01 setembro 2013

4. You Make Me Love You - Capítulo 20



 Próxima fase
 


 Belieber's POV

    Nós havíamos estacionado à frente do lugar escolhido por Cory e os nossos papéis aparentemente estavam se invertendo. Enquanto ele aguardava minha reação, eu tentava disfarçar ao máximo o misto de surpresa e insegurança que eu sentia. Embora o local não fosse tão ruim – aliás, nem ruim era –, definitivamente não estava na minha lista de mais frequentados, o que era uma pena, na verdade.
    – Você está planejando me levar para o mau caminho? – indaguei, gostando demais da ideia.
    – (Seu nome), é só um bar! – respondeu, preparando-se para sair do carro. – Vai me dizer que nunca foi em um?
    – Sim... Quando eu tentava me desvencilhar para o mau caminho! – completei.
    – Bom, isso é um problema seu, não meu. – ele pareceu se divertir com as minhas palavras – De qualquer forma, pode ficar tranquila. Na lista do pessoal da faculdade, esse é um dos lugares mais leves que frequentamos!
    – Acho que não vou querer saber quais são os outros! – murmurei – E eu que pensava que estudantes de medicina fossem pessoas sérias...
    Cory saiu do veículo rapidamente, repetindo o mesmo ato cavalheiro que já fizera tantas vezes. Assim, caminhamos a pouca distância entre a rua e a entrada do local, em silêncio, enquanto eu começava a me questionar novamente o que eu poderia ainda não saber sobre Cory. De uma maneira um pouco estranha, eu sentia a necessidade de superar essa falta de conhecimento.
    O ambiente em si parecia um bar bastante comum: mesas bem distribuídas, luzes características, uma música do aparelho de som ao fundo, conversas ecoando, mesas de sinuca, um balcão repleto dos mais diversos tipos de bebidas possíveis e barmans fazendo graças para os clientes. Era o típico ambiente casual, que embora deixasse claro esse ar de despojado, não parecia o tipo de lugar mal frequentado em que sempre se desenrolavam brigas e confusões.
    Como se não parecesse agradável de um jeito simples o bastante para me encantar, Cory ainda estava certo sobre ninguém me reconhecer. Não havia uma pessoa sequer olhando para mim de uma forma “Nossa, não é aquela menininha da televisão?”. Muito pelo contrário. Os poucos que focavam o olhar em mim sustentavam algo mais “Ei, há realmente uma garota aqui? Que surpreendente e... Que gatinha, hein?”. Eu não estava sendo autoconfiante demais ao pensar assim, havia realmente um ar de predador em algum dos rapazes ali e isso não era agradável.
    – Então, o que você vai querer? – perguntei.
    – Você já está pensando em beber, não é? – seus olhos se estreitaram e um sorriso bobo surgiu no canto de seus lábios – E eu que pensei que você fosse uma boa garota, hein? Bom, só para a sua informação, eu não te trouxe aqui para encher a cara, não...
    – Ah, não? Então, para quê?
    – Eu te trouxe aqui, porque está na hora de entrarmos no meu jogo.
    – Você está falando sobre...
    – Sinuca!
    – Ah, não! – sussurrei, sem saber como escapar daquilo – Eu não vou entrar nessa, Cory!
    – Por que não?
    – Porque eu não sei jogar sinuca e vou acabar perdendo...
    – Hum, não quer jogar porque vai perder? – eu estava começando a odiar o modo como ele analisava tudo o que saia da minha boca – Típico comportamento de uma garota mimada!
    Embora eu soubesse que ele só dissera aquilo como forma de me provocar e, consequentemente, me fazer participar de seu joguinho, não tinha como eu resistir à vontade de fazê-lo engolir o próprio jeito implicante de achar que sabia de tudo!
    – Tudo bem! – concordei, juntando toda minha autoconfiança – Você pode começar, se quiser. Gosto de dar vantagens às minhas vítimas!
    – Aham, sei! – obviamente, Cory já estava convencido de que seria fácil me vencer. E ele estava coberto de razão.
    Fingindo estar muito à vontade ali, caminhei para as mesas de sinuca, logo atrás de Cory. Habituado ao que estava fazendo, ele pegou os tacos, passando um pouco de giz em uma das extremidades, antes de me passar um deles. Não foi preciso mais do que isso para eu entender que estava prestes a me humilhar de livre e espontânea vontade. Eu não tinha sequer ideia de como manejar aquele pedaço de madeira ou mesmo se existia regras complexas que eu teria que seguir.
    Enquanto eu me despedia da minha dignidade, Cory reuniu todas as bolas coloridas que estavam sobre a mesa, ajeitando-as de uma forma específica, que eu desconhecia. Era o tipo de procedimento que eu já vira diversas vezes na televisão ou em joguinhos de videogame, porém por algum motivo desconhecido agora parecia bem mais complexo do que eu jamais pensara ser.

