01 julho 2013

4. You Make Me Love You - Capítulo 13


Fotos e fatos


Belieber's POV



  
Expulsei Chaz do meu campo de visão durante todo o resto do dia. No almoço, durante a tarde, no jantar, no período de ócio após o último, todos os momentos possíveis foram de total abstinência a Charles Somers. Era mais seguro para nós dois que fosse desse jeito, já que a queda do meu notebook havia me frustrado o suficiente para que eu parasse a twitcam, com uma despedida sem graça pelo twitter e, passasse a alimentar o meu pequeno nível de ódio por ele.

   Assim, o dia passara de pressa e, quando dei por mim, eu já estava sozinha novamente na sala de estar, sendo abraçada pelo escuro único e silencioso, enquanto todos pareciam ainda estar dormindo. Já passava das duas horas da manhã e eu havia desistido de dormir e de permanecer no meu quarto, desde o momento em que eu acordara há mais ou menos uma hora atrás e não conseguira mais pregar os olhos por um único minuto.

   Sentada no sofá e tentando me distrair com meu celular – para assim não começar a pensar nos monstros horríveis que poderiam estar ao meu redor –, os segundos começaram a se arrastar. Aparentemente, aquela madrugada estava disposta a durar para sempre, considerando que já estava tarde demais para chamar alguém para atravessar esse longo período comigo. Era só o que eu estava precisando mesmo: ficar sozinha, entediada e no escuro...

   Ainda não satisfeita com a minha situação deprimente, decidi por mim mesma que nada mais no meu celular me atraia, a não seu – é claro – as fotos salvas. Se comparados a muitos outros celulares, eu não tinha muitas imagens para visualizar, mas o número não muito extenso era suficiente para fazer com que eu me sentisse idiota com o que eu estava fazendo. E, sinceramente, estava começando a achar que me sentir idiota era o que eu fazia de melhor.

   Não hesitei, quando, afinal – depois de passar por muitas imagens um tanto quanto egocêntricas – cheguei  a uma maratona de fotos do Justin comigo. Era basicamente a pior tortura que eu poderia fazer a mim mesma, mas ao mesmo tempo havia algo tão bom em observar aquelas marcas do meu passado, cheia de sorrisos, risadas e certas ações fofas. A única coisa que me confortava e fazia com que eu soubesse que não estava ficando tão louca era que havia muitas pessoas que faziam o mesmo quando estavam com um coração partido – exceto que no caso delas era raro o outro ter sofrido um acidente, que jogou toda uma história no lixo.

    Obviamente, machucava bastante ficar fazendo aquilo, mas aquelas fotografias eram a única coisa que me faziam ter certeza que tudo aquilo realmente acontecera e que não fora uma simples invenção da minha imaginação fértil demais. Eram imagens que provavam que nós havíamos visto um filme qualquer durante uma noite de inverno; que ele me surpreendia das maneiras mais fofas em datas especiais; que seus lábios já estiveram sobre os meus; que... Nós dois usávamos alianças, que me lembravam todos os dias de que eu tinha alguém – e, principalmente, alguém tão especial – para chamar de meu.

   Aquela foto pareceu uma facada me cortando ao meio, porque eu não me recordava dela e, com certeza, não esperava ver aquilo ali. A mão dele sobre a minha, deixando bem visível aquele par de anéis encantadores. Isso não só me fazia sentir falta de usar o meu, como também me deixava com uma saudade incontrolável de ter sua mão sobre a minha novamente, de sentir seu toque mais uma vez, ao menos.

   Acima disso, também se encontrava o fato de que essa pequena imagem só servia para me lembrar de que Justin não ligava mais para essa representação de alguma ligação que ainda pudéssemos ter. E, pior do que isso, ele estava preocupado demais em estabelecer um compromisso com Manuela. Mesmo que eu soubesse que havia pouco tempo desde que isso começara, conseguia perceber que ele queria isso, queria estar com ela, queria sentir o mesmo que nós sentíamos – ou talvez, só eu – há algum tempo atrás...

    Eu já não aguentava mais ficar ali, tentando fazer aqueles estúpidos versos fazerem sentido, embora eles parecessem não se conectar à medida que eu ia escrevendo – muito provavelmente porque os sentimentos que eu estava tendo que suportar também não tinham nenhuma ligação estabelecida entre eles. Era tudo muito aleatório, inclusive o meu ato de tentar compor naquele final de tarde, pois inspiração era a única sensação que estava faltando ultimamente, enquanto confusão sobre tudo sobrava em mim.

