria legal se eu abrisse a porta e desse de cara com ela dormindo ao seu lado. Eu não estava me sentindo tão sensível a ponto de começar a chorar por causa disso, mas também não seria muito agradável se eu esfaqueasse alguém.

   Felizmente, a vida é feita de riscos! 

   Abri a porta devagar, procurando não fazer qualquer barulho que pudesse ser incômodo o bastante para acordá-lo. Dentro do quarto, o silêncio penetrante fazia com que as batidas do meu coração soassem muito mais altas do que realmente estavam. Eu nem ao menos sabia se estava nervosa a esse ponto por estar ali, escondida às três horas da manhã ou, simplesmente, por perceber que ele estava completamente sozinho.

   Apressei-me para chegar até a cama, hipnotizada por aquela imagem graciosa de Justin dormindo, profunda e encantadoramente. Embora parecesse que ele não acordaria nem com uma banda no quarto, eu não conseguia não enxergá-lo como um pequeno bebê adormecido após uma cantiga de ninar. Isso me fazia lembrar o quão maravilhoso era poder acordar, admirando aquilo e já ter um ótimo motivo para sorrir no primeiro segundo após abrir os olhos.

   Suspirei ao me sentar no cantinho entre o final da cama e o seu peitoral. De início, eu não tinha percebido as vantagens que esse lugar me proporcionara, mas assim que senti sua respiração tocar minha perna, um sorriso incontrolável preencheu meu rosto. Fazia séculos que eu não me ficava tão próxima dele assim, próxima a ponto de sentir o toque de sua pele, as vibrações do seu corpo perto do meu.

   Enquanto eu permanecia quieta, praticamente imóvel, eu não conseguia deixar de notar detalhadamente todas as mudanças que vinham ocorrendo há muito, muito tempo. Na época em que eu conhecera Justin, ele era o tipo certo de sonho de consumo adolescente. O cabelo às vezes muito bem ajeitado, e outra, levemente bagunçado; o rosto jovem com traços ainda suavizado com algumas características de criança; um brinco – estupidamente caro – sempre em uma das orelhas; o corpo típico de um adolescente que sonha em ser forte. Atualmente, embora ele continuasse sem ter muito mais cuidados capilares como antes, seu rosto já parecia completamente maduro; suas orelhas já não tinham mais nenhum tipo de acessório; e o corpo – e que corpo! – estava incomparavelmente mais musculoso, sem contar que ele mantinha um de seus braços completamente fechado por tatuagens, deixando-o visualmente ainda mais sexy.

   Em curto prazo, as mudanças eram ainda mais agradáveis. Seu físico já estava completamente recuperado de todas as consequências do acidente. Era como se quase não tivesse acontecido nada, a não ser pelo fato de que eu ainda me lembrava muito bem daqueles tubos de ar e de soro envoltos em seu corpo. Mas era só isso que sobrara: lembranças. Imagens de curativos, inconsciência e dias que pareciam infinitos não significavam nada, quando comparadas ao que estava diante de mim.

   Eu não tinha consciência da minha necessidade absurda de ter aquele homem, até o momento, mas foi se tornando incontrolável diante do retrato de um anjo como aquele. Na verdade, eu nem precisava de muito para satisfazer essa vontade, apenas o som de sua respiração, das batidas de seu coração, o calor de sua pele e a inconsciência tranquila em que ele se mantinha, enquanto dormia.

   Sem conseguir resistir a todos os meus impulsos de tê-lo para mim por somente um instante, ousei mover meu braço lentamente, sentindo meus dedos tremerem diante da ideia de tocá-lo mais uma vez. Porém, mesmo com essas sensações, desisti, afinal o que eu estava fazendo não parecia ter qualquer fundamento racional. Ou seja, eu não poderia simplesmente cede a vontades que poderiam colocar tudo a perder.

   Quando eu já estava me afastando de sua pele, as coisas começaram a fugir de meu controle. Sem qualquer aviso, Justin sentou-se na cama em um sobressalto, devido ao meu ato impulsivo. Ele parecia assustado – com razão – e eu precisei segurar a respiração para não deixar um grito histérico de surpresa escapar. Afinal, eu já parecia louca o suficiente por estar ali no meio da noite em segredo, não precisava de mais nada para completar meu atestado de insanidade.