    Dessa forma, exatamente como um personagem fictício faria, Cory fez a sua primeira jogada, fazendo com que cada bola fosse parar em um canto diferente. Seu olhar analítico sobre o jogo me deixava ainda mais tensa, fazendo-me pensar que a partida era algo de extrema importância. Então, de repente, ele voltou a olhar para mim – da mesma forma de antes –, a duvidar da minha capacidade em relação ao que fazíamos.
    – Sua vez, gatinha... – informou.
    Suspirei, reunindo a minha concentração. Com um pouco de dificuldade e me esforçando ao máximo para ocultar esse nervosismo, tentei fazer exatamente o que Cory havia feito, embora eu não soubesse bem o que fora. Na verdade, eu estava completamente perdida já no começo do jogo. Aliás, não tinha ideia de em que canto da mesa eu poderia ter um melhor aproveitamento do que já havia sido feito. E... Sinceramente, eu não sabia nem o que significava um “melhor aproveitamento” nesse jogo idiota. 
    – Você sabe que tem que usar a bola branca para poder acertar as outras, não sabe? – indagou, duvidando da minha mentalidade.
    – É óbvio que eu sei, Cory! – arfei, frustrada – Agora, se você me der licença e parar de me desconcentrar, eu vou poder jogar...
    Cory riu baixinho, continuando a me fitar. Sabendo que, se continuasse a ligar para as ações dele, havia grandes chances de eu acabar enfiando aquele taco em um lugar que iria lhe doer, tentei me desligar do moreno diante de mim e pensar no que estava fazendo. Felizmente, a minha conclusão fora lógica o bastante para me fazer pensar em acertar a bola que parecia mais próxima do um dos buracos no canto da mesa, a amarela.
    Quase deitando em cima da mesa, sem conseguir achar uma posição adequada, tomei um leve impulso com o braço, tentando fazer com que, ao menos, eu não me envergonhasse tanto assim. Porém, antes que eu pudesse finalizar minha tacada, os reflexos de Cory foram mais rápidos. Quando finalmente consegui notar o que havia acontecido, sua mão já retirara a bola amarela da mesa, segurando-a firmemente, enquanto seus olhos continuavam ainda sobre mim. Sua expressão era mais divertida do que vitoriosa quando ele começou a se aproximar de mim, ainda com a bola em mãos.
    – Você sabe que tem que acertar a bola vermelha, não sabe? – perguntou, segurando o riso.
    – Por quê? – chiei, respirando fundo.
    – Porque são as regras do jogo. Eu não posso fazer nada quanto a isso e, nem você, mesmo com toda a sua importância colossal...
    – Você é muito chato, sabia? – miei, dando-lhe a língua como uma criança – Se você fosse mais cavalheiro, com certeza, permitiria um jogo sem todas essas regras idiotas, considerando a minha enorme deficiência em sinuca.
    – É, mas eu não sou desses, então eu prefiro observar, enquanto você quase morre para realizar algumas jogadas simples!
    – Nesse caso, não me leve à mal, Cory, mas... Quanto mais eu te conheço, mais compreendo o motivo pelo qual você não tem uma namorada.

    Suas sobrancelhas se arquearam, com o aparente surgimento da descrença em sua expressão. Ironicamente, eu também não acreditava que tinha dito aquilo, porque, bem, era possível que, no momento, eu não tivesse um namorado também. Mesmo assim, não retirei minhas palavras, pelo simples fato de eu ainda ter razão. Afinal, por mais que eu estivesse sozinha e solitária, eu não havia me tornado tão chata quanto Cory. Na verdade, havia sim, mas eu disfarçava.