    Sem muitas opções do que fazer, continuei escrevendo, ao mesmo tempo em que Chaz brincava com uma mecha do meu cabelo e observava cada palavra registrada naquele caderno e cada rabisco que vinha logo depois. Eu, geralmente, não gostava que me assistissem enquanto eu externava meus pensamentos e emoções, mas ele não era o tipo de pessoa que merecesse ou devesse ser banido disso, até porque se o mesmo se fosse, sobraria apenas eu e a pegação enjoativa de Justin e Manuela.

    Infelizmente, os dois permaneciam no outro canto do sofá, mas aparentava serem quilômetros. Manuela estava parcialmente no colo do meu... Ex, com o braço em torno de seu pescoço, parecendo ignorar completamente a minha presença ou como essa bizarra demonstração de afeto deveria soar para mim. Semelhante a ela, Justin também não parecia ligar muito para o fato de ter ou não outras pessoas na sala. Ele se limitava apenas a dar total atenção à minha melhor amiga, enquanto deslizava os dedos pelo cabelo dela. Não poderia ficar pior...

   Bem, na verdade, poderia. E ficou!

   Eu já estava cravando o lápis no caderno, sentindo todo o ódio que eu conseguia – que não era muito, já que há alguns anos minha mãe fez o “favor” de enfiar na minha cabeça que ódio  era algo muito feio –, quando notei Justin sussurrando no ouvido de Manuela. Embora eu não conseguisse escutar absolutamente nada, sabia que aquela era uma das melhores coisas do mundo. Não as palavras em si, mas a ação. E, aproveitando do momento que deveria ser meu, Manu fitou-o profundamente, antes de soltar um sorrisinho aparentemente sem graça e, por fim, assentir.

   Era fácil perceber distintamente o furacão de sentimentos malucos que avançavam em mim, querendo escapar pelos olhos ao mesmo tempo em que bloqueavam minha garganta, ao observar o que veio em seguida. Justin segurou suavemente a mão de Manuela, ajudando-a a ser levantar e, logo, ambos seguiram em direção à porta da frente, da mesma maneira que estavam antes: com sorrisinhos e olhares penetrantes que duravam para sempre.

   No minuto em que eles finalmente saíram, batendo a porta logo atrás e, fazendo com que meu campo de visão ficasse mais agradável, me esforcei para voltar a respirar normalmente. Mas, ainda assim, eu não conseguia pensar com clareza, só analisar as coisas separadamente, como Chaz deslizando os dedos pela minha pele; meu caderno caindo no chão; a sala de estar sendo preenchida por um vazio não material assustador. Era fácil enxergar tudo isso, mas complicado dar importância, já que tudo o que permanecia na minha cabeça era o que estava prestes a acontecer.

    “Você sabia, não é?”, me revoltei, enquanto tentava me recompor e fitava Chaz, sentindo cada célula do meu corpo arder de raiva. “Ele falou com você e por que, afinal, você não me contou?”
    “O quê? Do que você está falando, (Seu nome)?”, as sobrancelhas dele se uniram, aparentando uma real confusão que eu não esperava.
    “Chaz, por favor, você não chegou há tão pouco tempo assim. Ele obviamente comentou que...”, precisei me esforçar para afastar as horríveis imagens que aquelas palavras traziam a minha mente. “Ele está querendo um relacionamento sério!”
     “Você quer dizer que...”, não me estressei, afinal, eu já estava me acostumando com sua vagarosidade de compreensão. “(Seu nome), Justin não me falou nada sobre isso, porque não vai acontecer. Você mesmo disse que eles estavam ficando há relativamente pouco tempo e que esperava que não durasse muito e, agora, isso? Justin não faria algo tão impulsivo assim...”
     “E você vem dizer isso para mim?”

     Me levantei do sofá em um impulso, sem a mesma paciência, sentindo-me pronta para tomar uma decisão decente, mas ao mesmo tempo, sem saber qual. Me prendendo ali, Chaz continua a me fitar, com um ar de preocupação tão tangível, que era impossível não me sentir como uma criança no jardim de infância. Na realidade, talvez eu estivesse agindo como uma, mas eu definitivamente estava disposta a ignorar essa tal de maturidade, porque agir como adulta nem sempre parece uma coisa tão boa assim.

    “Você sabe que com você foi diferente...”, falou, por fim.
    “Eu pensava assim também, mas as coisas estão mudando e eu não sou tão ingênua a ponto de continuar acreditando nisso!”