   – O que você está fazendo aqui?

   Enquanto eu buscava uma resposta, no mínimo, decente para a situação, seus olhos assustados me chamavam atenção. Embora ele não me encarasse de fato, havia algo no modo como ele estava alarmado, que fazia com que eu me arrependesse de tudo o que eu fizera até então. E eu não estava falando sobre o dia em questão, mas sim sobre todas as minhas tentativas frustradas de aproximação.

    Eu não tinha ideia de como equilibrar aquela estúpida bandeja e também empurrar a porta. Aliás, já estava me arrependendo de ter pedido à enfermeira para deixar que eu levasse o almoço, porque não havia jeito de eu entrar naquele quarto, sem antes derrubar tudo o que estava em minhas mãos. Mas eu arranjara essa situação – pedindo a todos que fossem almoçar, que eu tomaria conta de qualquer imprevisto – com a estúpida intenção de ganhar algum tempo com ele, agora eu tinha que lidar com isso. O que eu tinha na cabeça quando propus aquilo?

    Foi preciso utilizar toda a minha inteligência e agilidade, que não era muitas, para afinal conseguir entrar naquele quarto. Ainda assim, quando já estava fechando a porta atrás de mim, Justin virou-se em minha direção e, novamente, quase que tudo foi parar no chão. Definitivamente, era muito mais fácil permanecer ali, quando ele estava dormindo, porque assim eu não tinha que encarar e tentar encobrir seus efeitos avassaladores sobre mim. Era meio embaraçoso.

    Notei Justin se endireitan
do suavemente, enquanto eu me aproximava devagar. Embora as expressões de desconforto físico que ele fazia me incomodassem um pouco, dava para perceber que sua nova posição na cama, era um aviso implícito para que eu não me aproximasse tanto assim e permanecesse no espaço que ele me cedera. Era bizarro ter certeza disso, mas, mesmo que ele achasse que não, eu o conhecia o suficiente para saber o motivo de cada movimento que o mesmo fizera.

    Me acomodei devagar em um cantinho mínimo da cama, tomando o cuidado de não encostar em Justin, apenas para respeitar seu espaço e também com medo do nível atual de fragilidade do seu corpo. Com cuidado, ajeitei a base da bandeja, colocando-a em uma posição que eu considerava boa o suficiente para ele, já que eu tinha certeza que o mesmo não se dirigia a mim com tanta facilidade.

    “Você não precisa fazer isso...”

    Contrariando minhas convicções, sua voz saiu arrastada por entre seus lábios, quando eu enchi a colher do caldo quente da sopa. Eu sabia que aquilo parecia infantil, mas devido às suas condições – em que seus dois braços tinham uma limitação para alguns movimentos – parecera a melhor opção. Aparentemente, Justin não pensava assim, ou pior, pensava, mas continuara a temer minha aproximação de tal modo que até minhas tentativas de auxílio eram rejeitadas por ele.

    “ Tudo bem”, suspirei. “Vá em frente..”.

    Soltei a colher, semi mergulhada na sopa e fingi distração enquanto Justin se esforçava para começar o processo de “eu posso fazer sozinho”. Um longo minuto se passou até que ele movesse o braço engessado, esforçando-se para chegar até o prato. Quando o fez, ele não pareceu tão confortável em segurar a colher tendo aquele gesso se estendendo até metade da sua mão. E levar o conteúdo da colher até a boca também não pareceu muito fácil, já que Justin conseguiu derrubar grande parte na bandeja.

    Soou mal, mas eu realmente precisei morder os lábios para não rir. Eu sabia que se estivéssemos em um dia normal, em uma situação normal, eu começaria a imitá-lo, exagerando na característica de querer sempre pagar de machão independente, mas provavelmente ele não tinha nem consciência de que estava agindo assim. A única coisa que ele queria era não ter que estar sozinho comigo e, principalmente, ser dependente de mim para fazer coisas que ele deveria poder fazer sem ajuda. Ainda assim, tentei não condenar isso, quando ele afinal se dirigiu a mim, sem graça:

    “Talvez, eu possa fazer isso melhor com ajuda...”