    – Tudo bem! – ele deu de ombros, afinal – É melhor mesmo eu ajudar você. Caso contrário, ficaremos aqui até a semana que vem, enquanto você tenta acertar uma única vez...
    – Eu não preciso de ajuda na forma de jogar, ok? – esclareci – Só preciso saber essas regras idiotas!
    – (Seu nome), eu sei o que estou fazendo, diferente de você, e posso seguramente dizer que a senhorita não acertaria a jogada que você pretendia fazer, mesmo conhecendo todas as regras possíveis...
    – Sério?
    Ele balançou a cabeça afirmativamente e, em seguida, consegui perceber nossa competição sobre quem era melhor caminhar para o fim. Não era como se Cory ainda quisesse que eu me rendesse e assumisse não saber o que fazer, mas, sim, como se me ajudar em algo fosse algo consideravelmente bom para ele. Sinceramente, era para mim também, porque, embora eu não gostasse de admitir, eu realmente odiava não conseguir fazer as coisas com precisão.
    – Ok! – sorri, por fim – Eu provavelmente preciso de ajuda mesmo.
    – Provavelmente? - ele riu, sem humor – Eu não sabia que você gostava de minimizar a realidade!
    – Você não precisa me humilhar também, não é?
    Ignorando minhas lamentações, Cory apenas largou seu taco em um canto qualquer e se aproximou ainda mais, me abraçando suavemente por trás. Involuntariamente, hesitei, antes de voltar a relaxar, respirando fundo. Mas fiz isso cedo demais, já que novamente fui pega de surpresa, quando ele puxou minha cintura para trás bruscamente e depois me levou a inclinar o tronco. Trinta perguntas diferentes sobre o seu comportamento inadequado passaram pela minha cabeça e eu comecei a ter a certeza de que eu não estava só imaginando essa ousadia toda.
    – Cory... – comecei, temerosa em perguntar – O que, exatamente, você está fazendo?
    – Hã... Te ensinando a jogar! – os traços de inocência em sua voz não pareciam se encaixar corretamente com a situação.
    – Sério?
    – Por que a pergunta, hein?
    – Eu não sei bem, mas de onde eu venho, chamamos isso de outra coisa, sabia? – insinuei, levemente desconfortável.
    – (Seu nome)... – Cory suspirou pesadamente, parecendo meio impaciente – Será que você consegue apenas relaxar? Eu não sou louco, ok? Eu não faria nada com você... Não em público, pelo menos.
    – O quê?
    – Vamos lá! Perna direita só um pouquinho mais para trás e flexione um pouco a da frente, agora.
    Cory continuou a me instruir com toda a paciência que ainda restava, ignorando as maldades que perambulavam em minha cabeça – e que, de alguma forma, ele alimentava. Assim, delicadamente, ele segurou meus braços, ajeitando-os à posição correta em que eu deveria segurar o taco e coordenou toda a minha jogada, sussurrando exatamente o que eu teria que fazer e estava quase dando certo como deveria. Quase.

    Eu simplesmente não conseguia me concentrar tendo uma respiração pausada e compassada indo de encontro à pele da minha nuca, sempre que eu tentava prestar atenção no que estava fazendo. Além disso, eu ainda tinha que me esforçar para não estremecer sob o efeito disso e deixar que Cory percebesse, o que seria extremamente fácil, já que o corpo dele estava grudado no meu. Apesar de apreciar sua gentileza ao se propor a me ajudar, eu não sabia se me sentia completamente preparada para esse tipo de aproximação física, vindo de qualquer um.
    – Cory, isso não está dando certo! – disparei.
    – Claro que não, (Seu nome). Você não para de falar um minuto e não consegue se concentrar!
    – Eu não consigo me concentrar mesmo, mas não é por isso...
    – O que foi? – havia preocupação em sua voz, o que soou estranho.
    – Bom, para começar, eu poderia focar melhor no jogo, se você parasse de se aproveitar da minha inocente pessoa! – virei suavemente, sem sair da posição de jogada, mas podendo assim olhar fixamente para ele.
    – Eu?
    – Não, Cory, não estou falando de você! – ironizei – Estou falando do garoto que está bem atrás de mim, me encoxando. Não, espera... É você mesmo!
    – Eu não estou fazendo isso... Propositalmente. – sua expressão tomou ares de ultraje – (Seu nome), é bom que saiba que eu não faço esse tipo de coisa. Aliás, embora você desconheça esse termo, eu sou um moço de família!
    – Não sei por que eu não acredito...