    Suspirei, deixando claro que havíamos chegado ao fim daquela conversa. Não que eu quisesse ser grosseira ou agir de forma ignorante, mas mascarar tudo com o otimismo, quando eu sabia da realidade, não me parecia a melhor maneira de lidar com a situação. Assim, eu estava completamente livre de qualquer culpa, quando dei as costas para Chaz e me pus a seguir para longe daquele ambiente supostamente agradável de sala de estar.

    “Aonde você está indo?”, ele se pôs de pé bem atrás de mim, me fazendo ter vontade de sair correndo só para não ter que enfrentar isso também.

    Era natural que eu apenas o ignorasse e seguisse para onde me desse vontade, mas eu não conseguia fazer algo do tipo com tanta facilidade. Meu maior problema sempre fora ter uma boa memória para certas coisas, que, no caso, me ajudava a lembrar que Chaz definitivamente não era o tipo de pessoa com a qual eu deveria ou poderia ser grossa e depois sair andando, batendo o pé. Não era justo!

    “Eu vou procurar uma pedra para, em seguida, apedrejar os dois. Posso?”, respondi, sem conseguir sustentar qualquer tom de ironia.
    “Sem teatro, por favor...”, pediu.
    “Tudo bem. Eu vou vigiar e chorar, você deixa?”, admiti, por fim, sem me sentir nem um pouco orgulhosa diante disso.
    “Você sabe que isso não vai te fazer bem...”
    “Sim, eu sei”, assenti.
    “Então, o quê?”, seu olhar em mim era crítico, deixando bem claro que ele não concordava com o que eu estava fazendo.  “Você virou masoquista agora?”
    “Pare de tentar me fazer mudar de ideia, Chaz. Eu não sou masoquista, ok? É só que depois de tanto tempo você aprende que a vida não é feita só de momentos bons...”, precisei respirar profundamente, tentando restaurar o meu baixo nível de calma. “Deixe-me ir agora, tudo bem?”

    Não esperei que ele voltasse a se pronunciar sobre qualquer coisa. Apenas lhe dei as costas e comecei a me arrastar vagarosamente até uma janela que pudesse me proporcionar uma boa visão do que acontecia no jardim, naquele momento. Eu conseguia sentir cada músculo do meu corpo tremer a cada passo, mas não seria isso que iria me parar, até porque assistir ou deixar de fazê-lo, não mudaria o fato e mais cedo ou mais tarde eu teria que aceitar isso. Eu já estava cansada de adiar as coisas.

    Sem me preocupar em me manter oculta, eu os observava, com a certeza de que ambos não se preocupariam com qualquer coisa que acontecesse dentro de casa. Pelo contrário, Justin e Manuela estavam sentados abraçados de costas para a residência e, pareciam conversar. Mesmo que eu estivesse parcialmente curiosa, não tentei abrir a janela, afinal, não havia nada que eu pudesse ou devesse escutar. Espionar já não era certo, mas eu me sentiria milhares de vezes mais errada se ultrapasse esse limite.

    Apenas quando notei Justin se virando completamente para Manuela e deslizando os dedos suavemente por sua bochecha, a tensão me alcançou por completo. Eu podia facilmente me ver em uma cena de filme, quebrando aquela janela e pulando-a, em um surto de desespero, pronta para acabar com tudo aquilo, jogando os bons modos para o alto e agarrando o homem que deveria ser meu. Só que era muito mais fácil lidar com uma cena dessas quando se tem um roteiro e a chance de refazê-la caso não desse certo. Eu não tinha isso e não podia arriscar perder completamente aquele garoto que nem era mais meu.

    A pior parte era que eu conseguia imaginar todas as maravilhosas coisas que ele estaria dizendo a ela, como se fossem reais, como se a voz dele estivesse bem ali do meu lado. Mas não fazia diferença, porque mesmo se eu estivesse equivocada, mesmo que ele estivesse usando termos melhores ou não, ainda assim seria basicamente uma das melhores coisas que ela iria escutar durante toda a vida. Justin se garantia bem quando se tratava de tocar o coração das pessoas.

    E aconteceu.

    Em meio às minhas conclusões e anotações mentais, ele retirou uma pequena caixa do bolso e mostrou a ela. Meu ponto de observação não era muito bom, possibilitando-me apenas perceber que era grande demais para um anel, mas pequena para um colar. Não que importasse muito, seria igualmente péssimo se Justin lhe desse uma joia ou, então, um graveto que ele recolheu na grama. Afinal, à essa altura do campeonato, eu seria capaz de fazer muitos absurdos para que ele me desse um mísero pedaço de madeira.