    Sorri, satisfeita por ter permissão para fazer algo por ele, já que havia tempo que eu vinha me sentindo inútil naquele hospital. Assim, tomei a colher em mãos novamente e, enchendo-a de sopa, levei-a até a boca de Justin, que não parecia tão tentado a ingerir aquele prato, porém encarou as primeiras doses sem fazer careta. Só realmente me pediu para parar quando teve vontade de beliscar o pequeno pãozinho, que permanecia intocado em um canto da bandeja.

    Pronta para realizar todas as suas vontades, cortei o pão em fatias menores, apenas para facilitar a sua vida. Em seguida, com o intuito de não me distrair e acabar encarando o menino, concentrei-me em examinar o que restara para encerrar a refeição, enquanto Justin ia devorando o pãozinho com muito mais vontade do que fizera com a sopa. Ocupada demais, tentando adivinhar todas as frutas contidas em uma pequena taça abandonada sem chamar qualquer atenção, assustei-me quando aquela maravilhosa voz melódica entrou novamente pelos meus ouvidos.
   
    “Você viu minha mãe?”
    “Hã...”, eu precisei de um momento para associar as palavras e seus significados. “Todo mundo foi almoçar, eu assegurei que ficaria tudo bem e que eu tomaria conta de qualquer coisa. Está tudo bem para você, não é?”
    “Claro!”

    Justin não pareceu muito convincente, mas fez um sinal para que eu terminasse de lhe dar a sopa e foi o que eu fiz, tentando não refletir muito sobre a situação, que eu sabia não estar a meu favor. Mas, ainda assim, não era tão fácil quanto deveria ser, porque a cada vez que eu levava a colher até a sua boca, eu tinha que notar que ele estava sempre olhando para um lugar diferente na tentativa de não ter que olhar para mim, o que era desconcertante e... Triste!

    Mas eu precisava afastar isso de mim...

    Quando Justin, afinal, acabou, parecendo muito satisfeito por isso, pegou com um pouco mais de agilidade o pequeno pote de salada de frutas, que eu admirara minutos atrás. Era bom ver que ele estava lidando bem com aquilo, porém isso acabava com a minha utilidade no quarto, fazendo-me questionar se já não estava na hora de me retirar. Eu só não queria ter que fazer isso, não queria ter que me afastar dele, porque mesmo sem haver conhecimento de sua parte, ele me fazia bem como ninguém mais.

    “Justin, posso te fazer uma pergunta?”

    Tentei não me arrepender de ter deixado essas palavras saírem da minha boca, afinal, eu precisava de um motivo para permanecer ali, mesmo que ele não olhasse para mim, mesmo que ele me ignorasse, eu precisava tentar. E, junto a isso, estava a minha curiosidade e minha carência, que se relacionavam perfeitamente com a questão que eu tinha em mente e eu realmente esperava que ele respondesse e não interpretasse mal.

    “Hã...”, ele não pareceu muito confortável com isso. “Sim.”
    “Como você se lembrou da sua mãe?”, perguntei mesmo assim, embora me sentisse um pouquinho sem graça. “ Quero dizer... Qual foi a primeira coisa que veio à sua mente quando a viu?”

    Houve uma pausa bastante longa, que me fez perder as esperanças de qualquer comunicação entre nós. Aliás, no momento, Justin nem mais olhava para algo específico dentro do quarto e, sim, focalizava a paisagem do lado de fora, concentrado na janela entreaberta. Sinceramente, senti uma vontadezinha bem sutil de me estapear, porque possivelmente fora a pergunta mais idiota que eu já pensara na vida. Na verdade, eu não sabia nem o motivo pelo qual eu deixara aquilo escapar, já que possivelmente ter a resposta dessa questão não resolveria meus problemas como eu queria.

    “Eu...”, Justin suspirou pesadamente, parecendo pensativo. “Eu não sei bem para falar a verdade. Bem, quando eu acordei aqui no hospital e, então, ela e meu pai entraram por aquela porta, eu tive uma sensação boa. Mas, quando eu olhei para os olhos dela, eu soube. Ela estava me olhando com aquela típica preocupação que toda mãe tem, sabe? Foi como se passasse um filme na minha cabeça de todas as vezes que ela havia feito o mesmo...”