    Um sorriso meio provocante foi a única coisa que obtive em resposta e, se eu ainda sabia decifrar pessoas, aquilo com certeza queria dizer que nem ele mesmo acreditava no que havia dito. Eu não tinha reparado antes, mas tinha proximidade entre nossos rostos e também entre nossos sorrisos, cada um com significado diferente. Mas, principalmente, havia uma proximidade absurda da essência dos seus olhos com os meus e eu percebi que estava gostando demais daquele mar negro.
    Perdida em interpretar tudo o que poderia estar presente em um simples e belo par de olhos, eu acabei por me desligar das coisas relativamente consideráveis que aconteciam a nosso redor. Por esse motivo, me surpreendi quando Cory puxou, leve e ligeiramente, meu braço e o impulsionou para frente novamente, realizando a jogada. Durante todo esse processo, ele não tirou os olhos dos meus nem por um minuto, mas, ainda assim, quando me virei novamente para a mesa, havia uma bola a menos, que se encontrava em um dos seis buracos nas extremidades.
    – Hã... – me virei por completo para ele, nos afastando um pouco – Como você...
    – Parabéns! Acertou a bola com precisão. – falou, como se estivesse realmente maravilhado – Você é uma aluna realmente maravilhosa, (Seu nome)!
    – Vou preferir fingir que você está falando só do jogo, ok?
    – É sobre isso mesmo que eu estou falando, você não? – não havia qualquer tipo de maldade em sua voz, fazendo com que eu começasse a acreditar nisso também.
    – Cory, você é um dos insuportáveis mais incríveis que eu já conheci, sabia? – ri, sem graça.
    – É claro que eu sei disso... – ele riu também, enquanto passava os dedos por uma mecha do meu cabelo, que estava à frente do meu rosto – Mas, e quanto a você? Em que você é incrível, hein?
    – Eu não sei. Acho que em nada de especial... – admiti.
    – Bom, talvez você seja ligeiramente míope, porque eu consigo enxergar milhares de coisas maravilhosas em você! – a aparente sinceridade dele ao falar fez com que eu corasse – Mas, já que você não as vê, não há motivo para citá-las, não é?
    – Não! Diga, por favor! É importante, para mim, saber a sua opinião... – miei, tentando não me derreter diante dele.
    – Bom, primeiro e mais notável de tudo, você definitivamente é muito competente em ser linda. Isso me surpreende! Segundo, você é muito boa em fazer as pessoas gostarem de você, mesmo sendo tão chata assim... Terceiro, você canta maravilhosamente bem e acho que o mundo inteiro sabe disso. Resumindo, a lista é infinita, ok?
    – Ah, Cory, você sabe que está mentindo... Além disso, você nunca me viu cantando ao vivo, para julgar se eu canto bem ou não.
    – Ah, então, você não acredita que canta maravilhosamente bem, mas sabe que é linda e carismática... Nossa, (Seu nome), sua humildade é tangível!
    – Eu não disse isso, bobo!
    – Não? – suas sobrancelhas se arquearam e eu notei que tudo isso fazia parte do seu joguinho – Então, já que não foi isso que você quis dizer, talvez, um dia desses, você possa cantar para mim...