    O desespero já estava começando a apresentar os seus efeitos – como choro preso e dormência corporal –, quando a expressão de Manuela se alterou discretamente ao entender as reais intenções de Justin. Eu sabia que provavelmente ele não perceberia, mas quando você convive demais com uma pessoa como eu convivi com Manu, você aprende a perceber coisas que quase ninguém vê. Eu conhecia aquilo, era a mesma expressão que ela fazia quando lhe ofereciam um batom, por exemplo, e embora ela não se sentisse tentada a tê-lo, também não havia nada melhor no momento. Foi isso que, por alguns poucos segundos, encheu meu coração de esperança.

    E, assim como todas as coisas que eu já esperei na vida, não aconteceu como eu queria.

    Depois de um minuto rápido demais, um sorriso se abriu no rosto da morena e eu estava assistindo enquanto ela aceitava possuir o coração que eu mais desejava no mundo. Assim, após sua satisfatória resposta positiva, Justin pegou cuidadosamente o que continha na caixa de veludo e tomou o pulso de Manuela, onde prendeu uma delicada pulseira, antes de beijar sua mão. Foi exatamente assim que ele, sem ao menos ter consciência disso, tornou toda a minha dor oficial!

    A primeira lágrima caiu ao mesmo tempo em que senti duas mãos másculas contornarem a minha cintura. Sem a mínima vontade, me virei, fitando o chão, com a certeza de que não teria coragem de encarar Chaz depois de ter ignorado suas palavras com a minha teimosia. Mas, contrariando meus pensamentos e provando mais uma vez que era a pessoa mais encantadora do mundo, ele não ousou dizer o típico “eu bem que avisei”. Aliás, não disse nada, apenas se limitou a me abraçar apertado, tanto que eu podia o sentir envolvendo meu coração, tentando fazê-lo parar de latejar.

    Deixando de lado todo o meu orgulho – que eu já não tinha mais certeza se existia –, agarrei-me a ele e permiti que todas as lágrimas que pediam por isso, deslizassem ao longo do meu rosto, até afinal pingarem em sua camisa ou caírem no chão. Sem aviso, Chaz me pegou no colo e caminhou devagar, me levando em direção ao quarto no segundo andar.  E, concluindo meus planos, minha noite estava terminando. Com arrependimento. Choro. E  o cheio de um perfume masculino.


   Eu me lembro perfeitamente de ter prometido a mim mesma que a minha única recordação daquela noite seria o maravilhoso perfume que Chaz usara e que permaneceu em mim, em seguida. Mas eu não era tão competente assim para bloquear acontecimentos horríveis e eu considerava isso o pior dos meus defeitos, porque minha vida seria perfeita de um modo indescritível se eu pudesse simplesmente esquecer todos os acontecimentos dos últimos meses e apenas começar do zero.

    Ao afinal conseguir largar o celular e me desvencilhar de todas as lembranças que aquela imagem me trazia, me esforcei para lembrar tudo o que eu planejara durante todo o dia. Supostamente, seria o período de 24 horas que eu me desligaria de todos esses pesadelos que estiveram me assombrando durante muito tempo, seria como uma espécie de férias, uma pausa para minha mente e meu coração. Durante um tempo relativamente bom, eu achei que estava conseguindo manter isso.

   Eu não entendia, de verdade, o que me levava a procurar isso tão desesperadamente, procurar o que me magoava. Mas, quando não havia nada que pudesse me ocupar, eu me sentia obrigada a lidar com isso, porque, de uma forma ou de outra, eu não tinha como fugir de um problema que estava sempre ao lado, convivendo sobre o mesmo teto. Era como ser vizinho do inimigo. Um inimigo que estava vencendo a guerra e desconhecia meus pensamentos, meus sentimentos e, principalmente, minhas lembranças.

   Embora eu não devesse fazer isso, nada mais estava dando certo, nada do que eu tentara desde o começo parecia surtir resultados, porque não fazia sentido. Não tinha motivo para que eu fingisse que o problema não existia ou fingisse que minha vida é um mar de rosas. Eu precisava ser forte o bastante para encarar isso, para aceitar que eu estava perdendo aquela guerra da forma mais patética possível e eu deveria, no mínimo, ficar feliz por isso, porque significava que eu ainda via algum motivo para continuar lutando, apesar de tudo.
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Volto já...

Um comentário:

  1. o seu IB e perfeito mais por favor pula pra parte mais interessante e pq já ta ficando chato isso do justin não se lembrar dela!bjusss sua DIVA

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