    Justin riu, logo em seguida, como se aquela fosse uma boa lembrança e eu não consegui me controlar, deixei um pequeno sorriso escapar pelo canto dos meus lábios. Eu queria que continuasse assim, porém acabou mais rápido do que eu poderia imaginar. Logo que ele percebeu a alteração no meu humor, ficou sério, como se eu o tivesse ofendido de alguma forma. Esse tipo de atitude era, com certeza, a que mais me destruía por dentro. Me dava vontade de sacudi-lo pelos ombros e perguntar por que ele estava fazendo aquilo comigo. 

    Além disso, sua resposta fora um tanto frustrante, considerando que não me trouxera qualquer solução, como eu já previra. Mas, mais do que isso, era estranho ouvi-lo falar desse modo e reconhecer que isso não acontecera comigo e, muito possivelmente jamais iria acontecer, porque ele evitava qualquer tipo de contato visual ou físico comigo. Se eu não me engano, essa era a nossa conversa mais longa desde que ele acordara, o que para mim soara aterrorizante, porque no mundo inteiro, Justin era a pessoa com que eu mais tinha intimidade, e isso tornava sua falta ainda mais dolorosa.

    “Você se incomoda, não é?”, miou Justin, tão baixinho que eu tive dificuldade de ouvir. “Porque eu não me lembro muito bem de você, não é?”
    “Não...”, me esforcei para sorrir, apenas para parecer desagradável.

   Eu estava falando a verdade, surpreendentemente. Eu realmente não me sentia incomodada com seu quadro atual, porque não era culpa dele. Mas, apenas disso, doía e isso eu não podia negar. Doía saber que quase todo dia ele ia lembrando algo – mesmo que mínimo – sobre alguém ou alguma coisa. Doía ver esse tipo de progresso e saber que nem uma pequena parte de mim fazia parte disso. E, mesmo assim, inexplicavelmente, era mais fácil continuar guardando isso só para mim...

    “Eu só me incomodo com você, deitado nessa cama.”, completei. “Ainda dói muito?”
    “Não tanto”, respondeu, enquanto analisava seu braço. “ Eu ainda não me acostumei com o gesso e o tubo do soro incomoda um pouco, mas a enfermeira disse que iria tirá-lo assim que essa dose acabasse e acabou, então eu espero que ela não demore muito. Mas é só isso! Os hematomas já estão sumindo e a costela também não dói mais tanto assim...”

    Sua voz foi diminuindo quando ele falou dos últimos dos seus problemas e eu soube, no mesmo instante, que ele estava mentindo, mas eu não estava em posição de acusação, então apenas assenti, perpetuando aquele silêncio frio e cortante. Parecia que ficar sem falar fazia com que meus pensamentos acelerassem e isso não era bom como parecia, especialmente quando eu estava sozinha com Justin, porque por mais que eu quisesse, sempre acabava por externar coisas que melhor seria se ficassem em segredo.

    Pelo canto do olho, ainda prezando pela discrição, observava Justin terminando o resto da sobremesa. Eu tentava me manter focada o suficiente no que acontecia ao meu redor, mas na maioria das vezes, minha mente conseguia me guiar para uma direção que eu não desejava e eu acabava por voltar a criar hipóteses impossíveis em que meu namorado magicamente se lembrasse de mim. Sim, eu sabia que não era o melhor jeito de lidar com isso, mas também não era tão ruim quando voltar para uma das piores épocas da minha vida, ou seja, voltar a ficar tão desorientada, a ponto de não ter certeza do que é viver.

    Obriguei-me a não ignorar mais a realidade e, então, virei-me completamente para Justin, sem me importar se isso o deixaria ou não constrangido. Felizmente, isso não aconteceu, porque ele sequer reparou minha mudança de posição, apenas limitou-se a devolver a taça vazia à bandeja. Ele não tinha como saber, mas logo abaixo de seu lábio inferior, saudavelmente rosado, havia rastros de uma fruta qualquer, manchando seu rosto impecavelmente limpo. Ironicamente, isso o fazia parecer ainda mais dependente, ainda mais criança e, ainda mais tentador para meus cuidados.