    A característica de Cory que mais parecia me matar aos poucos eram seus olhos tão inocentes ao olhar para mim. Era como se um jovem safado tivesse conseguido manter, após tantos anos, o mesmo olhar que tinha quando era uma criança e ganhara seu primeiro brinquedo. Mas eu não deveria considerar esse traço algo tão bom, porque no exato momento em que eu percebi isso, entendi que acabaria por fazer tudo o que ele pedira, apenas por estar estranhamente hipnotizada.
    – Vou pensar no meu caso... – murmurei, enquanto me apoiava na mesa de sinuca – Mas, só a título de curiosidade, qual a sua música preferida, hein?
    – “Wherever You Will Go” do The Calling. Conhece?
    – Quem não conhece essa música, hein?
    – Tudo bem. Foi uma pergunta idiota! – ele respirou fundo, como forma de apagar sua indagação despropositada – Mas, e quanto a você, qual a sua música preferida?
    – Hã... – havia realmente uma música que seria a minha preferida para sempre, mas eu não estava muito a mim de ter que pensar ela, no momento – Back at One do Brian McKnight.
    – Nossa, que surpresa! Você não disse uma música sua... Acho que estamos evoluindo, (Seu nome).
    – Eu não quero te deixar preocupado, mas é em momentos como esse que eu começo a me perguntar o motivo pelo qual aceitei sair com você. – disparei – Eu estou começando a ter certeza de que você passou por algum trauma terrível na infância, que veio te deixar assim tão bobão!
    – Eu discordaria, mas provavelmente você passou pela mesma coisa, porque só isso explica o fato de você ser tão rabugenta... – provocou, com uma expressão de desdém – De qualquer forma, é uma pena você pensar assim, porque eu sei exatamente o motivo pelo qual eu quis sair com você!
    – Sério? Por que, então?
    – Nada que valha a pena ser dito...
    – Cory, por que você faz isso, hein? – suspirei, começando a ficar impaciente.
    – Isso o quê? Ficou louca?
    – Isso de ficar bancando o misterioso. Você diz uma coisa, que dá a entender outra e, ao invés de explicar, terminando o seu relato, você simplesmente para, como se nem tivesse começado a falar, em primeiro lugar.
    Cory pareceu se divertir com a minha frustração e, enquanto eu permanecia a encará-lo sem qualquer paciência, com os braços cruzados, ele apenas se limitou a se afastar de mim. Como se eu não tivesse me queixado de nada, ele pegou os tacos, colocando os novamente no canto da mesa e ajeitando as bolas sobre ela, colocando-as na mesma formação que estavam antes de começarmos a jogar. Só depois de longos minutos, quando eu já havia desistido de ter uma resposta direta ou mesmo de um comportamento normal, ele voltou a olhar para mim. Os olhos mais inocentes do que antes.

    – Por que você não responde a essa pergunta, hein? – sugeriu, dando ênfase à palavra “você” – Por que quis sair comigo, afinal?
    Eu tinha duas respostas para essa pergunta. A primeira era falsa e consistia basicamente no fato de eu estar solitária, emburrada e trancada em uma droga de casa o dia inteiro, durante semanas, sem nunca ter contato com a luz do sol – ou mesmo com o frio penetrante dessa época do ano. Isso tudo me fazia correr para ver qualquer pessoa diferente das que eu estava acostumada, sendo esta um príncipe europeu, um mendigo desesperado ou Cory. E tinha a verdade, que foi a que eu escolhi...
    – Porque eu gosto de você. – admiti – Eu gosto do jeito que você olha para mim, como se eu fosse sua colega do jardim de infância. Gosto do jeito como você esconde a verdade com ironia e é sincero logo em seguida. E você me faz rir... Nos últimos tempos, sempre que eu estou teoricamente me divertindo, eu tenho que ficar lembrando para mim mesma que estou fazendo algo legal, que deveria estar feliz. Com você, eu não me sinto assim. Eu sorrio, porque você me provoca isso. Eu me divirto porque você é um idiota e... Eu me sinto ótima com isso. Além disso, eu gosto do jeito como você está descobrindo quem eu sou, mesmo que eu tenha que aguentar os seus comentários desnecessários, porque... Me faz entender um pouco o seu ponto de vista. Eu gostei de te conhecer, Cory, embora isso não tenha acontecido de um jeito usual.
     Logo que acabei de falar, sentindo certo constrangimento por ter sido sincera demais, Cory voltou a se aproximar de mim, tão perto quanto estivera da última vez. Ele pegou uma das minhas mãos com extrema delicadeza e beijou as costas dela, sempre mantendo seus olhos sobre mim. Eu sabia que grande parte da culpa de eu estar vulnerável vinha deles, mas eu não podia simplesmente mandar meu acompanhante parar de olhar para mim.