    Com delicadeza, debrucei-me sobre ele, aproximando minha mão de seu rosto, com o único intuito de livrá-lo daquela constrangedora manchinha. Mas, aparentemente, isso não havia ficado claro para ele. Logo que Justin notou que eu estava aproximando-me de sua pele, hesitou, afastando-se discretamente o máximo que lhe era permito pelo espaço. Poderia parecer pouco, mas para mim era o suficiente para me dar a certeza de que, se fosse possível, ele já teria saído daquele quarto há muito tempo, só para evitar ao máximo a minha desagradável companhia.

    “Está sujo...”, avisei, demonstrando em mim o local específico.

    Suspirei, enquanto observava seus movimentos lentos para fazer o que eu tentara anteriormente. Embora eu soubesse o que deveria fazer, meu coração preocupado estava travando uma batalha árdua contra meu seguro e saudável lado racional e, assim, sem que eu tentasse reprimir minha confusão interna como sempre fazia, meu próprio corpo cedeu à pressão da parte de mim que ainda queria me ver bem. Me levantei devagar da cama, disposta a ir embora e, principalmente, a parar de forçar uma coisa que não iria acontecer de uma hora para outra.

    “Nós éramos próximos?”

    Como um imã exercendo a força de atração a polos opostos, a voz de Justin fez com que eu parasse no mesmo lugar e vira-se para ele mais rapidamente do que eu achava ser capaz de fazer. Toda a minha vontade de me retirar dali, misturada com a angústia que sufocava meu peito pareciam ter se escondido embaixo de um canto qualquer dos meus sentimentos. Mais do que qualquer coisa, eu queria no momento responder aquela pergunta como ela merecia. Queria poder beijá-lo tão intensamente que não restariam mais dúvidas sobre nosso nível de proximidade, sobre aqueles últimos dias e, principalmente, sobre o que ele realmente sentia por mim.

    Infelizmente, eu estava congelada demais para fazer isso, enquanto era lentamente enforcada por todas as palavras que se acumulavam em minha garganta, mas se recusavam a sair, simplesmente por não terem certeza da ordem em que deveriam fazê-lo. Havia muitas respostas para aquela pergunta, respostas que transbordavam dos meus olhos o tempo todo, mas nenhuma delas parecia certa. Pelo menos, não quando estávamos em um mundo, onde o garoto que me abraçava apertado e tirava meu fôlego com um olhar, se recusava a respirar o mesmo ar que eu.  

    Já estava à beira de um colapso com aquela situação, quando a porta do quarto se abriu, interrompendo o momento e jogando todas as palavras entaladas em minha boca novamente para onde elas tinham vindo. Supostamente, eu deveria ficar frustrada com a interrupção e, talvez, até bater a porta na cara daquele que havia ousado entrar naquele exato segundo, mas, pelo contrário, eu estava imensamente aliviada, por não estar mais ali sozinha com a minha tendência absurda a passar vergonha. Afinal, muito possivelmente Justin estaria bem mais seguro se tivesse outra pessoa no quarto, além de mim.

    “Com licença...”, a voz docinha de Manuela não me chamou atenção.
    “Oi, Manu!”, miei, esquecendo como se falar normalmente. “Tudo bem?”
    “Claro, por que não estaria?”, ela fechou a porta do quarto, antes de caminhar até nós.“Na verdade, eu só vim aqui para liberar você para ir almoçar. Eu prometi para o Lucas que iria tomar conta de você e é isso que vou fazer, mocinha!”
    “Tudo bem, eu já estava de saída mesmo! Eu vou aproveitar e chamar a enfermeira para tirar esse soro de uma vez e levar essa bandeja...”, informei, apressando-me até a porta.

     No mesmo instante em que eu me afastei, caminhando até a saída e tentando ser rápida, Manuela ocupou meu lugar anterior na cama, ao lado de Justin. Era quase impossível não perceber como ele se sentia mais à vontade perto dela, aliás, quase dava para ver toda a sua tensão se dissipando rapidamente apenas por essa substituição rápida. Embora eu soubesse que não deveria ter qualquer tipo de ciúmes – afinal, ela era a minha melhor amiga –, eu ainda sentia uma dorzinha chata me incomodando e permitindo que eu me visse como facilmente descartável.