    – Foi muito bom ouvir isso, sabia? – comentou, por fim.
    – Imagino que sim. – concordei – Mas, agora, eu quero saber. Por que você quis sair comigo, afinal?
    – É uma longa história! – desconversou – Outro dia, quem sabe, eu te conto...
    – Nada disso, Cory! Deixa de ser bobo e comece a falar.
    – Bom, acho que foi um conjunto de fatores que me fez querer estar mais com você! – ele não parecia muito confortável em ter que dizer aquilo – Você esbarrou em mim em uma pista de patinação, meio de repente e eu senti a necessidade de chamar a sua atenção, porque não é sempre que uma garota linda derruba a gente no gelo, sabia? Mas eu não achei que fosse passar daquele dia, embora eu tivesse gostado muito de você. Então você realmente fez o que falou que faria e nós começamos a conversar virtualmente, coisa que eu nunca achei muito prudente. De uma forma geral, você me mostrou que é diferente do que eu achava que seria. Você está muito distante do usual, sabe? Sinceramente, eu nunca me dei bem com coisas normais e fáceis de resolver e você é completamente oposta a isso. Parece que tem orgulho de ser diferente, chata, boba, complicada e enrolada. Eu adoro isso e adorei também poder descobrir isso, conhecer você...
    Enquanto falava, Cory deslizou os dedos do meu cabelo até o meu rosto, passando pela minha bochecha e parando no queixo, onde levantou meu rosto para que pudesse olhar diretamente para mim. Sua respiração começou a fazer cócegas em minha pele e, por um minuto inteiro, desejei sentir aquilo mais perto. Fazia séculos que eu não ficava com ninguém de forma casual... Literamente, porque eu nunca fora do tipo de garota que ficava confortável com isso. Assim, empurrei essas ideias inadequadas para o fundo de mim, lembrando-me de que essa minha vulnerabilidade iria acabar me deixando mal, no final.
    – O que você acha de bebermos alguma coisa? – desconversei.
    – Você não perde a oportunidade, não é?

    Ri, nos afastando rapidamente e puxando-o até o balcão, que parecia um pouco mais vazio do que antes. Observei enquanto Cory analisava as variedades de bebidas disponíveis e fiquei satisfeita pelo fato de ele não ter tornado o clima tenso, apesar da minha clara interrupção do momento anterior. Mesmo que seu jeito me impulsionasse a pensar em coisas um pouco absurdas para mim, ele não estava me pressionando. E, ironicamente, isso me deixava com ainda mais vontade de fazer o que não devia.
    – Acho que vou ficar só com uma água. E você? – perguntou, me trazendo do volta à realidade.
    – Água? Você está falando sério? – minha perplexidade fez com que eu parecesse completamente habituada a frequentar esses lugares, o que não era verdade – O que é isso? Parte da sua dieta, por acaso?
    – Na verdade, sim.
    – Eu não sei como você consegue. Essa dieta maluca limita muito você...
    – Você não faz ideia... – murmurou, desviando o olhar. – Mas, vamos ao que interessa. O que você vai querer?
    – Hã... Eu estava pensando em um Martini!
    – Martini? Sério, (Seu nome)? Eu não tomaria isso, se fosse você. É como um veneno!
    – Pede um Martini para mim, por favor... – miei – Vai ser só um, sério!
 

    Achei bonito da parte de Cory se preocupar comigo, mas, ainda assim, eu sabia que não era mais aquela garotinha que não aguentava uma dose de álcool sequer. Eu já conseguia lidar com isso, então não seria uma grande coisa. E, particularmente, eu me sentiria mais confortável com a bebida em mãos, porque seria algo a ocupar a minha boca e consequentemente me manter longe dos problemas que eu mesma estava querendo causar...

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Capítulo 20, nenéns (:
   Eu sei, eu sei. Logo, logo vocês vão se queixar de que "o Justin não aparece mais" e tudo o mais que vocês tem direito, mas não, não faz tanto tempo assim que o Justin sumiu de cena, só que como os espaçamentos entre os posts estão demorados faz parecer que o tempo é maior do que realmente é. Então, não se estressem, porque, como eu tava tendo muita reclamação, muito "Ah, que enrolado!", eu vou encurtar essa temporada, que >DEVE< (eu não sei bem, pq depende de como eu vou dividir as ideias nos capítulos) acabar em torno de 30 capítulos.
   Então, é só isso mesmo que eu queria falar.
    Espero que gostem do capítulo. Tenham uma boa noite! 

2 comentários:

  1. PER-FECT *-------*
    Nossa não rolou nem um beijinho entre eles??#Chateada kkkk' Bem que eles poderiam ficar né?! hehe ^^
    E quando o Sr.Amnésia vai lembrar de "mim"? Ainda aguardo ansiosamente por isso u_u ;3
    Enfim, continua logo Juh tá perfeito demais! >.< Beijos gatinha ;)

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  2. Simplesmente... Reapaixonei por you make me love you. Parabens dona Juli, mais um capitulo mais que impecável<3

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