    “Você ainda não respondeu minha pergunta...”, Justin interrompeu meus pensamentos com um tom mais alto do que ele costumava usar geralmente comigo.
   
    E faria diferença se eu dissesse “sim”?

    Por mais que eu quisesse, não seria aquela pergunta que devolveriam nossos momentos a sua memória. Não seria aquele o dia em que ele olharia para mim e se lembraria de todas as vezes que ele fez meus ossos derreterem dentro do corpo com apenas uma troca de olhares. Não seria eu que estaria naquele quarto na próxima hora, tendo uma conversa normal, fazendo-o sentir bem por um tempo mais longo. Aparentemente, Justin estava bem com isso, com essas certezas e, se aquela realidade servia para ele, servia para mim também.

    “Deveríamos ser?”

    Era a única coisa que poderia ser dita, porque era a única que realmente contava, a opinião dele sobre mim e sobre qualquer passado que me relacionasse a ele. Mesmo que Justin não se lembrasse de mim, faria diferença se ele apenas quisesse a minha presença apesar disso, como se pudéssemos nos conhecer novamente. Mas não estava sendo assim, aliás, ao contrário, era simplesmente como se fossemos dois estranhos. Pior do que isso, quase como inimigos por debaixo dos panos, já que nenhum de nós externava o que estávamos pensando e muito possivelmente ele também desejava que eu sumisse da sua vida.    
  
    Não esperei por uma resposta que eu sabia que não viria, assim, me limitei a acenar suavemente com a cabeça, antes de sair do quarto, deixando que os dois ficassem sozinhos. Minha ausência fazia bem, não só para Justin, mas também faria muito bem a mim, se eu por descuido me esquecesse de me fazer tão presente em mim mesma. Se eu pudesse ser outra pessoa, com sentimentos e lembranças diferentes dos que restavam agora...


   Justin continuava a esperar uma explicação, enquanto um longo filme passava rapidamente em minha cabeça. Assim como eu não achava uma resposta naquele dia, eu estava também sem argumentos no momento. Junto a isso, tentava me controlar para não deixar um choro idiota recomeçar mais uma vez. Embora eu soubesse que aquilo parecia bobo, aquelas lembranças soavam mais como trinta tapas na minha cara, considerando que na época eu acreditava demais em coisas – ou melhor, pessoas – que não deveria...

   – Bom, eu... – respirei fundo, tentando ganhar tempo – Na verdade, eu ouvi um barulho lá de fora, quando estava descendo para beber água e achei melhor vir verificar se estava acontecendo alguma, para ter certeza que está tudo bem!

   A minha demora para completar a frase, deixava claro que eu não estava mentindo muito bem e, possivelmente, não estava sendo nem um pouco convincente.

   – Eu não ouvi nada... – refletiu ele, com uma expressão que comprovava minhas suspeitas.
   – Provavelmente, não foi nada mesmo! – continuei, tentando me superar dessa vez – Eu só fiquei preocupada.
   – Obrigado, mas eu estou bem...
   – Aposto que sim. – suspirei – Nesse caso, é melhor eu voltar para o meu quarto, afinal, ainda falta um longo pedaço da noite pela frente.

   Me levantei da cama devagar, tentando lutar contra todos os músculos do meu corpo, que pareciam se recusar a sair de perto dele. Aparentemente, eu estava me recusando a cometer o mesmo erro novamente, mas apesar disso não tinha opção, eu não era mais uma criança para agir por impulso sempre que eu quisesse. Infelizmente, eu era obrigada a me preocupar com as consequências de todas as minhas ações e, por hora, eu não poderia lidar com a avalanche de desastres que começaria, caso eu me deixasse levar por vontades e sentimentos. Não era o momento para isso.       

   Ainda assim, tocar a maçaneta da porta me fazia pensar duas vezes se eu deveria sair dali como se tivesse acreditando nas minhas próprias mentiras banais. Eu ainda não tinha certeza se valeria a pena esperar até que eu morresse sufocada com todas aquelas verdades quase transbordando do meu corpo. Mas, não era eu quem deveria escolher. E foi isso que Justin fez, virando-se para o lado oposto e cobrindo-se novamente, antes que eu pudesse sair do quarto, antes que eu pudesse varrer os pedaços de mim dali.

   – Justin... – mesmo após chamar seu nome, não tive um retorno e permiti que minha voz fosse diminuindo, já que permanecíamos em um silêncio duradouro – Desculpa por ter te acordado, mas talvez você deva saber que a sua dúvida pode ser resolvida com um “nem tanto”...

   Não tive uma resposta, como de costume.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Capítulo 14, babys! :)

  Ai, ai, nem acredito que consegui postar dois capítulos em um único dia, que emoção! Hahahaha
  Enfim, gatinhas, espero que tenham gostado e... Eu estou meio atrasada para fazer outras coisas agora, então eu vou deixar para reler com calminha os comentários que ainda não li e responderei lá na page do blog no facebook!
  Por hoje, é só! Boa noite! :) 

7 comentários:

  1. Ok, chorei...
    Bom esse capítulo etá incrível, como sempre.
    Eu só acho que já ta na "minha" hora de dar a volta por cima, sabe...
    E o Justin heim? Não vai se lembrar de mim, não?
    kkkkkkkkk'
    É serio, a IB ta perfeita.
    Beijos Ju
    @Grazii_Pereiira

    ResponderExcluir
  2. Chorar faz parte néh??! =')
    Caramba como ela sofre
    ~Tipo foi Perfeito sabe, esses '2' capítulos OMG!!! =D
    Ai que dó ele está sendo muito mau com ela, e todas essas lembranças são mais perturbadoras ainda... que crazy essa de entrar no quarto dele u.u ele ainda faz questão de acordar, eu levei o maior susto kk' E achei essa resposta dela muito convincente AHUAUHSUAHSUAH....
    Estou muuuuuuuiiiitoooo curiosa Jú p/ saber como essa história vai se desenrolar... não quero mais vê-la sofrer.
    Dica: tá na hora de inverter as posições kkkkkkkkkkkk' #souMá
    Continua logoo plz... xoxoxo
    By: Juliana m° =P

    ResponderExcluir
  3. Nossa cara, eu sofro demais! - Acho que tem um olho em minhas lágrimas!- Cada vez mais odeio a vadia da Manuela. Tá na hora do Justin começar a lembrar de "mim" né?Pelo menos só um pouquinho, sei lá. Tô sofrendo demais com isso :/
    Enfim, tá perfeito demais amore,mesmo chorando com "minha" tristeza, a fic fica cada vez melhor! *----* Continua love, tipo o mais rápido possível! Sz'
    BieberKisses Love <33'

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tem um selinho te esperando, lá no blog! =)
      http://allanabelieber13.blogspot.com.br/2013/07/2-selinho.html

      Segue e divulga o blog?? Desde já, obrigada!

      Excluir
  4. Meu Deus juh quanto tmp nao? haah tava quase surtando ak sem a tua IB n demora tanto prra postar nao pequena diiva, pq senao agt morri ak de curiosidade..
    Enfim, os caps. pefeitos como sempre neh? nem precisa te lembrar isso kkkk mas entao esse cap. 14 deeixou minha cabeça supeer super onfusa mas deps eu leio de novo pra tentar entender
    Poise neh essa perda de memoria do Juss ta me tirando do seriio n sei maiis oq eu faÇo pra ele FINALMENTE lembrar 'quem sou eu' mas enqquanto isso n accontece eu fk aguentando a mala da manuela
    '-'
    continua logo amoree to curiossa bjuuuus sua liindaa
    @BiebasMyPride

    ResponderExcluir
  5. Meu Deus eu choro demais,porfavor faz alguma coisa boa acontecer PLEASE I BEG YOU! Eu nao aguento mais isso :'( o jus precisa lembrar e dar ym pe na bunda da vadia da manuela.e cade o Lucas pra dar uns tapas na cara dessa bitch? Te amo e voltei :)
    Ágatha @yepdrew

    ResponderExcluir
  6. Eu sou leitora nova ja li a historia toda desde a primeira temporada e ta tão linda que eu tmb resolvi fazer uma IB lê se vc puder ja que voce me inspirou eu queria sua opinião!
    melswag160.blogspot.com

    ResponderExcluir